Por Carlos Sena (*)
“TUDO É MUITO RELATIVO”. Tudo tem
os dois lados. Tudo é questão de conceitos. Esses chavões e outros do gênero
tem muita consistência na realidade concreta. Talvez por isto viver seja
complexo e requer de cada um muita noção de respeito pelo outro e muita
educação doméstica, por que não? Esta, por ser doméstica, tem ficado meio a
reboque como que sufocada pela chamada pedagogia moderna – aquela que condena
palmada e puxões de orelhas nas “crionças”... Mas que, quando equivocada, forma
cidadãos incompetentes profissional e pessoalmente; pessoas incapazes de,
sequer elaborarem conceitos; pessoas que, no trabalho não são criativas e nem
são capazes de interferir nos processos laborais de forma sistemática. Há
exceções, certamente. Mas a regra geral tem sido essa, ou seja, a da pouca
qualificação profissional e do pouco preparo pra vida, via educação formal e
doméstica. Talvez caiba aqui o questionamento: teria a educação moderna falhado
por conta da ausência da família no processo educativo formal ou esse processo
ficou mais agravado pela pouca participação da família?
Retomando o mote do “relativismo”
da vida, o foco educacional na forma posta se nos delineia fundamental. No
sentido prático, nada “mais pratico do que uma boa teoria”, embora saibamos que
muito da nossa vida prática seja alcançado no exercício do aprender fazendo,
algo como trocando o pneu do carro com o carro em movimento. Conta-se em forma
de piada o seguinte acontecimento: o pneu de um carro soltou-se com ele em
movimento. O motorista, habilidoso, conseguiu parar o automóvel, mas ficou em
situação embaraçosa, pois conseguiu recuperar o pneu, mas, não encontrava os
parafusos para recolocar e seguir viagem, pois os mesmos tinham se perdido no
abismo. De repente surge uma pessoa em cima de um muro e disse para o
motorista: “por que você não tira um parafuso de cada roda e segue viagem”? O
motorista olhou estupefato, pois a pessoa em cima do muro era um paciente
psiquiátrico que, de cima do muro do manicômio, lhe dera a ideia. – Mas tu não
és doido, disse o motorista. – Mas não sou burro, respondeu o doido. E eu
completo: certamente aquele doido não estudou numa escola cheia de modismo...
Mas, como tudo é muito relativo, talvez eu também esteja me relativizando nos
conceitos educacionais, mas insisto no ponto certo: “educação” é o que leva o
cidadão a sua dignidade; é o que leva as nações ao topo como todas aquelas
nações que foram dizimadas pelo horror das guerras e que, pela educação séria,
se recompuseram e hoje estão aí nos dando aulas de civilidade.
Portanto, sendo a vida cheia de
conceitos e de relatividades, formar cidadãos conscientes do seu papel é
fundamental para que tenhamos convivências saudáveis. O respeito ao direito do
outro é uma das coisas que mais nos tem incomodado tanto nas grandes, quanto
nas pequenas cidades. Um exemplo simples disto, mas que simboliza bem o que
queremos contextualizar: “OS SONS AUTOMOTIVOS”. Boa parte dos jovens que tem
carro, logo cuidam de incrementar com sons ultra potentes. Pra quê? Para nos
incomodar! Eles chegam, para os carros, ligam o som em total volume e quem
estiver por perto que se foda. Não querem saber se nós temos interesse em
escutar aquelas baboseiras, não se preocupam com idosos que por ventura
estiverem descansando nas redondezas, muito menos com os nossos tímpanos, pois
os sons ultrapassam em muito a nossa capacidade natural de escuta. Chamar a
polícia é outro direito nosso, mas isto se desdobra em outros aborrecimentos
que muitas pessoas não querem se envolver. Diante disto, será que fica difícil
entender que os pais desses jovens têm culpa? Será que fica difícil entender
que a educação formal falhou? Certamente que há uma cadeia de equívocos, mas que
não se justificam. Nisto cria-se o circulo vicioso em que os pais não têm tempo
para os filhos porque tem que trabalhar. Por isto entregam à escola a educação
dos seus filhos; a escola não tem condições porque a prefeitura o estado ou o
governo federal não investem em educação; os professores dizem que fingem que
lhe pagam e eles fingem que ensinam. Só que os alunos não podem fingir que
aprendem... Onde o pau vai quebrar?
Pois é. “TUDO É MUITO RELATIVO”.
Tudo tem os dois lados. Tudo é questão de conceitos. Eu acredito nisto, mas
vejo que estamos rodeados de pessoas com poucas condições desse entendimento.
Porque no fundo esses conceitos advêm de realidades concretas. Quando estas não
são bem compreendidas, tudo o resto cai no despenhadeiro como a roda do exemplo
citato anteriormente. O problema é que a gente não sabe se vai aparecer um
“louco” por perto para nos orientar na colocação dos “três parafusos da roda
que falta para a nossa vida caminhar”...
----------------
(*) Publicado no Recanto de
Letras em 30/06/2012
Como eu sempre preferi ser doido, agora fiquei mais convencido! - Se um carro é capaz de seguir viagem, moderadamente, apenas com dois parafusos em cada roda, imagine com três. - E enquanto o CSENA insiste no ponto certo, eu vou ao ponto G. - Creio que o defeito dessa bagunça, NÃO é da pedagogia, mas dos legisladores. Isto é, de quem faz as leis e os códigos. - Não digo que se deva voltar ao tempo da palmatória, não. - Mas sei que o respeito ao bom professor, é devido inquestionavelmente. - No Colégio Damas, aqui em Recife, um moleque (aluno) de 14 anos deu um soco no rosto de um professor de 50 e poucos anos, que lhe quebrou os óculos. Sem qualquer motivo. - E o que aconteceu ao pequeno marginal? - O mais que o professor conseguiu foi que o delinquente agressor fosse transferido para outra classe, no mesmo Colégio Damas. - Em outros tempos, isso era motivo para expulsão sumária daquele marginal. Mas, as leis não permitem que os colégios tenham autonomia para expulsar os maus alunos. - Todavia, as leis não impedem que um professor esmurre um aluno moleque, como ocorreu num colégio estadual no bairro de
ResponderExcluirÁgua Fria. - Elas por elas! - E o que aconteceu ao professor que não "engoliu" os deboches do debochado estudante? - Foi transferido para outro colégio do Estado. - Enfim, quem não aprende com a família, nem com a escola, aprende por meios informais./.