Por Carlos Sena (*)
Gosto de futebol e entendo tudo
dele na condição torcedor. Só não sou fanático nem “fanautico”, posto que torço
pelo Náutico aqui, em Pernambuco. O que não entendo é que existam pessoas tão
fanáticas ao ponto de subverterem sentimentos; pessoas que não fazem nada, por
exemplo, por um filho, mas fazem tudo por seu time de futebol; pessoas que,
mesmo diante da morte de um ente querido não choram uma lágrima sequer, mesmo
de crocodilo, mas choram quando o time perde.
O Corinthians arrebata milhões de
torcedores no Brasil todo; o Flamengo, idem. No Nordeste, o Sport Clube do
Recife lidera as torcidas e o Santa Cruz leva torcedores ao delírio de
felicidade ou ao desespero de tristeza. A maioria desses torcedores mata e
morre pelos seus times, literalmente. A saída de um clássico nas grandes
cidades é o problema de segurança pública porque a violência impera. Mata-se,
apedreja ônibus, agride-se, etc., por conta das rivalidades entre torcidas ou o
fanatismo que se perde em si.
O que nos deixa cabisbaixo é que
nós, seres humanos, batemos no peito que somos modernos. Mas, a rigor, nem
somos tanto. Na antiguidade Greco-romana se trucidavam pessoas nas arenas com a
plateia aplaudindo e achando ótimo. Hoje, não é tão diferente. Mudou apenas a forma,
mas a voracidade é a mesma. Isto prova que o homem evoluiu por fora, mas
involuiu por dentro. O ser humano continua mesquinho e nutrindo sentimentos de
idolatria da mesma forma que os seguidores de Moisés nutriram quando ele se
afastou para receber os DEZ MANDAMENTOS no monte Sinai.
Hoje é dia de Corinthians. Muitos
serão os que torcerão esportivamente. Mas, o que nos entristece é que a razão,
certamente cederá lugar para a emoção desmedida que assume o nome de fanatismo.
Se formos pelo sufixo “ismo” que significa doença, então teremos a melhor
definição do que poderá acontecer depois de CORINTHIAS na “Libertadores das
Américas”...
Esperamos que tudo dê para o
timão. Porque se não der, certamente o pau vai cantar de galo no estádio, nos
ônibus, nas ruas e por onde estiver passando um torcedor fanático do
Corinthians. Talvez valha a pena lembrar: se um corintiano matar um ou morrer,
o clube não manda sequer, um buquê de flores...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 04/07/2012
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