Almir Frederico e a Vila de São Pedro

Almir Frederico

Por Zé Carlos

Esta semana passada recebi um e-mail de um cunhado. Sempre que falo perto do amigo Luis Clério sobre um dos meus cunhados ele me pergunta: “Tu queres bem a cunhado?”, ele ri, e ri mais ainda quando não vendo o duplo sentido da pergunta, repondo que sempre quis. Não sei se o Luis conheceu um deles como tenho certeza que ele conheceu os outros dois. Estes últimos, tenho certeza, pelo hábito que eles tem em frequentar seu cafezinho, que o Cláudio André diz em seu blog que já pode até ser tombado pelo patrimônio histórico. O Cláudio diz isto porque ainda não está por dentro da história política de nossa cidade, não tendo conhecido o cafezinho do Coronel, do qual o do Luis Clério é o legítimo sucessor.

O cunhado que talvez o Luis Clério não conheça é o Almir Torres, filho de seu Pedro Índio, amigo inseparável de Paulo Índio, e que ainda me deu sobrinhos índios. Eu não sei nem ao certo se o Almir nasceu em Bom Conselho, mas para mim é como se tivesse nascido, pois foi sempre uma pessoa com todos os dotes dos que lá nascem.

Voltando ao e-mail deste cunhado, que ainda quero bem, ele me enviou um recorte de jornal de Águas Belas, Jornal Cidade, de 02.05.2011, dando conta de um ato cívico, cometido pelo Almir Frederico, pedindo aos leitores de sua lista que criticassem, elogiassem ou dissessem qualquer coisa a respeito.

Para melhorar compreensão do caso, cito o jornalista escreveu:

“Atualmente é cada vez mais raro encontrarmos alguém que ajude outras pessoas. Não é o que acontece na Vila de São Pedro – uma comunidade que era conhecida por “favela” ou “favelinha” – junto à Chácara Vovô Frederico – KIMIN.

O proprietário da referida chácara, Sr. Almir Frederico, resolveu de comum acordo com os moradores da comunidade, mudar o nome da comunidade para “Vila de São Pedro”.

Sabendo que lá não tinha água, o Sr. Almir Frederico, instalou por conta própria, um chafariz com 3 pontos para abastecimento do precioso líquido, incluindo também a liberação de alimentação para os animais que fazem transporte em carroça de burro.

Agora a vida na vizinhança ficou muito mais fácil porque a Vila de São Pedro já dispõe de luz elétrica, água encanada.

Se o esforço de uma só pessoa pode trazer tanto benefício para a comunidade, imagine o que não se pode fazer, se todos nós juntássemos as mãos em benefício de todos os favorecidos”.

Primeiro eu vou supor aqui que o Sr. Almir Frederico é o meu cunhado Almir. Se não fosse a foto que vem na reportagem, e que encabeça esta matéria, eu ainda teria dúvidas. Mas, mesmo com aquela careca gigante com que ele está agora, não foi difícil de reconhecer. Sendo assim vou dizer qualquer coisa.

É muito difícil criticar aqueles que querem ajudar os outros. É um princípio cristão e faz parte de nossa cultura religiosa a ajuda aos outros. O grande problema está nas intenções, pois, quando as olhamos já concluímos que no inferno não cabe mais nenhuma, mesmo as boas. Não falo com o Almir por muito tempo e quando fazia isto, falávamos menos de coisas caridosas do que da hora que iríamos sair de alguns ambientes hostis às boas intenções, ou mesmo na frente de qual casa deverímos soltar as bombas enormes, compradas lá em Mané Léo no São João.

Eu vivi um tempo morando perto do Almir, e foi ele quem comprou o primeiro carro para mim. Antes que alguém o acuse de querer bem a cunhado demais, eu explico. Eu comprei um carro mesmo antes de saber guiá-lo e foi o Almir que foi buscá-lo para mim, na concessionária. Quer dizer, desde aquela época ele já ajudava os outros. E pelo que vejo continua ajudando. Mas não sei agora quais são suas atenções. Pode até ser que ele agora tenha intenções políticas lá por Águas Belas, dentro de sua comunidade, o que seria muito bom, se ele batalhasse, ou já tivesse batalhado para que o seu gesto ao abrir o chafariz às nações amigas, fosse repetida e repetida por todos, e que os usuários do chafariz, votassem nele, não para lhe agradecer pelo seu uso, mas pelo potencial visto nele para ajudar mais e mais pessoas.

Pode ser também, que  num gesto, por mim nunca pensado, que ele tenha se tornado pastor, pajé ou um líder espiritual que agora pense mais no céu para os seus fiéis do que na sua vida aqui na terra, embora ache que enquanto eles estiverem por aqui tem o direito de molhar a goela com um líquido precioso. Isto seria ótimo se o líquido fosse água, pois se fosse aquela lourinha gelada que tanto apreciávamos (e que eu renunciei para salvar minha alma), mesmo com os efeitos bons que poderia haver, eu poderia criticar suas intenções.

Outro gesto é, ao abrir o chafariz, ele querer lançar em sua chácara a pedra fundamental da Turma do Funil, da qual ele era um ilustre participante, junto com Ivan Crespo e Givaldo Fernandes, dos que agora me lembro. Ou ainda melhor, querer reviver lá, o belo Bloco da Saudade, do que ele participava e era ativo diretor.

Dentro de todas estas possibilidades de críticas, elogios ou comentários neutros, eu só posso dizer que pela inteligência do Almir Frederico, que a passou, misturada com a da minha irmã Lourdinha, gerando meus sobrinhos muito mais inteligentes do que nós, o seu gesto só merece elogios e parabéns. E que viva a Chácara São Pedro e que o exemplo se multiplique.