Zezinho de Caetés
Neste recaldo de incêndio foi a eleição domingo passado só me
restou a oposição. Dizem que no Brasil, para se governar tem que se apelar para
a “governabilidade”. Isto não é coisa
do PT somente, o próprio FHC também usou o PMDB para governar. Quem não o usou
caiu como aconteceu com o Collor. Mas, o resultado desta eleição que fez a
Dilma continuar por mais quatro anos, leva a frear esta crença, pois para o
governo Dilma ter “governabilidade”
nem o PMDB vai conseguir. Eu penso que o Temer vai está de olho é na “butique” dela, o que sobrará com um
possível impeachment da Dilma, que poderá ir de mãos dados com o Lula para a
Papuda se for levado em conta o que o Youssef falou e ainda falará.
Ouvindo o discurso da vitória da Dilma não dar para não
sentir uma sensação de “mais do mesmo” colocado numa roupagem de
mudança. Penso ser muito tarde para haver qualquer mudança benéfica para o país
com a capacidade política da gerenta presidenta. Um discurso que demorou tanto
que quase a levou a derrota, mesmo vencendo. Como fala o texto que publico
abaixo do Merval Pereira (O Globo – 28/10/2014), aquele seu risinho maroto,
quando a patuleia vaiava a Rede Globo, foi tudo de ruim. Temos tudo para
esperar tempos piores nos anos que virão. Como indica o título do texto do
Merval, “Ao vencedor, os problemas”,
seria preciso alguém capaz para lidar com eles e a Dilma já provou que não é
capaz e só quem não viu foram os apaniguados e o pessoal do Bolsa Família.
“Triste fim do Policarpo
Quaresma”, é o título bom para o fim de Dilma, que começa um governo igual
ao seu Ministro da Fazenda, já demitida pelos que entendem do traçado. Agora
fiquem com o Merval que ele explica melhor este quiproquó que será a governança
do Brasil daqui para frente.
“Só saberemos quais são as verdadeiras intenções da presidente Dilma
reeleita quando ela anunciar os integrantes de seu futuro ministério,
especialmente o ministro da Fazenda e o da negociação política. A presidente e
o PT saem das urnas enfraquecidos, com menos votos que jamais conseguiram,
tanto para a presidência da República quanto para o Congresso.
Por região, é possível ver-se a redução de votação do PT. Em 2010, a
candidata Dilma venceu em três regiões: norte, nordeste e sudeste. No domingo,
venceu no norte e no nordeste. Sua votação cresceu apenas no nordeste, onde
obteve 72% dos votos contra 70% em 2010. No norte, repetiu o mesmo índice: 57%.
No centro-oeste, em vez de um empate virtual em 2010, perdeu de 57% a
43%. Já no sudeste, apesar da vitória em Minas, perdeu de 56% a 44%. Em 2010,
venceu na região de 51% a 48%. No Sul, perdeu de 59% a 41%, quando teve em 2010
46% dos votos.
O novo governo tem pela frente um mandato dificílimo, basicamente
devido à própria “herança maldita” com que terão que lidar. Não apenas na parte
econômica, mas, sobretudo, no combate à corrupção, com o caso da Petrobras já
em processo de delação premiada que levará ao envolvimento de inúmeros
políticos do Congresso, e do Executivo, com o risco de a própria Dilma e o
ex-presidente Lula verem-se às voltas com acusações do doleiro Alberto
Yousseff, como revelaram a revista Veja e os jornais Folha de S. Paulo e Estado
de S. Paulo.
Temos, portanto, crises econômicas, políticas e institucionais já
programadas, e pouca capacidade negociadora da presidente para enfrentá-las,
pelo que apresentou até agora, e mesmo na hora de seu discurso de vencedora.
Sua impaciência com os militantes poderia ser até folclórica, se não tivesse
permitido os gritos de guerra contra a imprensa profissional independente, na
figura da Rede Globo, com um sorrisinho no canto da boca, enquanto o presidente
do partido, Rui Falcão, fazia o sinal de positivo.
Seu chamamento à concórdia e ao diálogo poderia ser até um bom
recomeço, se não viesse acoplado à insistência em fazer uma reforma política
com a aprovação de um plebiscito. Controle da chamada mídia profissional e
plebiscito sobre formas de governo são receitas típicas de regimes autoritários
de países vizinhos muito ao gosto de setores importantes do atual governo
brasileiro.
Se a presidente Dilma se preparava para fazer um governo marcado por
seu toque pessoal, terá agora que negociar duplamente, dentro de seu próprio
partido, que passou por um susto tremendo e não vai querer deixar em mãos tão
incompetentes o futuro de um projeto político que pretende se perpetuar no
poder, e com o Congresso, que terá uma oposição revigorada com a maior votação
já recebida desde o fim da era Fernando Henrique Cardoso, justamente no momento
em que o projeto político e econômico do PSDB foi recuperado.
Mesmo perdendo, Aécio Neves fez coisas admiráveis nessa eleição:
enfrentou os ataques do PT contra as políticas do PSDB, revigorando o legado do
Plano Real e exorcizando a lenda de que perderia votos quem enfrentasse o PT e
Lula. A oposição aprendeu nessa campanha a ser oposição de verdade, e será
muito mais dura na próxima legislatura, sob a liderança do presidente do PSDB.
A dificuldade que os petistas tiveram para reeleger Dilma só demonstra
o esgotamento desse modelo. Os métodos utilizados na campanha para alcançar os
objetivos foram muito além do “fazer o diabo” já anunciado pela própria
presidente.
A legitimidade de um mandato não se basta em si mesma, mas advém da
maneira como foi conquistado. Embora as baixarias da campanha petista tenham
ficado num nível comum ao de grandes democracias como os Estados Unidos, não é
bom sinal que tenhamos importado esse tipo de marketing político negativo, em
vez de nos equiparamos a democracias mais avançadas que reprovam instrumentos
como esses.
O abuso da máquina pública, por exemplo, é prática ilegal que não
encontra equivalente em nenhuma democracia moderna. O PT continua com a maior
bancada da Câmara, mas perdeu nada menos que 18 deputados federais. No Senado,
continuará sendo a segunda maior bancada, mas com um senador a menos. Elegeu
cinco governadores, sendo que a jóia da coroa é sem dúvida Minas Gerais,
arrebatada do grupo político do senador Aécio Neves.
Mas será o partido que governará a menor percentagem do PIB nacional
entre os três maiores, com 16,1%. O PSDB continuará a governar a maior parcela
do PIB (44,4%). Em segundo lugar no PIB está o PMDB, com (22,4%), que ficou com
o maior número de governadores e dois dos maiores colégios eleitorais, Rio e
Rio Grande do Sul.”
O fato é que a República está podre e todos os poderes, corrompidos. O que temos visto é um desfile de sujeitos grisalhos ou não, carecas ou não acostumados a roubar contando com a impunidade do foro privilégiado que gozam, assim como gozam da cara do povo que aguarda passivamente o desfecho desse tribunal de homens suspeitos julgando suspeitos homens para, finalmente, votar nos que escaparem.
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