Por Zé Carlos
Este último fim de semana foi “tudo de bom”, como dizem os jovens. Recebi em minha casa as visitas ilustres do Miguel e do Davi, meus dois netos, que moram na Capital do Agreste, Caruaru. O Miguel veio ver seu pediatra como mandam os bons manuais de criação de crianças modernos.
Isto me faz recordar nossa medicina do século passado, quando eu era criança lá em Bom Conselho. Era o Dr. França e mais ninguém. E muitas vezes nem ele. Perdi dois irmãzinhos dentro dos índices de mortalidade infantil da época. Eram os anjinhos que enchiam os cemitérios, em sua parte infantil. Eles não iam para o lugar dos adultos, diziam, iam para o limbo, que até hoje não sei o que é.
Mas, deixemos as tristezas de lado e alegremo-nos com os avanços de hoje que nos fazem levar nossas criancinhas ao médico sem nem pensarmos em doença. E lá foi Miguel, com seus dois meses, firme e forte para enfrentar o trânsito caótico do Recife e saber logo em seguida que estava com 3 quilos a mais, desde quando nasceu. Como mama o moleque! E tem leite de sobra graças a Deus.
E para aumentar minha alegria, o Davi ficou comigo e praticamos todos os tipos de brincadeira que aguentamos, ele por sua pouca e eu pela minha muita idade. Ele jogava bola e eu andava atrás, ele andava de bicicleta e lá ia eu com ele, mas atrás. E haja energia! Dele. E haja cansaço. Meu. Ainda no domingo fomos ao Parque da Jaqueira e vi quanto são bons os parques. Pelo tempo que uso o da Jaquiera ele parece eterno. E lá adquirimos outra bola e vários animais de borracha, que ajudaram a acalmar o Davi na segunda-feira.
E desta vez foi especial. O bom fim de semana não terminaria no domingo. Fomos convidados, eu e a avó para irmos a uma festa em nossa homenagem na escola do Davi em Caruaru. Se eu aceitei convite até para ir ao Encontro de Bloqueiros de Bom Conselho, como não aceitaria este?
E lá fomos nós, na segunda-feira, enquanto os pais levavam o Miguel no médico, navegar pela BR-232. Já fui tantas vez lá em Caruaru, que se não fossem sempre os novos buracos, bastaria ligar o piloto automático e o carro chegaria lá facilmente.
E na terça-feira chega a grande hora. No Espaço Educacional Construtivo, uma escola simpática e aconchegante, acotovelavam-se para entrar, senhores e senhoras com suas camisas e blusas molhadas pelas babas, que justificava nosso título de “avós babões”.
Primeira surpresa foi ouvir a Diretora do educandário, a Fátima, dizer que a inspiração para fazer uma festa para os avós foi, em parte, devida ao prazer que ela sentia quando ia para casa de sua avó em Bom Conselho, e era recebida com um carinho imenso e diferente. Eu pensei, meu Deus, como o mundo é pequeno. A avó da Fátima poderia ter sido minha vizinha e eu nem sabia, e nem tive tempo de perguntar depois, quem seria ela.
Então, depois de depoimentos sinceros e lacrimosos (e lágrimas não faltaram para ninguém) dos avós, e de um lauto lanche que nos recarregou as energias para produção de mais lágrimas, veio a festa homenagem a nós, propriamente dita.
Como eu sabia que seria difícil de descrever as emoções daqueles belos momentos, eu filmei quase tudo e coloquei no YouTube, dentro dos limites dos nossos equipamentos, num filme que tem duração de 11 minutos aproximadamente, o qual o reproduzo aí embaixo. Duma coisa eu tenho certeza: mesmo a qualidade não sendo tão boa, sei que mais babas rolarão das bocas dos avós e agora dos pais, que não estavam lá na festa, pois neste dia os netos eram só nossos, dos “avós babões”.
Zé Carlos,
ResponderExcluirVocê sabe que eu sempre aprecio seus testemunhos com Vovô Zé. Agora pareces que moras em Caruaru. Adorei o texto e o vídeo, e achei o Davi uma graça. Não vejo a hora de juntá-lo como o Júlio para ver o que dá. Pelo jeitão vão ser amigos.
Parabéns, e um abraço da amiga
Lucinha Peixoto (Blog da Lucinha Peixoto)
P.S.: Vejam em meu blog minha entrevista com a Vilma, minha faxineira. Clique no link em meu nome, e se gostar divulgue.
LP
Que lindos, eu adorei e tambem sou avo...
ResponderExcluirPrezado Vovô Zé,
ResponderExcluirPLAGIANDO OU GENTILMENTE ROUBANDO ALGUMAS PALAVRAS DA GRANDE ESCRITORA RACHEL DE QUEIROZ, AFIRMO-LHE COM TODA MINHA EXPERIÊNCIA DE AVÔ, POR SER POSSUIDOR DE DUAS NETINHAS GUERRILHEIRINHAS E SENTIR UMA EMOÇÃO DIFERENCIADA POR ELAS QUE, NEM TUDO SÃO FLORES NO CAMINHO DO AVÔ. HÁ, ACIMA DE TUDO, O ENTRAVE MAIOR, A GRANDE RIVAL: A MÃE. ISSO MESMO, A MÃE. NÃO IMPORTA QUE ELA, EM SI, SEJA SUA FILHA. NÃO DEIXA POR ISSO DE SER A MÃE DOS NETOS. NÃO IMPORTA QUE ELA HIPOCRITAMENTE, ENSINE A CRIANÇA A LHE DAR BEIJOS E A LHE CHAMAR DE "VOVOZINHO" E LHE CONTE QUE DE NOITE, ÀS VEZES, ELES DE REPENTE ACORDAM E PERGUNTAM PELO VÔ ZÉ. SÃO LISONJAS, ADULAÇÕES, AFAGOS, NADA MAIS. NO FUNDO ELA É RIVAL MESMO. RIGOROSAMENTE, NAS SUAS POSIÇÕES RESPECTIVAS, A MÃE E O AVÔ REPRESENTAM, EM RELAÇÃO AOS NETOS, PAPÉIS MUITO SEMELHANTES AO DA ESPOSA E DA AMANTE NOS TRIÂNGULOS CONJUGAIS. A MÃE TEM TODAS AS VANTAGENS DA DOMESTICIDADE E DA PRESENÇA CONSTANTE. DORME COM ELES, DÁ-LHES BANHO, VESTE-OS, EMBALA-OS DE NOITE. CONTRA SI TEM A FADIGA DA ROTINA, A OBRIGAÇÃO DE EDUCAR E O ÔNUS DE CASTIGAR. JÁ O AVÔ NÃO TEM DIREITOS LEGAIS, MAS OFERECE A SEDUÇÃO DO ROMANCE E DO IMPREVISTO. MORA EM OUTRA CASA. TRAZ PRESENTES. FAZ COISAS NÃO PROGRAMADAS. LEVA-OS PARA O PASSEIO, "NÃO RALHA NUNCA". DEIXA LAMBUZAREM-SE DE ALGODÃO DOCE. NÃO TEM A MENOR PRETENSÃO PEDAGÓGICA. É O CONFIDENTE DAS HORAS DE RESSENTIMENTOS, O ÚLTIMO RECURSO DOS MOMENTOS DE OPRESSÃO, O SECRETO ALIADO NAS CRISES DE REBELDIA. POIS BEM MEU PREZADO AVÔ, A BRILHANTE RACHEL DE QUEIROZ, DISSE CERTA VEZ QUE OS NETOS SÃO COMO HERANÇA, VOCÊ OS GANHA SEM MERECER. DAÍ, COMO CONSOLO, AFIRMO-LHE: NÃO IMPORTA O QUE OS PAIS DE NOSSOS NETOS FALEM DA GENTE. AGORA, É PRECISO QUE ELES SAIBAM OU QUE ELES ENTENDAM QUE, “NETO É FILHO COM DIREITO A ASSISTÊNCIA TÉCNICA”. E NÃO SE FALA MAIS NISSO!!!