Por Zezinho de Caetés
Ainda semana escrevi
sobre os conhecimentos econômicos de Dilma. Eles podem ser desastrosos para
nós. Mas, os bons textos sobre a fala de Miss Planalto, depois de ler O Pequeno
Príncipe, não param. Agora é o Elio Gaspari, no O Globo, domingo passado, com
seu escrito: “Lula, o Bóson de Higgs do
PT”. Uma imagem que se não chamassem esta partícula de Partícula de Deus
seria mais apropriada ainda para fazer ironia. Sendo ela mesmo de Deus, seria
um apostasia ou sacrilégio. Para ser realista seria melhor chamada de Partícula
do Diabo.
O jornalista vai além da
miséria da economia dilmesca e mostra os três problemas atuais do Brasil, que
deveriam preocupar o partido que está no poder, por ser aquele da presidenta. O
chamado “pibinho”, as águas da “cachoeira” e as greves que assolam o
funcionalismo. E, concordo inteiramente com ele, o PT não está nem aí, para
eles. Ou talvez, não saiba o que fazer com eles.
Pasmem, mas, agora o PT não
defende nem mais a queda dos juros, que já foi uma de suas bandeiras de lutas,
quando ainda não tinha em Lula sua figura maior, o seu Bóson de Higgs. Na CPI
do Cachoeira, têm aparecido tantas mutretas de petistas de carteirinha, e de
simpatizantes, que não podemos saber mais de que lado ele está. E quanto às
greves do funcionalismo, nas assembleias, o que se ver são pessoas de outros
partidos levantando a mão dos petistas para serem a favor de uma greve que,
pelos mesmos motivos, eles as aprovaram no passado, de primeira.
Realmente, no PT, vaca
não está reconhecendo bezerro. A confusão é tanta que uma das bandeiras do
Humberto Costa aqui no Recife, em sua campanha para prefeito, é o
restabelecimento do que era antes de João Paulo, o seu vice, da Avenida Conde
da Boa Vista. E isto é muito bom. Certamente, se o Humberto ganhar, as kombis
voltarão junto com aquela bela confusão que elas formavam. E isto é muito ruim.
Enfim, é muita confusão
para um partido só. E como eu já estou muito confuso, deixo-os com a serenidade
do Elio Gaspari, indo aproveitar o que resta de belo em nossa cidade, o que é
muito pouco, antes que este restante de administração petista acabe com tudo.
“Admita-se que há três problemas
sobre a mesa: a estagnação do PIB, a CPI do Cachoeira e a expansão das greves
do funcionalismo. O PT não tem nada a dizer a respeito de nenhum deles. Não se
sabe sequer de que lado está.
Ao tempo do vice José Alencar,
havia petistas defendendo a queda dos juros, mas eles já caíram. Na CPI, os
petistas estão dos dois lados do guichê, ora cobrando, ora silenciando.
Diante da greve dos professores,
durante 53 dias, não conseguiram sequer oferecer mediações. Só acordaram na terça-feira,
quando Lula entrou no circuito. Três dias depois, pelo menos tinham o que
propor.
Simbolicamente, na famosa cena do
encontro de Lula com Maluf, havia dois outros personagens. Um, Ruy Falcão,
presidente do partido. O outro era o vereador Wadih Mutran, do PP. Os
repórteres Diógenes Campanha e Paulo Gama mostraram que, desde 2008, seu
patrimônio dobrou, chegando a R$ 3,8 milhões.
Como? Três bilhetes de loteria
premiados. (Ele guarda R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo.) A ambiguidade do PT em
relação aos dinheirinhos fáceis é antiga. Sua exaustão intelectual aconteceu há
anos, quando se transformou em um apêndice do lulismo, sem que se saiba o que
isso significa. Produziu-se uma federação de comissariados, sem plataformas ou
propostas, acumulando interesses.
Assim como sucedeu ao PMDB, o PT
virou um aglomerado sem massa. Não existe sem o seu Bóson de Higgs. Ele se
chama Lula.
O teste dessa partícula
agregadora ocorrerá na eleição de São Paulo. Se Fernando Haddad vencer, mais
uma vez o Bóson de Lula terá arrastado as fichas. Se perder, a derrota será só
dele.
No dia em que o Banco Central
apontou uma estagnação do PIB, a doutora Dilma disse que “uma grande nação deve
ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes. Não é o
Produto Interno Bruto. É a capacidade do país, do governo e da sociedade de
proteger o seu presente, o seu futuro, que são suas crianças e seus
adolescentes”.
Quis a sorte que houvesse uma
baiana na plateia para decifrar a fala: “Isso, na minha terra, se chama ‘enrolation’,
‘embromation’.” Nessa arte, Lula é mestre, Dilma é uma constrangida aprendiz.”
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