Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Estamos no tempo do riso. Por onde você anda na cidade,
somente risos. Na televisão risos. E nós rimos também com tanto riso pelas
ruas. É tempo de eleição. Todos os candidatos sorriem para o povo, um sorriso
maroto que nos leva ao riso, rizadas mesmo. Nos cartazes, nos folders, nas
faixas, nas bandeirolas, nos cavaletes você não vê um candidato sisudo, serio e
compenetrado, isto você não vê, “nem que a vaca tussa” Naquele sorriso está a
nossa desconfiança, pois em outros tempos ninguém sorrir e se sorrir são
debochando das pessoas que os colocaram em lugar de destaque. Você meu caro
eleitor já viu algum politico no seu bairro, na sua rua, na sua casa a não ser
no tempo da eleição? Onde você já viu algum candidato almoçar ou jantar em
mercado publico comer o que o pobre come, você já viu? Tomar pinga e cerveja em
copos “americanos”? No prato de tira gosto onde todos usam um só garfo ou os
dedos depois levar a boca, chupando-os como se fosse pirulito? Pegar menino
sujo no colo? Abraçar velhos nas ruas esburacadas e entrar em casa humildes de
um só cômodo, você já viu? Subir escadarias com 365 degraus e sorrindo para os moradores,
você já viu? Abraços em todas as pessoas em seu caminho? Se você já viu tudo isto você é um felizardo. E
as promessas mirabolantes que enfatizam em seus pronunciamentos e que não vão
conseguir realizar? Vocês vão ter moradias dignas! Agua abundante! Posto de
saúde com médicos especializados para atendimento de imediato! Educação para
todos, incluindo as crianças que frequentarão creches com toda infraestrutura
de lazer, merenda! Saneamento básico para todos a fim de evitar contaminação e
consequentemente doenças! Transporte de qualidade sem a superlotação constante
e com veículos atendendo a população, novos!
Na televisão que somos obrigados, durante cinquenta minutos, ver e ouvir
as promessas que fazem. Acusam-se. Se se encontrarem pode haver até atritos,
talvez não dos candidatos, porque depois da eleição, todos se dão as mais mãos
e confraternizam enquanto os militantes se digladiam em agressões, palavras
chulas e tantas outras aberrações. Tudo visto
e ouvido nas promessas e o povo ainda acredita. Somos realmente um povo que não
olha para trás e levamos o esquecimento dos acontecimentos em nosso cérebro.
Somos esquecidos. Somos um povo sem memoria. Apagamos. Até outubro tudo são
flores. A amabilidade abunda. Os apertos de mãos se encontram. Isto ate
outubro, depois a seriedade e sisudez aparecem, sem exposição nas ruas, praças
e avenidas. Todos ocupam o seu espaço, no Palácio, no Senado e na Câmara Federal
descansando dos risos que distribuíram ao longo de dois meses, nos seus
confortáveis gabinetes, com ar condicionado, cafezinho, e boas lorotas, talvez
rindo de todos nós. E diz um para o outro, daqui a quatro anos estaremos
refazendo a nossa peregrinação pelos mesmos locais a fim de garantir mais uma
temporada na boa vida. Existem sim, políticos competentes e sérios que podem
trabalhar pelo povo, mas não aparece para não destoar às armadilhas que há,
ficam no ostracismo, na escuridão e fora dos holofotes da televisão e das
letras nos jornais quanto ao seu trabalho. Com esta alegria toda, me lembrei do
carnaval de 1965 nos salões da Associação Garanhuense de Atletismo – AGA, na
cidade de Garanhuns quando todos os sorrisos se abriam com a musica de Zé Keti
e Dalva de Oliveira e a alegria contagiava a todos os foliões – Tantos risos, ó tanta alegria, mais de mil
palhaços no salão (nas ruas) Arlequim (políticos/candidatos) esta chorando pela
Colombina (eleitores) no meio da multidão. É isso mesmo camarada. Ver para crê
daqui a quatro anos estaremos no encontrando.
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O clipe abaixo não faz parte do texto do Zetinho. Como ele citou a letra, por que não ouvirmos bela música do Zé Keti na voz de Dalva de Oliveira? (Administração da AGD)
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