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sexta-feira, 13 de abril de 2012

JESUS LAVOU OS PÉS, DILMA LAVA AS MÃOS.




Por Carlos Sena (*)

Foi numa quinta-feira Santa que Jesus lavou os pés dos Apóstolos. Diante disto, o simbolismo da Bíblia se evidencia sem precedentes, pois norteia a vida nossa de cada dia na nossa relação com os semelhantes. Longe de nós a intenção de polemizar acerca do Livro Sagrado dos cristãos, mas utilizar dele, por exemplo, com a nossa cena urbana. Já imaginaram se a Presidente da República comemorasse a semana Santa em Brasília imitando os passos da paixão? Já imaginaram a cena hilária de Dilma lavando as mãos dos parlamentares? Já imaginaram a presidente sendo crucificada ao lado dos ladrões? De que lado, o direito ou o esquerdo, teriam mais larápios? Imaginem a ceia larga! Que belo cenário para identificar a luta pelo papel de Judas, por parte dos parlamentares! O problema talvez fosse a cena do enforcamento, pois todos iriam querer dar propina pra se livrar da condenação. Acreditamos que nesse cenário Santo, o que menos daria trabalho ao parlamentar seria a cena clássica de Herodes: lavar as mãos – eles já fazem isto com maestria desde que assumem o poder! Nesse aspecto, a presidente teria um insano trabalho durante a cena do lava-pés, digo, do lava mãos. Como poderia ela lavar mãos já tão “limpas”? Mas sujá-las não seriam problemas, posto que já vivem assim há anos! Pois é, Presidente Dilma, essa cena a senhora vai ter que fazer milagre. Não o de Canaã, em que água foi transformada em vinho, mas aquele que implica sujar e lavar ao mesmo tempo as mãos dos inúmeros parlamentares que, como Herodes lavam as mãos para os problemas do povo, mas como ladrões sujam-nas com a rapinagem do dinheiro da educação, da saúde e de outros projetos sociais...

O povo, neste período de semana Santa assume o papel de Madalena que chora aos pés de Cristo pedindo perdão pelos seus pecados. Diferente de Madalena, o povo chora não pedindo perdão, mas clemência a Presidente para que haja mais cadeia e leis mais duras para os corrutos; para todos aqueles que nos roubam além de verbas públicas, a dignidade que só o respeito a cidadania concede.

Assim, nesta quinta-feira Santa, pretendo ir pra Brasília assistir ao “lava-mãos”. Por falar em mãos a Catedral de Brasília tem formado de mãos postas... Estaria ela engajada na simbologia da cidade tão intimamente ligada às mãos sujas da roubalheira? Acho que não. Niemayer talvez tenha atirado no que viu e acertado no que não viu: nunca imaginou que a catedral – uma das suas principais obras do plano piloto, fosse ao mesmo tempo mãos postas e mãos dispostas (dos parlamentares) para a “traquinagem”... Rogo para que as mãos postas ajudem a Presidente a ter mais forças para proceder ao lava-mãos que neste dia se converte no principal ato da Semana Santa.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 05/04/2012

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