Por Carlos Sena (*)
Uma cobra tipo píton aparece no
teto de uma residência na capital federal, mais precisamente em Águas Claras.
Os moradores do 15º andar, de repente, se dão com dois olhinhos vivos e
brilhantes olhando pra eles. Eram os olhos de uma cobra nobre que os observava
lá de cima, do teto. Um teto em feitio de gesso tipo sanca, rebaixando o
ambiente e servindo de amparo para a cobra. Ela, coitada, talvez sem entender
sua situação, olhava para o casal e os dois, certamente, não entendiam as
situações. A cobra vendo gente lá embaixo, o casal, lá embaixo, vendo a cobra
lá em cima. Situação pior deve ter sido a da esposa: além da cobra de cima,
tinha uma “cobra” do seu lado, bem ao dispor do seu marido. Pois é. O que dá
pra rir dá pra chorar e "cobra" dá sempre para os dois. O melhor
disto tudo é o cenário: Brasília, a nossa capital, famosa por ratos, agora
famosa por cobras. Não teriam sido os ratos de lá que despertaram o faro da
cobra? Contudo, o que tem encafifado os moradores do condomínio é a forma como
a cobra deve ter adentrado. Porque em Brasília tudo tem câmera, tudo tem
“anuncio” tudo tem que ser permitido... E, de repente, uma COBRA aparece no
teto de um apartamento sorrateira, feliz, vendo tudo lá de cima, como a gente
vê Brasília quando o avião começa a aterrissar. O mistério dessa cobra se
parece muito com os mistérios dos ratos. A gente, de repente, não sabe de onde
vieram tantos ratos. Ratos brancos, pretos, de toda cor. Mas ratos. Será que os
porões de lá facilitam cobras e ratos adentrarem? Pra quem ainda não sabe o que
mais há por lá são tuneis, passagens subterrâneas, inclusive estacionamentos
gigantes. Acho mesmo que existe quase outra Brasília por debaixo da terra e
isto, talvez, seja muito propício para o aparecimento de cobras e ratos... Mas,
a cobra em questão era fina. Seu olhar discreto mapeava tudo no quarto do casal
– a TV conseguiu mostrar closes dela. O detalhe é que a bichinha era loira,
malhada com amarelo, bem ao modo americanizado de ser cobra. A última
apresentação apoteótica da ofídia foi na sala do apartamento. O casal, já com
medo dela aparecer no teto do quarto se muda para dormir na sala. Surpresa: lá
estava ela por sobre o teto rebaixado em gesso. Nessa altura a polícia
florestal foi acionada e foi feita uma armadilha com ratos e aí sim, a coitada
foi capturada. Detalhe: foi preciso juntar o que Brasília mais tem: rato com a
cobra. Com um agravante para os ratos: eles gostam de “cachoeira”, as cobras
nem tanto, embora algumas prefiram.
Entre mortos e vivos ninguém
morreu, nem mesmo a cobra que foi levada para um lugar apropriado. Restava à comunidade
condominial descobrir “COMO AQUELA COBRA APARECEU NO TETO DO APARTAMENTO”... O
síndico disse que foi gente que trafica animais e adentrou com o animal às
escondidas. Deve tê-la esquecido e ela ficou no teto provocando esse tumulto
que levou os donos do apartamento a dormir no hotel. O menos mal dessa história
é que a coitada da cobra estava mais para BARBY do que para cascavel, ou seja,
não era venenosa. Como se vê, em não sendo venenosa, certamente não levaria
vantagem contra os ratos que, certamente a comeriam e jogavam seus ossinhos
pelas águas da “cachoeira”... A guisa de THE END, prefiro citar a conhecida
passagem: “se você, ao passar por uma árvore encontrar lá, em cima dela um
jabuti, não se assuste: alguém deve tê-lo colocado lá”... Mas quem colocou
tanto rato em Brasília? Certamente todos nós, direta ou indiretamente...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 19/06/2012
EXCELENTE CARLOS SENA, E CONCORDO QUANDO FINALIZAS REFERINDO-SE AOS RATOS EM BRASILIA. QUANTO A COBRA, É MENOS INOFENSIVA QUE OS "CACHOEIRAS" "DEMÓSTENES" "DELÚBIOS" E OUTRAS SERPENTES VENENOSAS E ENSINADAS QUE RASTEJAM ATÉ EM NOSSO NORDESTE PODENDO NOS PICAR EM ELEIÇÕES PRÓXIMAS.
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