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sábado, 25 de outubro de 2014

Blog em viagem - Vamos enfrentar a seca


São Paulo ou Nordeste?


Por Zé Carlos

Há mais de 40 anos, me formando em Economia, ciência ingrata para aqueles que tentam fazer justiça social, principalmente, com o dinheiro dos outros, eu não poderia dizer que estava “liso” porque ainda me restava dinheiro no bolso para algumas passagens de ônibus. Diante desta situação financeira pior do que a do Brasil de hoje, eu decidi enfrentar a seca. Como assim?

Para conseguir algum dinheiro e não chegar em Fortaleza, onde iria fazer um curso de aperfeiçoamento, e ter que dormir os primeiros dias nas marquises, resolvi aceitar uma proposta de adentrar por este sertão nordestino, com um questionário de uma pesquisa nas mãos, entrevistando as pessoas envolvidas com a seca que assolava nossa região de uma forma que até hoje acontece, embora não possamos comparar seus efeitos com o que hoje existe. Naquele período existiam as frentes de trabalho que davam sustento a muitos no período seco, e hoje não há mais frentes de trabalho. Eu não sei decidir qual o melhor dos dois períodos. Anteriormente se saía das frentes de trabalho, hoje não se sai de lugar nenhum.

Foi uma grande experiência de vida o contato com aquele povo bom e hospitaleiro de todas as cidades (lembro de Antenor Navarro (PB), Juazeiro (CE), Exu (PE) e algumas outras que não quero puxar pela memória agora) com histórias incríveis que, se algum dia puder, ainda escreverei sobre. Dentro de um mês, entrevistei muita gente, cuja lembrança maior foi o pai de Luiz Gonzaga, um dos sofredores da seca apesar de ser proprietário de um sítio. Por este trabalho, ganhei um dinheirinho que deu para pagar a pensão no Ceará até receber o dinheiro de uma bolsa. Sim, eu também já vivi de bolsa, embora do tipo que sempre tinha um porta de saída para melhorar, ao contrário de certas bolsas modernas que só aprisionam.

Mas, para que estou tocando nisto? Simples. A partir da próxima semana irei enfrentar outra nova seca. Vou para São Paulo. Eu poderia dizer até que fui convidado pelo governador Alckmin, pela minha experiência em estiagem para ajudar aquele povo sofrido do seu estado. E, se isto fosse verdade, eu até teria alguma experiência, como por exemplo, cavar açudes com a ajuda de jumentos, o grande herói de nossos períodos poucos chuvosos do passado. Ou então, por que não?, mostrar para ele que a solução é fazer como muitos nordestinos o fizeram e emigrarem para outro lugar onde a chuva abunda. O que sinto é que não posso dizer que ele envie seu povo para o sertão nordestino, porque ainda não resolvemos o problema. Talvez, se eles viessem para o Recife, pelo menos o Rio Capibaribe ainda não secou.

No entanto, não posso ir logo inventando histórias, nesta emigração para São Paulo, como o fez o nosso nordestino mais famoso, o Lula, que ainda hoje se elege lembrando daquela viagem num pau-de-arara. Eu vou num pau-de-arara aéreo que é a classe econômica dos nossos voos domésticos, comendo minha barrinha de cereal. Espero chegar lá vivo. E fazer o que realmente vou fazer lá: Visitar minha filha que hoje habita aquele estado e que resolveu cuidar dos animais paulistas (ela está fazendo o curso de Medicina Veterinária na USP), e quem sabe um dia, voltar e cuidar dos animais nordestinos inclusive deste animal que lhes escreve.

Deverei passa lá algum tempo, e o objetivo desta postagem, depois de tanta enrolada escrevinhatória, é avisar aos nossos leitores, os meus poucos, mas os muitos de nossos colaboradores, que A Gazeta Digital poderá sofrer alguns pequenos atrasos de atualização e de publicações, até que, enfrentando a seca paulista, encontremos um lugar de onde possa colocar o blog em dia, como sempre o faço, com todo prazer, e sendo este prazer nossa única paga. Embora não tenha sido isto que informaram à justiça de Bom de Conselho, que me condenou, pelo que outra pessoa disse em nosso Mural. O juiz pensou que eu ganhava muito dinheiro com a AGD. Eu apelei, pelo tamanho do erro, mas, só tenho a dizer que seria melhor que ele estivesse correto. Pelo menos eu iria para São Paulo de primeira classe.


Espero que os transtornos da viagem sejam os menores possíveis para continuarmos tentando informar Bom Conselho e adjacências sobre o que se passa no mundo. Como dizia o filósofo de Bom Conselho “é melhor ver se a lâmpada está queimada do que reclamar do poste”.

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