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sábado, 7 de maio de 2011

PRENDERAM CHOCHINHO




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

No outro dia, como de costume, estava fazendo a minha caminhada. Dizem os especialistas que é bom caminhar para movimentar os músculos e o sangue, principalmente, para aqueles que já ultrapassaram a casa dos 60 anos.  É fonte de saúde, mas é preciso precaução, para não ultrapassar o limite E, por outro lado ver a beleza das ondas do mar, indo e vindo esparramando a espuma branca na areia fina. Ver as crianças correndo, fazer castelo na areia, outros batendo bola e o mais importante a transmissão da alegria que contagia a todos, pela pureza e a inocência que cada uma exprime. As mulheres deitadas sob sol com bronzeador brilhante pelo corpo. Os camelos de óculos e bronzeador oferecendo os seus produtos. O caldinho de camarão e de feijão oferecido pelos vendedores na praia. Vez por outra avistamos um pequeno barco lá longe, ao balanço das águas. E fico a pensar, na coragem daquele marinheiro solitário no oceano sem nenhuma proteção aparente para em caso de naufrago do barco se salvar.

 Paro e sento-me no banco de cimento, peço uma água de coco verde gelado no que sou atendido de imediato pelo vendedor de coco, o Felix. Lá está os fanfarrões na melhor algazarra, cada um falando mais alto. Uns se mostrando para os outros, levantando a perna e os braços e inquirindo outros fazerem o mesmo e, quando não faz, vira algo de chacota e risos.

“tais velho demais, somente Amaro bocão te espera”,

O outro responde

“Que nada tu vai primeiro do que eu, pois estais de olho roxo e pálido, tens poucos dias de vida”,
Riam a vontade. Isto é que viver, como diz uma melodia do Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar”.

Olhando para o Pedrinho, que trocou de roupa, agora está vestido de um bermudão preto com listras brancas, o seu inseparável boné moda italiano sentado com a sua bengala e de chinelos franciscanos.

Eu fiquei curioso como o Chochinho desapareceu e ninguém o viu, disse Rafael virando-se para o Pedrinho que se encontrava em pé escorado na sua bengala.

Pedrinho falou, prestem atenção todos.

Todos olharam, tirou o boné e o vento desalinhou os seus poucos cabelos que lhe restam. E disse como a estória era muito grande deixei para contar o restante hoje e agora:

 Houve reação dos indômitos idosos.

Lá vem este velho com as estórias: “isto é para velho e eu não sou, sou apenas um garoto de 78 anos”, disse Zé, rindo.

Pois é, meus velhos amigos.

“Como disse naquela noite da tragédia que Chochinho, matou o valentão do Luisão, ele escafedeu-se por mato adentro indo parar numa pequena caverna que ele mesmo conhecia e sabia de cor o caminho estreito e espesso, pois era ali que ele descansava nas suas caçadas. A policia comandada pelo sargento Toquinho rastejou toda a região mais nada de encontrar o assassino do filho de Luiz Oião. Cansados e descansando sob um pé de jaca, merendando o almoço que traziam no alforje e tomando água em um cantil de alumino, dizia uns para outros, “onde este desgraçado foi se esconder?”Desapareceu, sumiu como uma alma penada sem deixar rastro. É tão pequeno que qualquer touceira, serve de esconderijo talvez ele esteja nos vendo, pois não foi muito longe, pois seria reconhecido pelo tamanho e assim comentavam os policiais sentados sob a sombra da jaqueira. Às cinco horas da tarde voltavam sem nenhum proveito da caçada.

Passaram-se mais ou menos, seis meses do acontecido, quando o delegado/sargento recebeu a noticia de um seu colega do povoado Lava Jato que um pequeno homem estava trabalhando em uma granja ali perto da sua cidade, que tinha a aparência do fugitivo, mas quando foi abordado mostrou os seus documentos como Luiz Santana e não como Jose Carlos da Silva. Seria bom que ele mesmo viesse para olhar o individuo e se fosse ele, o prende-se.

O delegado e dois policiais empreenderam uma visita imediatamente. Chegando foram à granja e lá chegando foi logo dando ordem de prisão a Chochinho, que foi reconhecido logo pelas autoridades. Amarraram as mãos e o colocaram no jipe e seguiram em direção a Coxim. Uma multidão estava na praça para ver a chegada do preso. Ele olhou para todos que ali estavam inclusive sua mãe com um xale na cabeça e um lenço na mão enxugando as lagrimas que escorria pela face. Seguiram direto para a Delegacia, onde o encaminharam para a cadeia pública.

Foi a júri. Condenado a dez anos de prisão. Durante a sua estada na cadeia, trabalhou como faxineiro obtendo assim a confiança do delegado. Certo tempo depois pelo bom comportamento ele fazia mandado do delegado e dos presos seus companheiros.

Depois que cumpriu a pena, foi embora para São Paulo, pois recebeu ameaça de morte de Luiz Oião. Desapareceu até hoje.

Fim.

Gostaram

Terminou sua infindável estória Pedrinho, riam a valer batendo-lhe delicadamente nas costa. Amanhã não quero ouvir nada de Chochinho, e nem de Chochão, amanhã quero outras conversas mais amenas, não é verdade companheiros.

Segui o meu destino á casa deixando-os rindo a beça.

Isso que é vida, aproveitar o tempo na velhice que lhe restam alegres e felizes.

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