Por Zé Carlos
Será que ainda poderemos rir neste país que parece estar
desmilinguindo-se? Esqueçamos a Dilma, por enquanto, pois esta é uma fonte
inesgotável de riso, e aqueles que são contrários à alegria geral e irrestrita
querem que ela caia fora, antes do prazo, deixando meus 8 leitores órfãos da
hilariância tão natural de seu governo.
No início da semana ainda sentíamos o eco da eleição no
Congresso que deixou Renan no mesmo lugar e levou o Cunha para a fila da
sucessão ao trono. Dizem que a situação de Renan é a mesma do Maluf, mutatis
mutandis, isto é, aparando as devidas arestas. No dia em que ambos saírem de
seus cargos, vão direto para a Papuda. Não sejam exigentes quanto ao local,
porque “Papuda”, hoje, virou sinônimo
de um lugar qualquer para os ricos purgarem os pecados. E haja Papuda! Já o
Cunha, que pelo seu tamanho deveria ser chamado de “Cunhão”, já entrou para colocar uma cunha nas intenções da Dilma
permanecer nos brindando com seu humor por mais quatro anos. Além disto, já
instalou uma CPI para analisar, de novo, o caso da Petrobrás. Aliás, este foi o
assunto que varou quase toda semana, do ponto de vista humorístico. Vamos a
ele, então.
Primeiro foi a saída da Graça, cujo nome produziu tantos
trocadilhos, que só sua menção já provoca riso, do menos ao mais sisudo dos
leitores. Até mesmo ao maior deles que é o filósofo de Bom Conselho, que se
suspeita, só ria quando contavam a ele as estórias de Querubino. Como os fatos
parecem levar a estes causos, espero que até ele ria.
Desde dizer que hoje o país está sem Graça, até que caiu em
desGraça, tudo era válida, ao ponto da Dilma chamar-lhe de Graciosa, já
prevendo o desgaste. A saída da mulher, quase de graça, foi uma verdadeira
gestação de elefante, devido à grande amizade que existia entre as duas. Dizem
que elas se divertiam, ao telefone, contando piadas uma para a outra, e a Dilma
quando não faz alguém rir fica um verdadeiro porre. Dilma dizia: “Graciosa, sabes a última do Lula?! Ele me
disse que não conhece nenhuma Rosemary.” Diante da gargalhada da amiga, ela
continuava impávida em seu mister de nos fazer rir: “Graciosa, sabes da última do Aécio?! Ele deixou crescer a barba para o
Lula não lhe chamar outra vez de playboyzinho”. E assim passavam horas e
horas, rindo, enquanto o Brasil e a Petrobrás estavam se ultimando.
Até que, esta semana, não aguentando ficar mais rindo pelo
celular, chamou a Graciosa a Brasília, para que se deliciassem ao vivo com as
piadas mútuas. Depois dos salamaleques de praxe, a Graça falou: “Dil, eu não estou mais a fim de ouvir suas
piadas. Eu as conto à diretoria e ninguém rir mais. Agora temos que falar de
assuntos sérios.” Dilma, não disse mais nada, a não ser: “Pois, Graciosa, você está demitida!”
Quem não ri do que eu digo ou faço, não trabalha no meu governo. E a Graça, com
mais alguns diretores não risonhos, deixaram a Petrobrás. Não foi por acaso que
a presidente indicou o Joaquim Levy para procurar um novo presidente para nossa
maior empresa. Afinal, como diz o amigo Zezinho de Caetés, ele é Levy, o
Risonho.
Então, gente, querem agradar a presidente? Vamos continuar
rindo. E o motivo para isto não nos falta. A Petrobrás ainda está viva e sua
situação é para rir muito se não quisermos morrer de raiva. Quem não gosta
mesmo de humor é o tal de “mercado”
que só reage mal ao riso. Depois que a Graça foi demitida, porque não estava
mais rindo com a Dilma, as ações da empresa subiram muito. Os acionistas, por
esta tendência, estão doidos que a Dilma também pare de rir, e que o “mercado” continue sisudo e eleve outra
vez as cotações. O boato é que se ela renunciar, até o pré-sal vai dar lucro.
Mas, esperem, caros leitores, e esta coluna, como ficaria sem o senso de humor
da presidente?
Pensando bem, pela nossa Constituição, se não me engano, se
a Dilma renunciar, o Temer assume, se o Temer renunciar o Cunhão assume, se o
Cunhão renunciar o Renan assume, se o Renan renunciar o Lewandowsky assume, e
se ele renunciar também, vem quem? Vem quem? O Lula porque serão convocadas
novas eleições e agora, penso eu, barbudo por barbudo, o povo ainda vai
preferir o Lula ao Aécio. E pasmem, hoje eu já sei que o Sapo Barbudo, segundo
o Brizola, fez tanto humor quanto Dilma durante seus governos.
Querem exemplo, leitores desconfiados? Lula já disse que o
mensalão era apenas um Caixa 2 das campanhas eleitorais. Depois disto, disse que
ele nunca existiu. Depois disto disse que a prisão do Delúbio foi só uma
invenção “deles” em quem o Joaquim
Barbosa acreditou. Estão vivos ainda? Pois vão morrer.
Nesta semana o PT comemorou 35 anos de fundação, com pompa e
circunstâncias. Até velinha teve, e também bolos com estrelinhas vermelhas, e o
Lula voltou a contar as piadas de sempre, agora em relação ao Petrolão.
Sustentem-se na poltrona, pois ele disse: “A
verdade é que apesar de todo o alarido, não há nenhuma prova contra o nosso
partido nesse processo. Nenhuma doação ilegal, nenhum desvio para o partido.
Nada. O que eles querem é criminalizar o dinheiro legal que o PT usou nas suas
campanhas.” Quer dizer que aquela história do Caixa 2 nas eleições
anteriores era para boi dormir? E pediu ainda à militância do partido para ir
às ruas defendê-lo. Não sei porque eu me lembrei do Collor quando disse: “Não me deixem só!” Será que foi uma
senha para irmos às ruas, pedir o impeachment da Dilma, e ele voltar mais
rápido para casa?
Talvez, até aqui ainda tenha algum leitor que não rolou pelo
chão de tanto rir com o Lula. Se tiver, agora cairá. O Lula, neste seu recesso
presidencial, enquanto a Dilma assumiu, deve ter entrado na escola ou pelo
menos feito o Artigo 99, porque, no aniversário do PT ele já conseguiu ler um
discurso. Estão duvidando? Vejam o que ele falou? “Não tenho por hábito ler discurso num encontro do PT”. Mas eu ontem
fiquei indignado. Então, tomei muito cuidado para não repassar aqui, nessa
festa de 35 anos, a indignação. Seria muito mais simples a Polícia Federal ter
convidado nosso tesoureiro para se apresentar do que ir buscá-lo em casa.”
Eu não sei se o estudo do conterrâneo do Zezinho de Caetés,
foi suficiente também para ele escrever o próprio discurso. Talvez, sim, pois
ele não teve tempo de ler os jornais. Afinal de contas, a Polícia Federal
estava com um mandado da Justiça para trazê-lo na marra, e ele não abriu a
porta para ela. Veio na marra então! E qual é motivo de riso? É que o Lula
disse também que se deve acreditar na inocência do companheiro e defendê-lo. Ou
seja, do Delúbio para cá ele não mudou nada.
E a nossa Petrobrás, como anda das pernas, com tanta
honestidade petista? Como dizem lá em Bom Conselho, “depois da tempestade, pode vir outra!” E neste caso, parece que
veio. Com a saída de Graça, sabe quem está chegando? O Aldemir Bendine.
Conhecem? Nem eu! No entanto, a imprensa, que é culpada de tudo, conhece muito
bem. Ele era o presidente do Banco do Brasil, e no cargo o melhor que fez foi
emprestar dinheiro a juros subsidiados a uma “socialite” rica, que além de não ter pago empréstimo anterior, não
tinha fonte de renda; a empresa para o qual foi o empréstimo só apresentou como
receita a pensão dos filhos dela, além do empréstimo ser para compra de
caminhões, coisa que ela não tinha visto nunca em sua vida, a não ser, aquele
caminhão pau-de-arara que o Lula usou ao ir para São Paulo.
E lá vem o maldito “mercado”
para criticar e levar para as cucuias o lucruzinho dos acionistas o obtidos com
a saída da Graça. Foi uma verdadeira desgraça (desculpem, é irresistível). Já
estão dizendo que trocaram “seis por meia
dúzia”, ou como diria o Lula, trocaram Pitu por 51, é tudo a mesma coisa.
São tantas as emoções semanais que até ia esquecendo o filme
do UOL. Será que haverá alguém vivo para vê-lo. Vale a pena. E aqui eu digo o
porquê. Toca em assuntos abordados acima com mais sonoplastia e truques visuais,
principalmente em relação à saída da Graça e a eleição do “Cunhão”. Vejam-no aqueles
que resistiram sobranceiramente ao assédio hilariante até aqui e me desculpem
pelo castigo, embora não intencional.
Para terminar a semana, uma notícia triste para a coluna. A
última pesquisa do Datafolha diz que a popularidade da Dilma foi para o fundo
do poço. Sei que aqueles que foram entrevistados jamais leram esta humilde
coluna semanal. Tivessem eles sido e sua popularidade teria subido ao píncaro,
pois quem dos nossos leitores se arriscaria a ficar sem sua fonte semanal de
riso? Eita povo sem senso de humor e cruel! Eu já estou pensando em contratar a
Dilma para escrever esta coluna e matar o Brasil de rir, se sair o impeachment.
Deus me livre.
Desejo a todos uma boa semana, já que a Petrobrás, nem o PT
terão este privilégio. O povo brasileiro virou um povo sem Graça (desculpem).
“A presidente sofreu
dois revezes nesta semana. O primeiro foi a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
para presidente da Câmara Federal. Chamado no palácio do Planalto de "Meu
Malvado Favorito", Cunha é crítico feroz do governo de Dilma Rousseff.
Outro tropeço foi a demissão de Graça Foster do cargo de presidente da
Petrobras, desgastada com a onda de denúncias. Graça era uma pessoa de
confiança de Dilma, mas não resistiu a tanta pressão.”
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