Por Zé Carlos
Ontem, como faço há vários anos, fui visitar a FENEARTE
(Feira Nacional de Negócios do Artesanato) lá no Centro de Convenções. Está
cada ano maior e é um empreendimento de grande porte. Talvez por isso, senti
logo, porque foi muito mais difícil chegar ao evento.
Num domingo, andei pelo Recife como se fosse uma cidade
civilizada em relação ao trânsito, mas, ao me aproximar do evento, começaram as
agruras que todos passam, todos os dias. Mudaram o local onde se estacionava
normalmente, ou, apenas mudaram o local por onde se entrava, e, os meus
neurônios espaciais, já tão gastos, pobrezinhos, me fizeram passar por acessos
de dúvidas terríveis.
Mas, consegui estacionar, enfim, embora com a missão de
andar mais de um quilômetro para atingir o local da festa. E pela fila de
carros que estava atrás de mim, não fui apenas eu quem se enroscou para chegar
ao galpão de exposição propriamente dito. Porém, ao chegar lá, depois de pagar
meia entrada, com muito orgulho, mas um pouco decepcionado pela minha
aparência, pois nem documento me pediram, e vendo no olhar do recebedor de
ingressos que por ela, eu já sou considerado da terceira idade, a raiva passou
e esqueci a triste chegada.
Bia Ferro e Adriane Malta |
Já comecei a ver o artesanato de Pernambuco que é da melhor
qualidade e variadíssimo. Peças lindíssimas que me levaram a procurar espaço
meu para colocá-las; até perguntar seu preço. Aí eu fico imaginando como preço
é algo relativo e me sinto mal, pela minha parca renda, em pensar nisso. Pois
aquelas obras de arte não deveriam ter preço. Deveriam estar nos museus e
galerias de arte para serem apreciadas e curtidas. Lembro então que estou numa
feira de negócios.
Depois de comprar um apito para o meu neto, que certamente
irá infernizar os ouvidos dos pais, vejo em minha frente um estande de Bom Conselho.
Não foi surpresa para mim, pois em outras edições já havia comprado algo feito
em vidro, muito bonito, e até uma camisa com umas fotos da terra. Fui logo
tirando algumas fotos que permeiam este texto.
Lá no estande, encontrei a Bia Ferro e a Adriane Malta. A
primeira já conhecia e a segunda não. Soube pela Bia que o artesanato com vidro
era feito por Frei Dimas (um dos meus padres casamenteiros) e não é feito mais.
No entanto, havia outras obras de arte bonitas, embora não pudesse ter visto algo
que pudesse caracterizar um artesanato típico do município, como pensava antes
em relação às obras de vidro. Talvez tenha sido pela minha lerdeza “observatória”.
Bia Ferro e o bebezinho |
O que mais me chamou atenção (vejam as fotos) foi que, de longe,
imaginei a Bia Ferro num gesto maternal a embalar uma criancinha. Pensei logo,
que bonito! Veio trabalhar mas não esqueceu o filhinho. Mas, não se tratava
disto, e sim de um bonequinho muito charmoso em forma de bebê que ela conseguia
mover suas mãos e cabeça em ternos gestos infantis. E a Bia cuidava dele com
tanto cuidado e carinho que nem parecia estar diante de mais uma obra do
artesanato de Bom Conselho. Eu não sei
se os bebês de Bom Conselho estão vendendo bem ou não. Eu só não comprei um
porque não tenho netos do gênero feminino e o meu machismo ainda não permite
vê-los ninando um bebezinho. Comprei, para eles um apito e um tambor, sem
gastar nada nos negócios de nossa terra.
Quando pensava já ter encontrado tudo de Bom Conselho, mais
à frente, encontrei outro estande de nossa terra. Era o Ponto de Cultura Mulheres de Fibra, no qual eu não conhecia
ninguém. Passei a conhecer a Juliana. Uma jovem a quem me apresentei como sendo
de Bom Conselho e perguntando se ela era uma das mulheres de fibra. Depois do
sim, eu tentei explicar que pergunta era um pleonasmo, pois todas as mulheres
de Bom Conselho eram de fibra. E começamos uma boa conversa enquanto eu olhava
as peças em negócio.
Juliana das Mulheres de Fibra |
Ela me disse que era neta de Luis de Fiu. Pensei no Luis
errado e perguntei como estava ele. Ela disse que ele havia morrido. Fiquei
envergonhado, mas, com não sou político não disse a tradicional frase do José
Maria Alckmim:
- Morreu para tu filha ingrata, mas, ele continua vivo no
meu coração.
Apenas aprofundei a conversa e descobri que não estávamos
pensando no mesmo Luis. O meu Luis, graças a Deus, não havia morrido ainda e a
Juliana era amiga de sua filha, certamente, outra mulher de fibra.
Quando me dei conta vi que já era mais de meio-dia, já
estava na feira há 3 horas e ainda havia que passar por 21 estados e 40 países.
Descobri definitivamente, que não poderia, num só dia ver toda a feira.
Apressei o passo e via as obras de arte passarem como sombras a minha frente
num verdadeiro sacrilégio. E a barriga já roncava igual ao fole de Luis
Gonzaga, também homenageado pela feira. Vi mais obras em forma trios de forró (zabumba,
triângulo e sanfona) do que em Caruaru.
Eu fiquei pensando, onde o Frei Dimas estiver, ele deve ter
produzido alguns trios destes, em vidro. Se tivesse encontrado eu teria
comprado um para fazer companhia à Sagrada Família que já tenho.
Foi um dia muito agradável.
Zé Carlos: ao ler a terceira foto acima, tomei um susto danado. - Quando li: "Bia FerrA e / o bebezinho, pensei que a Bia Ferro havia ferrado um bebê em plena feira. Confesso que me enganei, só pela troca de uma vogal. - Recomposto, segui em frente. - 2. Voltando ao estacionamento, aonde não fui. - A nossa imprensa aviou, mais de uma vez, que a entrada do dito parque agora é pela Agamenon Magalhães. - Lamento que você tenha passado esses maus bocados, indo pela Estrada de Belém. - Todavia, há um consolo: possivelmente na Agamenon, você se depararia com a mesma mierda de trânsito e congestionamentos. - Assim, se você se divertiu e se o bebê não foi ferrado pela Bia FerrO, tudo valeu a pena. - É ISSO./.
ResponderExcluirCaro José Fernandes,
ExcluirObrigado por me avisar do erro. Peço até desculpas à Bia Ferro. Longe de mim fazer com que ela ferrasse alguém.
Prezado Zé Carlos: isso não é erro. Foi a troca de uma vogal, coisa que acontece com qualquer cristão. E também acontece com os ateus etc. - Portanto, não precisa pedir desculpas. - Sei que a Bia Ferro também não vai precisar de desculpas. - É ISSO./.
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