Por Zezinho de Caetés
Quando li a postagem de hoje do Zé Carlos, onde ele diz que
vai a São Paulo e que talvez não possa publicar o que os colaboradores da AGD o
enviem, eu não tive dúvidas. Corri para escrever para ver se ainda o pego em
Recife, pois neste momento eleitoral, que discute política, um texto com uma
hora de atraso é jornal de ontem.
E, confesso, não faltam assuntos nesta reta final de
campanha. Basta olhar para o debate de ontem na Rede Globo para ter matéria
para escrever durante 3 dias. Mas, se não quisermos escrever tanto basta
resumir: Foi um verdadeiro massacre, no bom sentido, é claro. Eu cheguei a ter
pena da Dilma. Certas horas ela só não chorou porque havia dito para Marina que
presidenta não chora.
Desde o início, quando o Aécio deu um cruzado de direita no
queixo dela, pedindo para ela esclarecer a reportagem de VEJA que reproduz o
depoimento do Alberto Youssef na delação premiada, a candidata ficou grogue e não
se recuperou mais durante toda a luta. O mineiro deitou e rolou com a mineira.
Via-se no olhar de William Bonner aquele ar de alegria contida, talvez, pela
vingança do que queriam fazer com a Patrícia Poeta, e que terminaram não
fazendo até agora, e, também, por não o terem permitido tocar no Jornal
Nacional na reportagem bomba da VEJA. Diga-se de passagem que a matéria, hoje,
não é mais só desta revista, porque
tanto a Folha quanto o Estado de S. Paulo, também furaram o segredo de justiça,
com o vazamento. Aliás, querer, dentro de uma divisão política com o Brasil
está vivendo, manter coisas como essas em sigilo é pura ingenuidade.
Mas, ingênua ainda (eu prefiro chamar de “viva”, para não dizerem que eu estou
ofendendo as mulheres, como inventaram do Aécio) foi a Dilma ao querer
processar a revista defendendo a liberdade de expressão. Foi patético, mas, ela
já estava grogue, está desculpada.
O ponto alto do debate foi o novo (pelo menos para este ano)
modelo de debate incluindo os indecisos. Houve um momento simplesmente hilário,
quando uma eleitora indecisa, de 55 anos e formada em Economia, disse que
estava desempregada, e Dilma a mandou fazer o Pronatec, para se reciclar. Ou seja,
com outras palavras, chamou a moça de incompetente, mandando-a fazer um curso
profissionalizante. Isto só se justifica pela formação da Dilma, porque ela
também é economista. É uma pena que os indecisos não pudessem se pronunciar,
para moça responder à candidata que ela é que deveria voltar aos bancos
escolares.
No outro momento, foi o Aécio que brilhou, quando disse que
a solução para corrupção seria tirar o PT do poder. Como eu digo isto aqui há
anos, aplaudi em casa, sozinho. E só não aplaudi mais por causa da pena que
estava da Dilma, e já esperando que ela desmaiasse outra vez. Ela, vestindo as
cores do Sport, cambaleava no palco. Se eu fosse o juiz da luta, ou talvez o
Bonner eu teria parado o combate ali e dado a vitória a Aécio por nocaute
técnico. Graças a Deus ela aguentou até o final e eu fui dormir com os meus
valores morais mais calmos.
E agora, só me resta esperar até amanhã para votar. Mesmo
que eu estivesse indeciso, depois do debate, não há chance de “encarcar” outro número a não ser o 45. O
que espero é que o Zé Carlos publique este texto ainda hoje para não ser
acusado de fazer “boca de urna”.
Ainda não contente, transcrevo um texto do Ruy Fabiano (Blog
do Noblat – 25/10/2014), para vocês terem uma melhor dimensão do que significa
a Dilma ganhar. Ele diz, entre outras coisas os seguinte:
“A democracia foi
substituída pela criminocracia. Caso se comprovem as delações de Youssef – e
quem circula no meio político tem poucas razões para duvidar dessa hipótese -,
uma eventual vitória de Dilma Roussef recolocará o fantasma do impeachment no
palco da política.
Ouvi de um importante
advogado de Brasília, acostumado a defender políticos, a frase: “Os eleitores
de Dilma devem desde já procurar conhecer o programa de governo de Michel
Temer”.”
Vejam por vocês mesmos, lendo o texto abaixo. Para resumir, “se
ficar o impeachment pega e se correr a cadeia come”. Se depender do debate, PT
saudações.
“Não é verdade que o povo brasileiro seja insensível à corrupção. Fosse
assim, Getúlio Vargas não teria se suicidado ao se ver cercado por um mar de
lama (expressão que introduziu no glossário da política brasileira).
Fosse assim, não apenas Fernando Collor não teria sido deposto por um
impeachment, como o PT não teria chegado aonde chegou, já que construiu sua
trajetória pela via do denuncismo.
Hoje, mesmo com sua cúpula na cadeia, insiste em apontar a corrupção do
próximo. Não a encontrando no presente, vai ao passado e procura desenterrar
denúncias que fez ao governo FHC e que, em doze anos de exercício do poder, não
cuidou de demonstrar – e providenciar a punição.
Uma coisa é o denuncismo vazio, que procura constranger o adversário e
pô-lo na defensiva, como o PT sempre fez e continua fazendo. Outra coisa é a
denúncia consistente, lastreada em testemunhos e documentos, como as que
levaram ao impeachment de Collor e ao Mensalão – e agora ao Petrolão.
Não há exemplo mais eloquente de denúncia vazia – e, portanto, leviana
- que a que fez Dilma Roussef ao falecido ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra,
de que recebera propina da Petrobras. Para tanto, invocou o depoente Paulo
Roberto Costa, que manteve na diretoria da Petrobras, e cujas acusações aos
governistas rejeitara por falta de provas.
O advogado de defesa de Paulo Roberto assegura que seu cliente jamais
se referiu a Paulo Roberto Costa [penso que o Ruy quis dizer Sérgio Guerra] em
sua delação premiada – e que nem o conheceu.
Quanto a Sérgio Guerra, não está aí para se defender. A denúncia foi
feita num dos debates, surpreendendo o oponente, já que ninguém antes
mencionara – e nem fazia sentido – a participação de um oposicionista na farra
do PT e seus aliados.
Não importa: importa o efeito no eleitor, que pode atribuir a surpresa
do oponente a um desmascaramento.
Não se busque aí nenhum fundo moral. Lula disse que “eles não sabem do
que somos capazes”. E Dilma disse que faria “o diabo” para vencer as eleições.
Essas promessas eles cumprem, fielmente. Aécio já foi acusado de espancar
mulheres, de dirigir bêbado e drogado, de ser playboy e coisas do gênero. Na
falta de fatos concretos, o jeito é inventá-los.
De tal modo Lula se mostrou transtornado nos últimos comícios que o
ministro Gilmar Mendes, do STF, não resistiu ao comentário: “Ainda bem que não
há bafômetro para comícios”.
A edição de Veja desta semana explica esse desespero: o doleiro Alberto
Youssef, submetido à delação premiada, pôs pela primeira vez os nomes de Lula e
Dilma na cena do crime. Disse que eles sabiam de tudo. E prometeu dar os
números das contas bancárias do PT no exterior para onde ia a grana da
roubalheira.
Precisa mais? Não são apenas acusações de um marginal, que busca jogar
lama no ventilador. Trata-se de alguém que joga seu próprio destino. Delação
premiada não é um jogo de vale-tudo.
As informações precisam estar fundamentadas, lastreadas em documentação
– ou não serão aceitas e agravarão a pena do depoente. As de Paulo Roberto
Costa foram aceitas pelo Ministério Público e pelo Supremo Tribunal Federal. E
ele já está em casa – sinal de que não se tratou de denúncias vazias.
Seja qual for o resultado de amanhã, há uma crise institucional no fim
do túnel. Segundo se informa, em Brasília, algumas ordens de prisão,
direcionadas a parlamentares e a governadores, já estão prontas.
A democracia foi substituída pela criminocracia. Caso se comprovem as
delações de Youssef – e quem circula no meio político tem poucas razões para
duvidar dessa hipótese -, uma eventual vitória de Dilma Roussef recolocará o
fantasma do impeachment no palco da política.
Ouvi de um importante advogado de Brasília, acostumado a defender
políticos, a frase: “Os eleitores de Dilma devem desde já procurar conhecer o
programa de governo de Michel Temer”.
De fato, se vitoriosa – e na hipótese de um processo de impeachment -,
Dilma acha que o PMDB a apoiaria ou preferiria exercer diretamente o poder? A
eleição termina amanhã, mas a crise ocupará 2015.”
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