“Sínodo da
Amazônia
Por Denis Lerrer
Rosenfield
Pensar a
Amazônia, em termos internacionais, como se fosse uma mera discussão neutra,
desprovida de caráter político, ou melhor, geopolítico, é uma grande
ingenuidade. Alguns escondem seus reais propósitos numa retórica aparentemente
moral e universal, tendo como fundamento questões ambientais, indígenas ou
quilombolas; outros são mais diretos, procurando retirar do Brasil a soberania
de uma fatia de seu território. Uns e outros partem de uma mesma ideia de
“universalidade”, devendo nosso país se curvar a uma “humanidade” dirigida e
controlada por eles.
O documento
preparatório da Igreja Católica para o Sínodo da Amazônia procura capturar os
incautos por intermédio de uma argumentação supostamente moral e humanitária,
quando, na verdade, tem uma orientação política claramente estabelecida. Tal
orientação está baseada na Teologia da Libertação, com referências explícitas a
seus encontros fundadores em Puebla e Medellín. A argumentação bíblica é
utilizada para estabelecer uma linha de continuidade entre a Torá, com nome
hebraico no texto, e essa teologia que tem um eixo ideológico, baseado no
marxismo. Só faltou dizer que a Teologia da Libertação é a herdeira direta do
Antigo Testamento, o que equivaleria a dizer que o marxismo seria sua melhor
expressão.
Convém não
esquecer que tal orientação da CNBB está sendo fortalecida no atual papado,
quando tinha sido liminarmente descartada pelo anterior pontífice, Bento XVI,
já desde a época em que era conhecido como cardeal Ratzinger. Este em 1984
escreveu um livro crítico e mordaz contra a Teologia da Libertação,
considerando-a uma perversão do pensamento católico. Em seu livro sobre a vida
de Jesus, retomou a mesma posição, tendo-a como uma forma do “anticristo”.
Cristianismo e marxismo seriam incompatíveis.
Acontece que
setores da Igreja Católica brasileira, congregados na CNBB, procuram vender a
imagem da neutralidade política, como se estivessem apenas preocupados com
questões, digamos, religiosas ou universais nesta acepção restrita, quando, na
verdade, estão profundamente engajados na política. Assumem claramente posições
de esquerda! Talvez por ter a esquerda perdido espaço nesta última eleição
estejam tentando ocultar as ideias que os norteiam!
Curioso que esse
ocultamento se faça, muitas vezes, sob o manto de uma diferenciação em relação
aos evangélicos, como se estes fizessem política e os católicos, não. Trata-se
de mero disfarce, apresentado sob a forma da oposição, a “esquerda católica”
não fazendo política, o que seria o caso da “direita evangélica”. Trata-se de
uma forma retórica de velar seus reais propósitos.
A Igreja
Católica, por intermédio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), criou o MST, na
década de 1980, e o acompanha deste então. Suas posições são expressamente
anticapitalistas e revolucionárias, apregoa a violência nas invasões de terras,
rurais e urbanas, em flagrante desrespeito à lei. Quando não a favorece, a lei
é só uma ferramenta de “latifundiários” e “conservadores”. Despreza a
democracia e o Estado de Direito.
A Igreja
Católica também colaborou decisivamente na fundação do PT, constituindo um dos
seus eixos. Aí a Teologia da Libertação encontrou terreno particularmente
fértil para o seu florescimento. Foi companheira incansável dos governos
petistas, o que significa dizer que foi complacente com o descalabro econômico
e social por eles produzidos, sem dizer da captura do Estado pela corrupção
desenfreada.
Outra comissão
dela, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), almeja tornar os indígenas um
instrumento seu e das ONGs a ele associadas, apresentando a visão de que suas
áreas demarcadas seriam, praticamente, recortadas do território nacional. Ou
seja, o Brasil não seria uma nação de indivíduos das mais diferentes crenças e
etnias, mas sofreria uma subdivisão interna, formada por nações indígenas, que
teriam completa autonomia sobre os seus territórios. A leitura de seus
documentos mostra um linguajar marxista, voltado para a transformação revolucionária
do País.
Apenas um dado:
o Brasil, segundo o IBGE, tem em torno de 1 milhão de indígenas, dos quais
aproximadamente 500 mil em zonas rurais. Ocupam em área demarcada 12,5% do
território nacional. Se fôssemos seguir o Cimi e ONGs afilhadas, o País deveria
ceder 24% de seu território para meio milhão de pessoas, para “nações”. O passo
seguinte seria a sua representação na ONU!
O documento do
sínodo está repleto de menções às ameaças de desmatamento, como se o País fosse
o grande destruidor do planeta. Ora, segundo dados da Embrapa Satélite,
pesquisados por um dos seus mais influentes estudiosos, Evaristo de Miranda, o
Brasil é um dos países mais preservacionistas, ostentando o invulgar índice de
conservação de mais de 60% de vegetação nativa, com contribuição decisiva dos
empreendedores rurais. Dados esses, aliás, confirmados pela Nasa.
Nesse texto,
discorre-se sobre a “Pan-Amazônia” que recortaria todos os países da Floresta
Amazônica, que deveriam ser objeto de tratamento específico, segundo as ideias
da “igreja universal”: a Igreja Católica sob a orientação da Teologia da
Libertação, com seu séquito de ongueiros mundiais. A Igreja estaria, assim, se
imiscuindo nos assuntos internos desses países, como se eles devessem curvar-se
a tais ditames tidos, então, por “universais”.
O general
Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Nacional, está coberto de razão ao
externar a sua preocupação com os rumos desse sínodo político e esquerdizante.
Pensam os militares nos destinos do País e na integridade do seu território. O
que está em questão é a soberania nacional. Se não for defendida, tornar-se-á
refém dessa esquerda religiosa, ambientalista e indigenista, supostamente
“humanitária”. E o sentido mesmo da Nação brasileira estará perdido.””
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AGD
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