Por Carlos Sena (*)
A sabedoria popular, de fato, é
sábia. No nordeste quando um filho não “dá” pra gente, digo, não se torna um
homem de bem, logo o povo diz que não poderia ser diferente, pois foi CRIADO
COMO DEUS CRIOU BATATA. Pelo que se pode inferir, batata não dá maiores
trabalhos quando é plantada. Ela se vira sozinha debaixo da terra e Deus
provém, algo assim. Contudo na cidade grande a gente se depara com vários
jovens que foram criados diferentes da formalidade metafórica da batata. Mas o
dito popular se aplica? – Noutra formatação, mas sim! Talvez só mudem as
formas, mas os significados continuam os mesmos. Talvez “criados como Deus não
criou as batatas”... Reconstitui-se, então, outro simbolismo em que os
processos educacionais ficam comprometidos e, nem o mel nem o cabaço.
A sabedoria popular, deste modo,
só muda de configuração. Talvez uma configuração piorada daquela do meu
interior do nordeste. Os grandes centros urbanos talvez nem saibam como se
plantam batatas, mas sabem como se plantam maconha e como se processam cocaína.
Também não sabem, boa parte dos pais, que limite não se planta como se planta
batata. Limites aos filhos se estabelece não se plantam. Mas se colhem. Talvez
o complexo dos limites que os filhos tanto necessitam esteja no fato de que
dele se colhem, mas não se plantam na lógica das batatas. Estabelecer limites é
tão complexo quanto colher os seus resultados. Estes, invariavelmente terão
mais serventia para os filhos do que para os pais. Aos pais caberá o prazer de
ver seus filhos na vida gerenciando seus modos de ser dentro dos princípios da
honestidade, amor, respeito ao próximo...
O outro lado dessa moeda, ou
seja, o resultado dos filhos que são criados com Deus Criou Batata ou
assemelhados, são os já conhecidos de todos e que a imprensa noticia. O que nos
resta refletir é se, de fato, vale a pena pagar esse preço tão alto. Preço que
é pago pelos pais e pelos filhos e que, no geral, são debitados ao sistema
educacional formal que pode até ter culpa, mas essa culpa tem que ser dividida com a família. Houve um
tempo em que escola e família eram o binômio da educação sobre o qual não
restavam duvidas. Não sei se a pedagogia moderna ou simplesmente o modernismo
se encarregaram de subverter essa ordem. Fato é que as famílias em sua grande
maioria não se sentem corresponsáveis junto às escolas. Acham que entregando seus
filhos às escolas e universidades está feita sua parte. Família que se preze
não tem parte, tem o todo do processo educacional dos filhos. Assim,
independente de plantar batatas, plantar maconha ou compreender os processos da
cocaína, urge que se recupere a educação em seu sentido mais libertador sem que
se perca o fie da meada no estabelecimento dos princípios da ética...
O pior é que mesmo no interior do
meu nordeste, já não se criam filhos como antigamente, mesmo na lógica do COMO
DEUS CRIOU BATATAS. Lá já se cria filhos também plantando maconha e entendendo
de cocaína. Os culpados? Sei não. Mas sei quem são os que são vitimas dos
filhinhos de papai que vivem por ai fazendo e acontecendo em nome de ser
moderno...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 29/06/2012
Eu sempre entendo que, para poderem dar limites aos filhos, os pais DEVEM SER EXEMPLOS. - Se um pai chega bêbado em casa quase todos os dias, que exemplo ele pode transmitir para os filhos? - Um pai que só pensa em obter vantagens em tudo, quase sempre de forma ilícita, que padrão ele incute nos filhos? - Padrão de furto! - O pai que, mesmo estando em casa, quando o telefone toca, ele diz ao filho: "Atenda. E se for para mim, diga que NÃO estou." - Esse pai pode ser exemplo? - De quê? - De mentiras! - Assim como ocorre com inúmeros pais MAUS EXEMPLOS, acontece também com muitas mães fúteis, mentirosas, fofoqueiras etc. - Então, só pode impor limites, quem TEM LIMITES. - E ninguém pense que escolas dão educação. - Escolas, quando muito, dão instrução, informação e alguma orientação. - Educação quem tem que dar é pai e mãe. - Mas, para tanto, é necessário que pais e mães TENHAM EDUCAÇÃO. - Os filhos aprendem com os pais. E NÃO esquecem os erros destes. - Contudo, nem por isso, os filhos seguem os maus exemplos de tantos pais de poucos valores. Ou de NENHUM valor./.
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