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terça-feira, 6 de março de 2018

QUE BEIJINHO DOCE!





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Não sou muito chegado ao programa de Faustão aos domingos. Mas ligaram a televisão e assisti uma dupla feminina dos tempos idos que cantaram esta música datada de 1945 tinha eu seis aninhos e morava na querida Rua do Caborje, 120. E não é que este canto me levou imediatamente para minha cidade e minha rua. Lembrei-me de minha querida mãe Nedi, que cantarolava na cozinha cuidando da refeição, lavando no terreiro as roupas sujas, varrendo casa de cimento batidoabanando o fogo no fogão pregado na parede, saindo para espanar os moveis e quadros na parede, por fim colocando os pratinhos na mesa para o almoço.  De tamanco comprando na feira, na casa de Padrinho Belon com um pano enrolado na cabeça, eu ouvia com voz bonita e sonora, cantando: Que beijinho doce / que ele tem / depois que beijava ele / nunca mais amei ninguém / Que beijinho doce / Foi ele que trouxe / de longe pra mim / Seu abraço apertado / suspiro dobrado / que amor sem fim / Coração que manda / Quando a gente ama / se estou junto dele / sem dar um beijinho / coração reclama / Que beijinho doce / foi ele que trouxe / de longe pra mim / Seu abraço apertado / suspiro dobrado / que amor sem fimMamãe com sua voz afinada reluziam o canto nos ouvidos de criança que aprendi também a cantar apesar da voz não ser muito boa, mas decorava e cantava Era momento de emoção que ouvia quando também ajudava apanhar o lixo no chão e muitas das vezes abanava a lenha no fogão, enquanto não ia tomar banho. Outras músicas ela cantava que fazia seu repertorio pela manhã – O nosso amor traduzia / felicidade e afeição / suprema glória que um dia / vivia ao alcance da mão / mas veio um dia o ciúme / e nosso amor se acabou / deixando em tudo o perfume / da saudade que ficou = Eu te via a chorar / Vi teu pranto em segredo correr / E partir a cantar / Sem pensar que dava para esquecer / Mas depois veio à dor / Sofro tanto e esta valsa não diz / Meu amor de nós dois / eu não sei qual é mais infeliz / Desfeito o ninho,  saudade / Humilde e quieta ficou  / Mostrando a felicidade / que o destino desfolhou /  num canto de saudades – ‘O nosso amor traduzia / felicidade e afeição /  Corria de um lado para outro, apresando o almoço, pois tinha que ir dar aula, pois era professora primaria, numa escola no Corredor, sendo a minha primeira professora. .Essa criatura que amei com muito amor era uma pessoa calma, sorridente e respeitadora.  Frequentava assiduamente a Matriz da Sagrada Família, nas missas e na primeira sexta feiras do mês, dedicado ao Apostolado da Oração, do qual era zeladora e durante todo o mês de maio as novenas. Sempre estava conversando com o primo Gabriel Vieira Belo, chamando-o de compadre, pois ele foi padrinho de minha irmã Ana. Gostava de conversar com Padre Alfredo, quando ele vinha das suas visitas aos enfeemos e depois  de passar na  Casa da Caridade tomando um cafezinho no final da tarde em nossa casa dando  cada um de nós crianças um santinho tirado do bolso da batina surrada Sempre estava de visita na casa tia Maria, principalmente, ajudando ao seu sobrinho Geraldo que de um acidente faleceu na Rua das Aguas Belas. Nesta mesma rua ia à casa das tias Maria Joana e Maria Eugenia. E assim sempre estou vivenciando as lembranças desta pessoa querida que com certeza está junto ao Pai ao lado Virgem Maria, cantando: Com minha mãe estarei / na santa glória um dia / junto a Virgem Maria / no céu triunfarei / No céu, no céu com minha mãe estrei / No céu, no céu com minha mãe estarei.

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