Por Zezinho de Caetés
Semana passada li um texto do Elio Gaspari em O Globo, intitulado “O que é que Harvard e o MIT têm?”, referindo-se à visita feita por nossa presidenta a estas duas universidades americanas, que podem ser consideradas as melhores do mundo. O texto, que reproduzo abaixo, fez-me refletir. E esta reflexões eu as coloco por escrito lá em baixo quando vocês terminarem de ler o Gaspari:
“Ontem a doutora Dilma esteve em duas das melhores universidades do mundo, Harvard e o Massachussetts Institute of Technology.
Uma nasceu em 1686, de uma doação de um pastor/taverneiro. A outra veio da iniciativa de um grupo de homens de negócios de Boston.
No início do século passado o MIT ganhou vigor com o patrocínio de George Eastman, uma espécie de Steve Jobs de seu tempo. Se um criou o iPhone, o outro popularizou as máquinas fotográficas Kodak.
As duas instituições devem muito aos projetos de pesquisa financiados pelo governo, mas nada devem à burocracia pedagógica de Washington. Pelo contrário, Harvard e o MIT influenciam as políticas educacionais do país.
Graças à filantropia do andar de cima e à qualidade da gestão de seus patrimônios, as duas têm um ervanário de US$ 42 bilhões.
O Brasil pode ser beneficiado por um movimento renovador do ensino superior. A doutora Dilma quer dobrar o tamanho das conexões internacionais da melhor escola de engenharia do país, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Do ITA saiu a Embraer, cujo faturamento atual equivale a 102 anos do orçamento da escola.
Em São Paulo, com o apoio de empresários, o Insper anunciou que em 2015 abrirá uma faculdade de engenharia voltada para a produção. É bom, mas ainda falta.
O Brasil tem 36 bilionários em dólares na lista da Forbes. Juntando-se os donos das grandes empreiteiras e os homens do agronegócio que escaparam ao radar da revista, passam de 50. Juntos, têm pelo menos US$ 200 bilhões, mas só uns vinte patrocinam filantropias relevantes.
Nos Estados Unidos o nome de Andrew Carnegie, que foi o homem mais rico do mundo, não está associado à ruína da vida dos operários de suas minas e siderúrgicas, mas às doações que fez.
Ele dizia: “Quem morre rico morre desgraçado.” Em vida, acumulou algo como US$ 200 bilhões em dinheiro de hoje. Quando morreu, 1919, distribuíra US$ 150 bilhões, criando escolas técnicas e bibliotecas.
Bill Gates deixou de ser o sujeito que cobra caro pelo Windows. Em vez de ser conhecido pelo que ganha, tornou-se notável pelo que dá. Ele já distribuiu algo como US$ 30 bilhões.
Os magnatas brasileiros podem se juntar, oferecendo ao país duas grandes escolas, mais uma de engenharia e outra de medicina. Com folga, R$ 500 milhões pagam essa conta. Ou seja, R$ 10 milhões de cada um.
A avareza da plutocracia nacional é uma explicação insuficiente. Ela não doa porque sabe quanto custa ganhar um dinheiro que, passando pelo governo ou por instituições semioficiais, acaba malbaratado.
Em 1930, Eufrásia Teixeira Leite, uma grande mulher, que namorou Joaquim Nabuco e multiplicou uma herança do baronato do café, deixou sua fortuna para educar e assistir os pobres de Vassouras.
Em dinheiro de hoje, seriam pelo menos R$ 170 milhões. Cadê? Restam um centro de tecnologia de alimentos e poucas lembranças.
O dinheiro de Eufrásia sumiu porque ela amarrou mal sua gestão. Os bilionários de hoje podem blindar suas doações, como fizeram os americanos. De quebra, melhorarão a qualidade da memória nacional, pois nela há mais nomes de grandes bandidos, como Lampião e Chico Picadinho, do que de grandes empresários admirados pela benemerência.”
Não dar para ficar com o cérebro parado e não pensar: Por que os bilionários brasileiros, geralmente, não fazem a mesma coisa? Sim eu sei que o José Midlin doou uma biblioteca inteira antes de morrer, mas, ainda não vi o Sílvio Santos fazer o mesmo, e nem o Eike Batista. Para falar apenas de alguns.
O que eu sei, e que se tornou moda, é que os políticos, que normalmente, quando deixam o poder sem terem roubado o erário, não tem onde cair morto, fazem um Fundação para disseminar a cultura e o conhecimento entre o povo. Vejam a profusão de Fundações.
Parece estranho, mas, talvez não seja tanto. Aqui , os que ficam muito ricos são empresários que quase sempre viveram pendurados nas tetas dos governos e trabalhando para ele. E mesmo que imaginemos que este trabalho tenha sido honesto, não houve licitação fraudada ou superfaturamento, não há porque esperar que eles retornem seus ganhos para a população pois eles já os estão tirando dela.
No caso dos políticos, é ao contrário. Passaram tanto tempo tentando fazer o bem do povo durante seus mandatos, sem conseguir, que quando saem deles, querem fazer aquilo que lá não fizeram.
Como se vê, isto é apenas uma consequência dos dois modelos adotados nos Estados Unidos e aqui no Brasil. Lá, os empresários enriquecem a nação. Aqui o Estado enriquece os empresários. Lá, os políticos lutam para que todos fiquem ricos. Aqui eles lutam para ficarem ricos e tentarem ajudar a todos, em sua aposentadoria.
Mas, estas são apenas reflexões de fim de semana, que me levam a tentar ficar muito rico e, antes de morrer, doar toda minha fortuna para perpetuar o Programa Bolsa Família. Talvez eu eleja um filho meu.
Parabéns pelo texto e comentário. Pequenos senões no "podem serem" e no "presidenta", mas no Brasil virou moda massacrar o idioma, inventando-se novas regras gramaticais para o agrado ao poder.
ResponderExcluirAgradeço ao Jose pelos comentários e pela correção ao meu texto. Já pedi à AGD para corrigir, colocando o que acho certo também “podem ser”. Neste caso o ver ser é auxiliar e fica invariável. Foi a pressa. Obrigado.
ResponderExcluirQuanto ao outro senão, não é propriamente um senão. No Blog da CIT onde todos habitávamos quase que se convencionou, por uma ideia da Lucinha Peixoto, que quando usássemos “presidenta” estaríamos nos referindo a Dilma Roussef. E deixaríamos o mais afável e comum “presidente” para outras presidentes que não se importam tando com bobagens.
De qualquer forma obrigado pela leitura.
Zezinho de Caetés