Por Zé Carlos
Como avisei, algumas postagens atrás, viajei junto com o
blog e estou em São Paulo em São Paulo. São excessivos São Paulos e poucos São
Pedros, que, como sempre ouvi, é o responsável pela chuva que vem do céu. Até
agora não vi uma gota do precioso líquido vindo dele. Eu já ia dizendo, tal
qual o Nordeste nas secas brabas. Mas, não seria justo nem comparável. Lá
tínhamos uma floresta de caatingueiras que sabiam permanecer vivas na seca.
Aqui estamos dentro de uma floresta de prédios, cheio de gente que não sabe nem
economizar o bem de maior valor hoje aqui neste Estado que já foi o sonho de
todo nordestino que pensava em progredir.
Acabo de ver agora, como notícia, pasmem, que dois homens
foram presos por roubarem água. É realmente o fundo do poço, e este está seco.
A moça do tempo promete, para este final de semana, uma chuvinha, mas, chuvinha
mesmo que servirá apenas para os paulistas lembrarem de como é a chuva. Mas,
pelas previsões continuaremos na mesma, por mais algum tempo. Eu ainda não sei
como.
Deixemos a seca um pouco de lado e voltemos a minha
experiência com esta cidade que só conheci 40 e tantos anos atrás, por dois
dias, mas que serão sempre lembrados, porque vi o Zé Dileu pela última vez. Ele
era meu primo e foi o melhor futebolista de Bom Conselho da nossa geração. Quem
sabe quem era Maneléu, sabe também quem ele era. Veio para São Paulo, ainda na
época que aqui chovia nesta terra, para tentar ter a vida que lá não tinha e
que esta cidade prometia a todos. Encontrou a morte, com apenas 30 anos de
idade.
Depois de descer do pau-de-arara aéreo, já com uma barrinha
de cereal no bucho, minha filha, o motivo de minha viagem, já me esperava, e
partimos para tentar chegar em casa. Eu, já estive em algumas cidades grandes e
até enfrentei certas dificuldades no trânsito, mas, nunca pensei que pudesse haver,
nesta matéria, algo tão impactante, no sentido negativo. E quando minha filha
dizia que já tinha se perdido (no bom sentido) várias vezes na cidade, crescia
o meu medo e ansiedade. Uma coisa de louco, para loucos, em termos de
velocidade e falta de respeito pelo outro.
Eu já havia lido a respeito do caos na mobilidade paulista.
Mas, nada é tão chocante quanto viver esta realidade. E o pior de tudo é que
todos dependem deste caos para sobreviver. E foi por esse modelo de cidade que
optamos em quase todo Brasil, o qual para mim não é novidade, vindo de Recife. Fincamos
nossa base de sustentação econômica na indústria automobilística e dependemos
dela até a medula, como se diz. Se ainda pensasse muito sobre estes problemas
urbanos com a visão de estudioso do assunto, como um dia fui, eu teria mais
coisas a dizer. Agora não. Tento me comportar e refletir como um cidadão comum
sobre o que sinto a respeito deste método de vida.
De vez em quando sinto saudade até da época que morava em
Bom Conselho, quando jogava bola na Rua José do Amaral, e a bola só parava para
passar um carro de boi, e me dá saudade, até que penso no Bom Conselho de hoje,
que, em termos de trânsito já está pior do que São Paulo. Volto para o tempo
atual e tento enfrentar a realidade pensando mais nos meus filhos e netos. E
eles não sabem nem o que é um carro de boi, que só gemia quando era bom.
Enfim, depois de mais ou menos 2 horas chegamos ao nosso
destino. Só para lembrar, o voo no pau-de-arara aéreo nos trouxe para cá em um
pouco menos de 3 horas. E aqui estou, com medo de dirigir, sem saber andar no
transporte coletivo, e andando a pé, que é a melhor opção para chegar mais
rápido. Há outras, como por exemplo, usar o helicóptero, mas, destes, mesmo com
minha suada vida, ainda não consegui comprar nenhum. Quem sabe um dia!?
Sempre que eu possa, e a internet, que ainda não tenho onde
habito, me permitir, eu escreverei sobre minha estada aqui para os meus poucos
leitores. E vida que segue.
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