Davi do Barcelona |
Por Zé Carlos
A foto que ilustra este texto é do Davi e do seu time do coração, no momento, o Barcelona. Ela me foi enviada pelo seu pai, grande incentivador da carreira do filho, numa mensagem cujo assunto era: “Menino de Caruaru, contratado pelo Barcelona”. Esta seria uma manchete para ser estampada em todos os jornais do país e quiçá do mundo, se o mundo conhecesse Caruaru.
Certamente, se isto acontecesse, e conhecendo a genialidade do meu neto no trato com a pelota, sendo muito melhor do que seu avô em sua juventude, quando subia quase todos os dias, o Alto do Colégio para ir bater bola lá num campo que não existe mais, em Bom Conselho.
Fez-me relembrar meu tempo de futebol, que foi curto, mas, intenso, com minha modesta intenção de um dia fazer parte da seleção brasileira. Penso até que, todos nós, naquela época de 58 e 62 tínhamos este mesmo sonho. Não era um sonho como o das crianças de hoje, que vivem nas escolinhas de futebol, rumo ao profissionalismo. Era um sonho de ser notado, de jogar uma partida com público e ouvir gritar seu nome, mesmo em nosso modesto estádio, onde quase não havia grama.
Ninguém pensava em ser profissional de futebol, embora alguns de minha época tenham sido, como por exemplo o Adeildo, que sem dúvida foi o melhor jogador de futebol que minha terra produziu, e que ainda vi jogar pelo Santa Cruz. Era um craque em estado bruto. E, vendo a novela das noves, atual, eu fiz uma comparação dele como o Tufão, no que se refere ao físico de gordinho que alcancei em Adeildo. Naquela época, ser magro era doença. E ainda me lembro do grande beque central Pilão, que chegava a correr 10 metros por partida, quando, em alguma delas, conseguia sair do lugar, pelo seu físico avantajado.
Mas, voltemos ao mundo de hoje. Os garotos, como o meu neto, já tem chuteira e vão para a escolinha de futebol. Divertem-se com os vários padrões dos diversos clubes de sua predileção, e ainda conseguem tirar fotos como a apresentada para alegrar os parentes, amigos e, principalmente, o Vovô Zé.
Só há um reflexão a fazer ao responder a uma pergunta: Por que a predileção de Davi pelo Barcelona? Voltando a minha época diriam que ele era um “vira casaca” igual àqueles que acham que o Messi ou o Maradona é melhor do que o Pelé. Mas, pensando bem, quem o Davi viu jogar com os seus 3 aninhos? Querem um palpite? Os jogadores do Barcelona e do Milan, e um pouco o Neymar, mais pelo seu cabelo moderno do que pelo seu time.
Este é o futebol brasileiro hoje. Se nem eu mesmo tenho prazer em ver um time brasileiro jogar, por que teria o Davi? E assim caminhamos para 2014, e não vejo motivo ainda para mostrar ao Davi os jogos dos nossos times, e nem mesmo da seleção. Aliás, ele até pode ver a seleção, porque pensará que é o Barcelona pois ele vê o Daniel Alves.
Dias atrás liguei para minha filha, e quando faço isto tenho sempre a segunda intenção de falar com o Davi. Não tive sorte, pois minha filha falou:
- Papai, o Davi não está aqui. Ele saiu daqui dizendo que iria ao campo do Milan, assistir a um jogo com o pai!
De início não entendi, pois ele estava em Caruaru no dia anterior. Depois da conversa é que entendi. O campo do Milan era o Lacerdão, onde ele foi assistir Porto x América. Dizem que ele achou ótima a experiência, ao ponto de não querer sair de lá antes de terminar, pois seu pai estava preocupado com seus ouvidos inocentes, envolvidos com palavrões cabeludos.
Não tenho mais dúvida, para que ele esteja na seleção brasileira, em 2030, tenho que presenteá-lo com uma camisa do Milan.
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