Por Zezinho de Caetés
Dentro de espaço de tempo relativamente curto minha mente
travou contacto com dois bons textos sobre um tema que aqui já tratei que lida
com o imbróglio armada pela diplomacia latino americana, digno da mais nobre
estirpe dos Perfeito Idiotas Latino Americanos que povoa este continente.
O primeiro texto é do jornalista Sandro Vaia, que o intitula
“O verdadeiro golpe no Paraguai”,
publicado no Blog do Noblat em 29/06/2012. Leiam-no e eu volto logo em seguida
para apresentar o outro texto
“A TV estatal do Paraguai ficou 26 minutos fora do ar por falta de
energia elétrica e os alucinados constitucionalistas da Constituição alheia que
cresceram como erva daninha nas redes sociais, viram isso como um sintoma de
“repressão” e atentado às liberdades públicas.
Nunca se viu um golpe de Estado tão modorrento. Fora dos protestos protocolares
de partidários do presidente deposto, o Paraguai continuou levando a sua vida
de rotina.
O microfone da TV pública ficou aberto, o ex-presidente protestou
diante de suas câmeras, o Congresso fez tudo dentro da normalidade, a Suprema
Corte disse que tudo foi feito dentro da normalidade e até o advogado do
deposto disse que tudo foi feito dentro da normalidade.
Mas muita gente não gosta da normalidade paraguaia e insiste em chamar
de golpe uma decisão tomada por mais de 90% dos parlamentares, que se basearam
rigorosamente na letra do artigo 225 da Constituição de seu país.
Dizem que foi tudo muito rápido e surpreendente. Que não houve tempo
para defesa. Que o rito foi muito sumário. Mas tudo está previsto na
Constituição, que dá ao Senado a atribuição de fixar o rito para o julgamento,
o que foi feito através da Resolução 878.
O que resta dizer? Que a Constituição é de mau gosto e “disgusting” ao
fixar um etéreo “mau desempenho” como motivo de impeachment?
Que o Legislativo paraguaio não tem polidez, educação e bons modos ao
dar tão pouco prazo para a defesa do acusado?
É um pouco de cinismo e hipocrisia achar que dar mais tempo de defesa
ao presidente destituído poderia salvá-lo do impeachment.
A queda dele foi resolvida por razões políticas, e nem 400 dias de
prazo de defesa poderiam salvá-lo. Ele simplesmente perdeu catastroficamente o
apoio político de sua base de sustentação e a votação do processo de
impeachment apenas confirmou que ele perdeu as condições mínimas de
governabilidade.
Se a Constituição do Paraguai tem um defeito, ele é de concepção: fixou
critérios quase parlamentaristas para julgar um governo presidencialista. O
presidente ganhou um voto de desconfiança – que apelidaram de “mau desempenho”-
e caiu.
Como provar alguma coisa como “mau desempenho” se não através de
critérios puramente políticos?
Essa é a Constituição que o Paraguai tem, não a que os palpiteiros da
UNASUL acham que deveria ter.
Na Venezuela, por exemplo, casuísticas normas eleitorais permitem que
51% dos eleitores elejam 66 deputados enquanto 49% elegem 96 deputados- do
partido do governo, claro. Alguém reclamou?
Enquanto a normalidade da vida democrática foi mantida no Paraguai e o
próprio Lugo anunciou que pretende candidatar-se de novo nas eleições de abril
de 2013, além de manifestar-se contra sanções econômicas contra seu país, a
UNASUL e o Mercosul afastam o Paraguai de seu convívio, com a aquiescência
bovina da diplomacia brasileira, a reboque do ativismo “bolivariano”.
É fácil concluir qual é o verdadeiro golpe no Paraguai e qual é seu
objetivo: afastar o único obstáculo à entrada da Venezuela no Mercosul.
As tais “cláusulas democráticas” só valem para enquadrar os inimigos.
Para os amigos, nem a lei.”
E agora, diante do
descalabro diplomático bolivariano, só nos faltava voltar aos livros de
história e tentar reviver uma nova Guerra do Paraguai. Em tempos idos
criticávamos muito um chanceler brasileiro que apregoava “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Lembro-me
muito bem da reação colérica do Perfeitos Idiotas diante disto. Hoje, o que a
nossa diplomacia diz é que “o que é bom
para o Chavez é bom para o Brasil”. Como baixamos de nível e como nossa
diplomacia não é mais digna do Barão do Rio Branco!
Agora a besteira diplomática é chamada de multilateralismo de fachada, que
continua sendo o bilatelarismo de
conveniência daqueles que não tem coragem de externar (embora todos já estejam
convencidos) que o mundo mudou, e hoje, o Estados Unidos não são mais o vilão
do nosso continente. Nós hoje temos vilões internos que é o Chavez e suas
loucuras, de quem a Dilma não conseguiu, se livrar ainda. Mas, pensando bem,
ela deveria se livrar antes do ectoplasma do Lula.
Vejam, só para ilustrar, um caso sobre a diplomacia
brasileira, não muito distante, publicado no mesmo Blog do Noblat, com um espaço
de tempo (01/07/2012) em relação aquele citado. É do Élio Gaspari dizendo no título: “Dilma
deveria pedir uma aula a FH”. O FH é o Fernando Henrique Cardoso, de quem
discordo um pouco, por ser mais “social”
do que “liberal”, mas, manteve nossa
diplomacia numa posição de respeito. Fiquem com o jornalista, e se preparem
para a Batalha de Itararé de nossa diplomacia. Mais uma.
“A doutora Dilma e o chanceler Antonio Patriota deveriam revisitar a
estudantada em que se meteram no Paraguai, comparando os próprios erros com
outro episódio, ocorrido em 1996, quando as coisas deram certo, sem espetáculo.
Durante as festividades da Rio+20, Dilma e Patriota souberam que a
Câmara dos Deputados aprovara a abertura do processo de impedimento do
presidente Fernando Lugo por 76 votos a um. O doutor foi mandado ao Paraguai
numa comitiva da Unasul para recolocar a pasta de dentes no tubo. A embaixada
do Brasil em Assunção já advertira o governo, há semanas, a respeito da
gravidade da situação. Fizeram o quê? Nada.
Havia o que fazer? Em abril de 1996, o presidente Juan Carlos Wasmozy
soube que o comandante do Exército, Lino Oviedo, pretendia derrubá-lo.
Pediu apoio ao Brasil, e o embaixador Márcio Dias disse-lhe que
Fernando Henrique Cardoso não concordaria com um golpe. Era pouco. Ele queria
ouvir isso pessoalmente. O diplomata combinou que Wasmozy iria a Brasília
(pilotando seu avião), seria recebido no aeroporto pelo chanceler Sebastião do
Rego Barros (dirigindo seu próprio carro) e seguiria para o Palácio da
Alvorada.
Conversou com FH e retornou durante a madrugada. O presidente
brasileiro entrou em contato com seu colega Bill Clinton, e ele telefonou para
Wasmozy dizendo-lhe que, em caso de ameaça, deveria ir para a embaixada
americana.
Dias depois, Oviedo deu um ultimato a Wasmozy, anunciando que atacaria
o palácio ao amanhecer. O presidente paraguaio foi para a embaixada americana
com o ato de renúncia redigido. Lá estava o embaixador Márcio Dias, que o
rasgou. (Wasmozy guardou o picadinho.) O dia amanheceu, e o golpe evaporou-se.
Tudo isso aconteceu sem holofotes ou estudantadas de um
multilateralismo que no caso da patrulha dos chanceleres da Unasul serviu
apenas para colocar o Brasil a reboque de uma política de ameaças inócuas.
Uma diplomacia profissional, a americana, falou o mínimo possível.
Resultado: a doutora Dilma e seus companheiros fizeram a empada, compraram a
azeitona, deram o mimo aos americanos e ficaram com o caroço.
Como dizia o chanceler Azeredo da Silveira, atravessaram a rua para
escorregar na casca de banana que estava na outra calçada.
A diplomacia multilateral faz espetáculos, arma consensos e,
geralmente, dá em nada. A bilateral, como a do Brasil no Paraguai em 1996, dá
trabalho.”
Tudo se enquadra no slogan do perfeito idiota latino-americano, onde o Hugo Chavez assessorado por Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner e em menor escala Dilma Roussef fazem a vez.
ResponderExcluirLembrar que o Paraguai obedece a constituição do Paraguai, não a do Brasil, Equador, Bolivia ou Venezuela, e que cada um cuide do seu próprio quintal.