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quinta-feira, 12 de abril de 2012

CARTA A UM AMIGO




Por Zetinho

Olinda, 10 de abril de 2012.
Caríssimo Sebastião,

Paz e Bem!

Li o seu artigo ou comentário na nossa Gazeta nº 307 referente ao período 16 a 29/02/2012, com um titulo muito sugestivo que representa o nosso querido Brasil “Que brasilzinho bom danado”!!! Comecei a rir. Ri a toa. Uma boa gargalhada se fez ouvir em casa. Correram para mim, perguntando, o que está acontecendo? É este artigo do nosso amigo Sebastião sobre a bandalheira que existe em nosso brasilzinho bonzinho

Pra eles, disse-me os meus familiares... e eu acrescentei como diz os cuiabanos “Que brasilzinho danado de bom.”.

Pois é meu caro Sebastião é um descalabro este assunto que você aborda é tão escandaloso que reflete a verdadeira bondade do nosso País para aqueles que detêm em mãos o poder de ser contemplar da maneira que lhe acha conveniente. O que você escreve, meu amigo, é uma aberração e de uma insensatez sem tamanho, só nosso “brasilzinho” que acolhe toda espécie de manobras na calada da noite, ou melhor dizendo durante a luz do dia esta vergonha de se contemplar de aumentar os seus vencimento da forma que lhes convier.  Aqueles que devem nos dar exemplo de ética e de honestidade? de nos defender das mazelas que o mundo criou são os primeiros a subsidiar os seus próprio ganhos com aumentos escandalosos, deixando a população perplexa.

Que absurdo meu caro Sebastião, os poderes do nosso “brasilzinho”, “terra idolatrada” em “deitados em berços esplendidos” para eles e que o povão se dane, vivam seu inferno astral comendo o “pão que o diabo amassou”, não é verdade?  

Mas você meu caro amigo, sabe que eu e você e todos nós vivente desta “brasilzinho bonzinho” somos os culpados destes escândalos que envergonha o nosso povo e devemos ficar calados e aguentar estas mazelas, pois, somos coniventes com esta patifaria, por colocar estes maus condutores dos nossos destinos, com o nosso precioso voto de confiança naqueles que demonstram serem “cordeiros” de quatro e quatro anos, e que se tornam “cobras venenosas”, no legislativo e no judiciário, nada sabemos.

Neste ano de meu Deus, como diz o sertanejo, lá vem a tal de eleição para prefeitos e vereadores. Muitos já estão batendo em nossa porta, visitando-nos com alegria coisa que nunca fez durante os últimos tempos. Pegam crianças no colo. Beija velhos e abraça todos, aleijados, cegos, mudos, pobres, não importa quem é. Entra em favelas, visita palafitas e casas de papelão na beira do rio ou do mangue, sobem escadarias dos morros e córregos, tomam café em canecos mal lavados, às vezes comem um pão dormido ou bolacha d’água. Andam rindo a toa.  Prometem “mundos” e “fundos” na comunidade com um sorriso maroto, sabendo de antemão que não podem cumprir, mas o que interessa é o voto. Prometem empregos, geração de renda, melhoria no transporte urbano e por ai vai. O nosso Supremo Tribunal Federal, dá mau exemplo. E por quê? E porque fazem isto, respondo amigo Sebastião, porque nós temos memória curta. Eita brasilzinho danado de bom. A justiça somente para os pobres e favelados. Para os ricos sempre tem uma brecha na Lei e assim estes não são penalizados. Os bons advogados atuam nos direitos dos poderosos, ai se resolvem as coisas, enquanto os pobres os advogados são da Assistência Judiciária, que não liga muito para os processos que param em suas mãos. Cozinham os pobres. É isto meu caro Sebastião. Não devemos nos admirar é assim e assim vai ficar. Não adianta gritar, nem estremecer, pois, a coisa neste brasilzinho bonzinho é desta forma e dificilmente mudará.

Eu acredito que o amigo conterrâneo já leu Os Bruzundangas, obra póstuma do afro-brasileiro Lima Barreto. Como é semelhante à narração do que acontece na nação imaginaria onde ele mesmo teria residido com o nosso brasilzinho bonzinho. Veja alguns trechos desta bela obra:

Ele, Lima Barreto, satiriza “os seus capítulos enfocam, entre outros temas, a diplomacia, a Constituição, transações e propinas, os políticos e eleições em Bruzundangas. Critica os privilégios da nobreza, o poder das oligarquias rurais, a futilidade das sanguessugas do erário, desigualdades, saúde e educação tratadas com desdém, enfim as mazelas parecidas às de um país real”.

Outro trecho “sobre os usos e costumes das autoridades, escreve que não atendem às necessidades do povo, tampouco lhe resolvem só problemas. Cuidam de enriquecer e firmar situações dos descendentes colaterais Diz, não há homem influente que não tenha parentes e amigos ocupando cargos de Estado; não há doutores da lei e deputados que não se concederem no DIREITO de deixar aos filhos, netos, sobrinhos, primos gordas pensões pagas pelo Tesouro da Republica. Enquanto isto, a população é escorchada de impostos e vexações fiscais; vive sugada para que parvos, com títulos altissonantes disso ou daquilo, gozem vencimentos, subsídios e aposentadorias duplicados, triplicados, afora os rendimentos que vêm de outras e quaisquer origens”.

Mais um trecho “Bruzundangas é um substantivo feminino” a que pode significar “palavreado confuso, mistura de coisas imprestáveis, mixórdia, trapalhada, embrulhada; No livro Lima Barreto fala da arte de furtar, de nepotismo desenfreados, de favorecimentos e privilégios”.

E, ainda “O livro é um diário de viagem de um brasileiro que morou tempos na Bruzundangas, conheceu sua literatura, a escola samoieda (falsa monótona e afastada da cultura, ou autores fúteis e aconchavados com a classe dominante)”.

É meu amigo Sebastião vale a pena ler e depois comparar com nosso “brasilzinho bonzinho” Eita Brasilzinho! É danado de bom! Viva! Viva! Viva!

Um abraço fraterno ao amigo e até outra correspondência entre amigos.

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