Por Zezinho de Caetés
Hoje me valho de outro texto do imortal Merval Pereira,
publicado originalmente em o O Globo de 28/11/2013, que ele chama de “Luta por privilégios”, e é transcrito
abaixo. Seria cômico se não fosse trágico o assunto do escrito. A luta renhida
dos mensaleiros do PT para se diferenciarem na prisão como se nossa
Constituição não previsse que todos são iguais perante a lei.
Está claro aos olhos de todos que a luta de José Genoíno
para obter prisão domiciliar e se aposentar como deputado, é apenas uma forma
de se safar da normalidade de uma prisão brasileira. E o que é um presídio no
Brasil? Eu não tive experiência em nenhum deles, mas, sei ler e ouvir a
respeito. São pessoas que são tratados com verdadeiros animais, e que se tornam
mais ferozes ao final da pena. São presídios que abrigam o duplo ou o triplo de
pessoas que deveriam estar lá para serem considerados seres humanos.
Eu não defendo mordomias para presos, mas, o que existe no
Brasil é tortura, contra a qual, no passado remoto, os petistas lutaram contra.
Se, no poder, tivessem visto a realidade, hoje o José Dirceu talvez não
estivesse procurando um emprego num hotel para uma função que ele só conhecia
para reclamar dos maus serviços: Gerente de Hotel.
É muita desfaçatez dos “presos políticos” petistas. Mas,
pelo que sei, no momento que escrevo, nem o Genoino vai para casa, nem Dirceu
vai para o hotel. Duas juntas médicas independentes e de poderes da república
distintos, ao examinarem o Genoino tiveram conclusão semelhante de que “cana” não lhe matará. E vai ser difícil
a Vara de Execuções Penais autorizar o trabalho no hotel por parte de Zé
Dirceu. Para ele seria melhor uma fazenda, para que ele colocasse em prática o
que aprendeu em Cuba, quando treinava para implantar um ditadura “a la Castro” no Brasil.
Agora fiquem com o texto do imortal, e pensem, na revolução
que existirá nas cadeias com milhões de presos querendo ser gerente de hotel.
Será que alguém se arriscará a se hospedar num em que o Zé Dirceu será gerente?
Só se for do PT.
“Os “presos políticos” José Dirceu e José Genoíno continuam sua “luta
política” na tentativa de se livrarem da parte mais dura da condenação, mesmo
no regime semiaberto a que estão condenados.
O terceiro membro petista do que até agora é considerado “uma
quadrilha” pelo STF, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, parece ter se
aquietado depois de ter assinado manifesto político no primeiro dia de prisão.
Quanto mais se debatem dentro da prisão em busca de privilégios que já
são evidentes no dia a dia da cadeia, Dirceu e Genoíno vão produzindo fatos que
apenas aumentam a visibilidade de suas condenações e expõem à opinião pública a
tentativa de desmoralizar a Justiça e fugir de suas responsabilidades penais.
O caso que parecia mais simples, e acabou se transformando em uma
complicação para o próprio condenado e também para o ministro Joaquim Barbosa,
é o de Genoíno, que alega doença grave para pedir prisão domiciliar.
O petista fez uma cirurgia em julho e colocou uma prótese na aorta,
procedimento sem dúvida arriscado, mas que, ao que tudo indica, teve êxito
absoluto.
Parentes e amigos chegaram a falar em “risco de morte” se ele
permanecesse na Papuda, mas duas juntas médicas deram pareceres contrários à
necessidade da prisão domiciliar. Primeiro, uma indicada pela Universidade de
Brasília a pedido do presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, definiu
que seu caso não era para prisão domiciliar.
Em seguida, outra junta médica, esta da Câmara dos Deputados, deu o
mesmo diagnóstico. Os médicos da UnB concluíram que Genoíno apresenta
“excelente condição clínica atual, sem expectativa em qualquer prazo futuro de
eventual insucesso cirúrgico ou complicação”. O petista é “portador de
cardiopatia que não se caracteriza como grave”, o que permite que ele seja
tratado normalmente no sistema prisional.
Os blogs chapas-brancas, muitos financiados pelo governo petista,
tentaram, como sempre fazem, desacreditar os médicos brasilienses, chegando ao
cúmulo de atribuírem o laudo a tendências políticas antipetistas.
A nomeação de uma junta distinta pela Câmara chegou a entusiasmar os
apoiadores do PT, que viam na sua escolha uma posição independente dos
deputados em relação a Joaquim Barbosa.
Mas o laudo médico da junta designada pela Câmara também concluiu que o
deputado licenciado José Genoíno não é portador de cardiopatia grave.
O petista queria antecipar sua aposentadoria por invalidez para escapar
da abertura de um processo de cassação. Os médicos, porém, disseram que, até o
momento, não é possível atestar a sua incapacidade definitiva.
Eles prorrogaram a licença médica por mais 90 dias e disseram que
queriam evitar o pior. “Rotular uma pessoa como inválida. Nessa doença há
grande chance de melhora”. O que para um cidadão comum seria um laudo
bem-vindo, para Genoíno, é um empecilho.
O caso de José Dirceu é mais patético. Depois de tentar reviver na
prisão os tempos heroicos de preso político, orientando os companheiros de cela
nas discussões políticas e dando conselhos de como se comportar, foi contratado
para trabalhar de gerente num hotel de Brasília.
O salário de R$ 20 mil, embora risível diante dos ganhos com sua
consultoria, ainda assim coloca Dirceu em posição de elite, ainda mais se
comparado com o salário em torno de R$ 2 mil dos companheiros de trabalho.
O proprietário do hotel, Paulo Masci de Abreu, é também dono de uma
empresa de comunicação que possui várias rádios, em São Paulo, na rede CBS
(Comunicações Brasil Sat).
Há informações de que a relação com Dirceu vem do tempo em que o
ex-ministro trabalhava com consultoria e teria ajudado o empresário a negociar
com o governo concessões de mídia, entre as quais a da ex-TV Excelsior, que
dependeria de uma aprovação de Dilma.
Embora, como preso em regime semiaberto, Dirceu tivesse que trabalhar,
segundo o artigo 35 do Código Penal, “durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar”, o “trabalho externo é
admissível”. Um privilégio que poucos conseguem.”
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