Por Zezinho de Caetés
No momento em que escrevo, li que vão cassar o mandato de
José Genoíno. Será? Pelo texto do último dia 30/11/2013 (Blog do Noblat), do
Ruy Fabiano que fala do “Strip-tease
institucional”, neste país onde os parlamentares podem acumular os “cargos” de presidiários e deputados,
isto é uma notícia alvissareira, se for verdadeira.
Eu sou um eterno otimista. Mas, no Brasil de hoje ser
otimista é não acreditar que a seleção não passe das quartas de final. Os
pessimistas estão temendo a entrada no grupo da morte junto com Itália e
França. Eu não. Penso que ele vai para o grupo da Alemanha e da Espanha.
Porém como conservar o otimismo num país, onde um criminoso
dá expediente num hotel, recebendo seus correligionários e à noite vai curtir
sua TV na cadeia? E outro que vai ter prisão domiciliar porque tem uma
cardiopatia leve. Será que Marcola, não terá o mesmo tipo de doença?
Então esperemos que a notícia seja verdadeira e que cassem o
mandato do Genoíno e outros que estão ou irão brevemente para cadeia. Enquanto
não temos certeza, leiam o texto do jornalista, e que o senso comum prevaleça.
No entanto, fazemos a mesma pergunta que ele faz no final do texto: “Mas quem disse que o senso comum faz parte
da política brasileira?”
P.S.: Ao terminar este texto e antes de enviá-lo à AGD, li que o Genoíno renunciou ao mandato para não ser cassado. Não sei as consequências, mas, o que eu disse acima continua válido.
P.S.: Ao terminar este texto e antes de enviá-lo à AGD, li que o Genoíno renunciou ao mandato para não ser cassado. Não sei as consequências, mas, o que eu disse acima continua válido.
“A prisão dos mensaleiros pôs o sistema carcerário brasileiro em estado
de plena nudez. Mas não apenas: também Judiciário e Legislativo têm, novamente,
suas mazelas expostas. A figura do deputado-presidiário é um escândalo ainda
maior que o Mensalão.
É inconcebível que quem viola a lei – e é condenado em última instância
por isso – continue a ostentar o título de legislador. É uma contradição em
termos. No entanto, enquanto a Câmara dos Deputados não se manifestar, os
presidiários José Genoíno, Pedro Henry e Valdemar Costa Neto continuam
parlamentares.
Nessa condição, continuam a ostentar prerrogativas incompatíveis com o
novo local de residência. Isso só acontece porque o Supremo Tribunal Federal,
pressionado pela Câmara dos Deputados, concordou em dar-lhe a palavra final.
A Câmara impôs no grito o seu ponto de vista, que, além de
inconstitucional, é surrealista. Com isso, conquistou uma prerrogativa a mais:
a de ser a Corte revisora da Suprema Corte. E o impensável precedeu a situação
dos mensaleiros. O deputado Natan Donadon, condenado pelo STF por roubo de
dinheiro público, foi absolvido pela Câmara. Levou para o xadrez o seu mandato.
O escândalo foi de tal ordem que o próprio Congresso decidiu dar fim ao
voto secreto para questões de cassação de mandato e vai reavaliar a situação de
Donadon em votação aberta.
Não fosse isso, José Genoíno, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry (falta
ainda definir a sentença de João Paulo Cunha) teriam seus mandatos preservados
pelo espírito de corpo (ou de porco).
Se funcionou para o obscuro Donadon, que ninguém conhecia, por que não
funcionaria para colegas com muito mais prestígio? Mas Donadon chegou a tempo
de evitar o pior.
Causou tal desconforto na opinião pública (que de vez em quando se
manifesta) que não parece possível tê-lo como padrão. Genoíno, que o PT quer
transformar em herói nacional, foi condenado, em síntese, pelas mesmas razões
de Donadon.
É tão herói quanto ele. Seu estado de saúde não altera os fatos. Pode
ensejar cuidados diferenciados, mas não a essência moral do que o levou ao
presídio. Ambos lá estão por lesar o Estado, que, como legisladores, deveriam
preservar.
Idem os demais. A movimentação para atenuar ou mesmo impedir o
cumprimento da pena, com manifestos, declarações e oferta de empregos
improvisados desafia a conduta da Justiça.
Joaquim Barbosa, responsável pela execução das penas, tem sido
destratado de maneira inconcebível, inclusive pelos sentenciados. É apontado
como tirano, como se a condenação tivesse sido manifestação solitária dele e
não do plenário do STF. Não foi ele quem causou a cardiopatia de Genoíno, nem
quem o induziu a assinar empréstimos fraudulentos para o PT.
Coube-lhe, como relator da ação penal, articular os dados constantes
dos autos, manifestar seu voto e submetê-lo ao plenário, que, por maioria, o
acompanhou.
O interessante é que a revolta contra a execução penal se concentra no
núcleo político dos mensaleiros. Não há nenhuma palavra quanto aos demais
sentenciados – ao todo, 25.
Ninguém está interessado em saber em que condições estão, por exemplo,
Kátia Rabello ou Marcos Valério, condenados em regime fechado por algumas
décadas. A eles, o governador Agnelo Queiroz ou o senador Eduardo Suplicy não
fazem visitas.
E o que os diferencia dos políticos-presidiários? O Mensalão só
aconteceu porque formou-se um núcleo político para articulá-lo. Os demais
agentes – Valério, Kátia etc. - foram por ele motivados e mobilizados. A rigor,
pois, as penas mais duras deveriam caber a quem tinha poder para viabilizar a
trama.
Mas não foi assim. Dessa forma, Valério, que não teria feito o que fez
sem o aval de José Dirceu e aliados petistas, purga pena bem mais drástica que
os que, na cadeia de comando, davam-lhe ordens e pautavam suas ações. Mas quem
disse que o senso comum faz parte da política brasileira?”
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