Por Zezinho de Caetés
Poderia começar como começa o ex-presidente FHC, no escrito abaixo transcrito, e publicado no
último domingo em vários veículos da mídia nacional e estrangeira, dizendo,
igual a ele:
“Quando eventualmente
este artigo vier a ser lido, a Câmara dos Deputados estará escolhendo seu novo
presidente. Ganhe ou perca o governo, as fraturas na base aliada estarão
expostas.”
Entretanto, hoje já é segunda-feira e já se pode ver que as
fraturas da base aliada já estão expostas e piores do que a de Anderson Silva,
naquela luta onde quase deixou de lutar MMA.
Nunca, na história
deste país, se viu uma derrota mais acachapante como aquela que sofreu o
governo da gerenta presidenta, Dilma, no Congresso, ontem. Hoje não deveria se
falar mais em base aliada, e sim de “base
baleada”, que morreu com uma bala perdida disparada pelo voto secreto. Mas,
fora isto, leiam o FHC, logo abaixo, que ele está certo. Só não digo, como sempre,
porque, seu esquerdismo e intervencionismo, hoje, se afasta muito do que penso.
No entanto, em termos de cultura e conhecimento histórico, compará-lo com Dilma
e Lula é a mesma coisa que comparar Jesus Cristo com Zé Buchudo, este, presente
em nossa infância lá em Caetés.
E agora o PT está nas mãos do Eduardo Cunha e do Renan
Calheiros. Ou seja, morreu. A partir desta semana, o governo será do PMDB,
mesmo se a justiça não fizer o justo que é impichar
a Dilma, pelo que ela fez e diz que não sabia. Eu só acredito quando ela diz
que não sabia, se isto significasse que ela não sabia o que estava fazendo,
porque nem o Lula soube. Eles foram apenas tocando o Brasil, como gado em época
de bom tempo, que encontra comida onde para e que se satisfaz com isto. Quando
o tempo ficou ruim, porque não choveu ou porque eles comeram mais bois do que
poderiam, então a vaca foi para o brejo, tossindo feito uma louca.
Será que não seria o caso da Dilma poupar o tempo da justiça
para julgar os “petroleiros” e
renunciar de pronto? Mas, isto seria um gesto de sensatez, inusitado para a
gerenta Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido. No entanto, a esperança é a
última que morre, a não ser no Rio de Janeiro, que já morreu de bala perdida,
faz tempo ou em Brasília, por homicídio culposo de vários políticos. Eu quero
ver mesmo é quanto tempo nosso povo vai ficar sem pintar a cara e sair às ruas,
como já fez um vez. Já se viu que os políticos só mudam de opinião com as
manifestações populares. Lembram de 2013? Até o Renan fez alguma coisa no
Senado e Dilma quase que morre de medo.
Quem sabe já é a hora? Ou deveríamos acreditar, agora quase
ao inverso naqueles versos que cantei para sair da ditadura militar, “... quem sabe faz a hora, não espera
acontecer!”. E já é hora de mudanças mais profundas no nosso sistema
político, depois de tanto “estadismo”
intervindo nos nossos assuntos mais íntimos, como se fôssemos a “a juventude de Hitler”. Os jovens já
estão sabendo que é neles que está a solução para a maioria dos nossos
problemas, e não no Estado patrão que nos faz apenas mendigos das bolsas
enganosas do PT.
Fiquem agora com o FHC, e meditem durante esta semana, sobre
o que nos espera em futuro próximo, sempre lembrando que o responsável por
você, é você mesmo.
“Quando eventualmente este artigo vier a ser lido, a Câmara dos
Deputados estará escolhendo seu novo presidente. Ganhe ou perca o governo, as
fraturas na base aliada estarão expostas. Da mesma maneira, o esguicho da
Operação Lava-Jato respingará não só nos empresários e ex-dirigentes da
Petrobras nomeados pelos governos do PT, mas nos eventuais beneficiários da
corrupção que controlam o poder. A falta de água e seus desdobramentos
energéticos continuarão a ocupar as manchetes.
Não se precisa saber muito de economia para entender que a dívida
interna (três trilhões de reais!), os desequilíbrios dos balanços da Petrobras
e das empresas elétricas, a diminuição da arrecadação federal, o início de
desemprego, especialmente nas manufaturas, o aumento das taxas de juros, as
tarifas subindo, as metas de inflação sendo ultrapassadas dão base para
prognósticos negativos do crescimento da economia.
Tudo isso é preocupante, mas, não é o que mais me preocupa. Temo,
especialmente, duas coisas: o havermos perdido o rumo da História e o fato da liderança
nacional não perceber que a crise que se avizinha não é corriqueira — a
desconfiança não é só da economia, é do sistema político como um todo. Quando
esses processos ocorrem não vão para as manchetes de jornal. Ao entrar na
madeira, o cupim é invisível; quando percebido, a madeira já apodreceu.
Por que temo havermos perdido o rumo? Porque a elite governante não se
apercebeu das consequências das mudanças na ordem global. Continua a viver no
período anterior, no qual a política de substituição das importações era vital
para a industrialização. Exageraram, por exemplo, ao forçar o “conteúdo
nacional” na indústria petrolífera, excederam-se na fabricação de “campeões
nacionais” à custa do Tesouro. Os resultados estão à vista: quebram-se empresas
beneficiárias do BNDES, planejam-se em locais inadequados refinarias “premium”
que acabam jogadas na vala dos projetos inconclusos. Pior, quando executados,
têm o custo e a corrupção multiplicados. Projetos decididos graças à “vontade
política” do mandão no passado recente.
Pela mesma cegueira, para forçar a Petrobras a se apropriar do pré-sal,
mudaram a lei do petróleo que dava condições à estatal de concorrer no mercado,
endividaram-na e a distanciaram da competição. Medida que isentava a empresa da
concorrência nas compras, transformou-se em mera proteção para decisões
arbitrárias que facilitaram desvios de dinheiro público.
Mais sério ainda no longo prazo: o governo não se deu conta de que os
Estados Unidos estavam mudando sua política energética, apostando no gás de
xisto com novas tecnologias, buscando autonomia e barateando o custo do
petróleo.
O governo petista apostou no petróleo de alta profundidade, que é caro,
descontinuou o etanol pela política suicida de controle dos preços da gasolina,
que o tornou pouco competitivo e, ainda por cima (desta vez graças à ação
direta de outra mandona), reduziu a tarifa de energia elétrica em momento de
expansão do consumo, além de ter tomado medidas fiscais que jogaram no vermelho
as hidrelétricas.
Agora todos lamentam a crise energética, a falta de competitividade da
indústria manufatureira e a alta dos juros, consequência inevitável do desmando
das contas públicas e do descaso com as metas de inflação.
Os donos do poder esqueceram-se de que havia alternativas, que sem
renovação tecnológica os setores produtivos isolados não sobrevivem na
globalização e que, se há desmandos e corrupção praticados por empresas, eles
não decorrem de erros do funcionalismo da Petrobras, nem exclusivamente da
ganância de empresários, mas de políticas que são de sua responsabilidade, até
porque foi o governo quem nomeou os diretores ora acusados de corrupção, assim
como foram os partidos ligados a ele os beneficiados.
Preocupo-me com as dificuldades que o povo enfrentará e com a perda de
oportunidades históricas. Se mantido o rumo atual, o Brasil perderá um momento
histórico e as gerações futuras pagarão o preço dos erros dos que hoje comandam
o país. Depois de 12 anos de contínua tentativa de desmoralização de quase tudo
que meu governo fez, bem que eu poderia dizer: estão vendo, o PT beijou a cruz,
tenta praticar tudo que negou no passado — ajuste fiscal, metas de inflação,
abertura de setores públicos aos privados e até ao “capital estrangeiro”, como
no caso dos planos de saúde.
Quanto ao “apagão” que nos ronda, dirão que faltou planejamento e
investimento como disseram em meu tempo? Em vez disso, procuro soluções.
Nada se consertará sem uma profunda revisão do sistema político e, mais
especificamente, do sistema partidário e eleitoral. Com uma base fragmentada e
alimentando os que o sustentam com partes do Orçamento, o governo atual não tem
condições para liderar tal mudança. E ninguém em sã consciência acredita no
sistema prevalecente. Daí minha insistência: ou há uma regeneração “por
dentro”, governo e partidos reagem e alteram o que se sabe que deve ser
alterado nas leis eleitorais e partidárias, ou a mudança virá “de fora”. No
passado, seriam golpes militares. Não é o caso, não é desejável nem se veem
sinais.
Resta, portanto, a Justiça. Que ela leve adiante a purga; que não se
ponham obstáculos insuperáveis ao juiz, aos procuradores, delegados ou à mídia.
Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas, desde que
efetivamente culpados. Que o STF não deslustre sua tradição recente. E,
principalmente, que os políticos, dos governistas aos oposicionistas, não lavem
as mãos. Não deixemos a Justiça só. Somos todos, responsáveis perante o Brasil,
ainda que desigualmente. Que cada setor político cumpra sua parte e, em conjunto,
mudemos as regras do jogo partidário eleitoral. Sob pena de sermos engolfados
por uma crise, que se mostrará maior do que nós.”
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