Por Carlos Sena (*)
Gosto de quem fala simples. Gosto
de quem, em sua fala, desmistifica certas coisas como, por exemplo, comer ovo.
Pois é. A Presidente Dilma, falando em entrevista com Ratinho estava leve e
solta, coisa que nem sempre ela consegue ser. No decorrer da conversa, falou
que é igual a todo mundo e que sente falta de, por conta do cargo, não poder andar
nas ruas, ir a um cinema. Perfeitamente compreensível, porque um Presidente de
República não manda em si no quesito segurança, liturgia dos cargos. Gostei de
tudo e da sua leveza, como já disse. Mas do que gostei mesmo foi quando ela
disse que gosta de ovo. Por dentro, imaginei: mas, quem não gosta de um ovinho
frito? Ah, ela gosta também de uma
cebolinha com tomate! Percebe-se, a despeito das ilusões que nós, pobres
"mortais" construímos, que essas coisas mais simples da vida são
ignoradas (digamos assim) por pessoas importantes, ricas, etc. Isso pode até
acontecer, mas fato é que as comidas mais simples são as que a gente não pode
ficar sem elas por muito tempo como um ovo, uma saladinha, um feijãozinho
maravilha. O outro lado dessa história é igualmente verdadeiro: quem aguenta
comer, por exemplo, estrogonofe todo dia? Mas o feijão zinho a gente come todo
dia e não enjoa, qual o ovo frito com macaxeira, ou com cuscuz, mesmo só com
farinha.
Pois bem. A Presidenta, agora
"afeminizei" o termo para não contrariar as correntes que gostam do
Presidente ou da Presidenta. Mesmo sabendo que há quem não goste de Dilma, por
inveja, por despeito ou, simplesmente, porque não consegue sê-la, nem sabê-la
em sua plenitude.
O melhor da entrevista foi sua
desenvoltura e sua intimidade com as questões do Brasil, e isso deve ter levado
alguns políticos a se rasgarem por dentro. Não bastava ser mulher? Não bastava
ser durona? Não bastava ser... Ora direis: ainda tem que saber de tanta coisa
acerca do país! Inclusive de ovo frito, cebola e tomate? Toma-te mais
essa.
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(*) Publicada no Recanto de
Letras em 07/10/2013
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