Duas semanas de governo?
Por Zé Carlos
Bem, vai começar a terceira
semana do governo de Jair Bolsonaro. E é bom já ir tentando fazer uma análise
do que foi feito nas semanas anteriores. A Eliane Cantanhêde faz isto no texto
abaixo descrito, o qual eu achei muito cruel, mas, não muito menos verdadeiro.
Além da ‘bateção’ de cabeças entre presidentes, vice-presidentes, ministros e
outros, só se salvou mesmo a prisão do Cesare Battisti como ponto positivo.
Entretanto, temos muito tempo
pela frente e espero que o Capitão mostre do que é capaz para desentortar este
país, todo torcido pelas administrações do PT. Não podemos reclamar. Imaginem
apenas se o Haddad tivesse ganho as eleições! Quem seria a Ministra da Família
seria a Dilma. Eu ainda prefiro a Dalmares, se ela deixar as crianças vestirem
a cor que quiserem, deixar a Teoria da Evolução em paz e descer rapidamente do
pé de goiaba.
Quanto a Bolsonaro, deveria
rapidamente arranjar um porta-voz, pois, pelo jeito, “ele e o Pelé, calados,
são does poetas”. Eu penso que, também, fala melhor quem fala por último, neste
caso. Ou melhor não deveria falar nada, pelo menos quando o Guedes e Sérgio
Moro falarem, pois, ninguém ouve mesmo. Quanto aos outros ministros até pode falar
alguma coisa pois parecem terem sido escolhidos a dedo para causar confusões.
Todavia, penso eu, se o Mourão quiser falar muito, seria bom levá-lo para ser
batizado no Rio Jordão.
Fiquem com a Eliane para um pequeno
retrato de duas semanas de confusões, digo, governo, do Capitão e do General.
Tenham um bom domingo e uma boa missa:
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“Queimando a largada
Por Eliane Cantanhêde
A estreia do governo Jair
Bolsonaro produziu menos decisões e metas do que recuos e confusões. A sociedade,
o mercado e o próprio governo não sabem até agora qual será a proposta para a
Previdência, nem mesmo as idades mínimas para homens e mulheres e o regime para
as três Forças. Mas todo mundo descobriu que o presidente fala sem pensar e
estar devidamente informado, os ministros são obrigados a desmenti-lo e está
uma confusão.
Dificuldades são comuns em
qualquer começo, especialmente num governo que traz tantas mudanças, mas é além
do razoável que a lista de equívocos e desmentidos cresça todo dia e seja maior
do que a de projetos e metas. Os ministros parecem falar muito, mas dizer
pouco. E alguns parecem ter como função desmentir os erros do presidente.
Mesmo a reunião do Conselho de
Governo, que inclui o presidente, o vice e os 22 ministros, foi decepcionante.
A expectativa era de que, no final, algum dos ministros (na falta de um
porta-voz) desse uma luz sobre as prioridades em cada área: Educação, Saúde...
Mas tudo o que anunciaram foi um projeto – que não é meta de governo – para
flexibilizar a posse de armas, o que, aliás, pode aumentar o já alto número de
mortes por armas de fogo.
Sem que o governo diga exatamente
o que pretende, são inacreditáveis os erros da largada. Bolsonaro fala em IOF,
IR e idade mínima para a Previdência e é desmentido pelo primeiro e segundo
escalões, gerando mal-estar entre as equipes política e econômica. Acena com
Base Militar dos EUA em solo pátrio e deixa os militares em choque, tentando
resumir tudo a um “auê”.
Bolsonaro também suspendeu a
reforma agrária, depois suspendeu a suspensão; jogou no ar restrições ao acordo
Boeing-Embraer e só depois foi discutir o assunto com os ministros; o chanceler
postou no Twitter que o presidente da Apex tinha pedido demissão, mas ele foi
trabalhar normalmente; um vídeo antigo da ministra da Família contra a Teoria
da Evolução provocou crítica até do colega de Ciência e Tecnologia.
Enquanto isso, o filho do
presidente, seu ex-assessor Fabrício Queiroz e a família deste se recusam a
prestar esclarecimentos ao Ministério Público e o filho do vice-presidente
triplica salário em banco público. Sem falar no chefe da Casa Civil, que não explica
por que as notas dos gastos de seu gabinete de deputado vieram de uma única
empresa, da qual era o único cliente.
Nesta terceira semana, que o trem
entre nos trilhos, Bolsonaro passe a falar com conhecimento do que está
falando, os ministros comecem a anunciar seus planos e metas, cessem as
confusões e o governo assuma alguma normalidade. Já está mais do que na hora.”
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