Por Renato Curvelo
Um dia desses li uma postagem incorreta em um blog, parodiando minha palestra sobre anonimato e suas repercussões jurídicas, proferida no já conceituado evento do 2º Encontro de Blogueiros, promovido pelo brilhante e estimado Cláudio André Santos – O Poeta, parecendo mais que tinha sido escrita por um rábula (sem desmerecer), que apenas tem o dom da palavra, mas não possui o conhecimento técnico-jurídico, do que por um jurista, e pensando que alguém poderia tê-la visto também, vi, cautelosamente, a necessidade de fazer essa postagem para que o desconhecimento jurídico do escritor, eventualmente, não afete a boa ordem das relações jurídicas, causando um falso temor para aqueles que desejam autorizar postagens anônimas.
Pedindo vênia pela demora na postagem, é que o labor às vezes nos ceifa de momentos prazerosos da escrita literária ou doutrinária, volto ao esclarecimento popular. A obrigação do operador do direito é de interpretar, quando sabe, e aplicar as leis, a do legislador é de criá-las, moralmente perfeitas ou não. Independente de minha posição pessoal (que é pela identificação), a posição do direito é una.
Verifico que um parco conhecimento sobre relação de causalidade, ao se escrever um texto, interpretando erroneamente partes do texto penal, de forma isolada, pode ser fruto de um escritor que não acompanha a evolução da ciência jurídica, mas, fazendo ou não, obriga-me a trazer-lhe o conhecimento, esperando que aquele que vista a carapuça não se chateie de sentar novamente na carteira escolar, ainda que virtual. Sigamos.
A relevância da omissão, penalmente punida, conforme §2º do art. 13 do CP, somente se configura se o omitente conhece o fato e pode discernir se o “comentário” é verdadeiro ou não, do contrário não há omissão. Ou seja, a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. Vou explicar melhor, mas se ficar difícil para o escritor do texto original entender, me avise para eu poder desenhar. Vejamos.
Se digo que FULANO desviou dinheiro público e eu sei que ele não desviou porque eu era o tesoureiro da sua gestão, caso eu permita uma postagem no meu blog dizendo que ele é que desviou dinheiro posso ser responsabilizado por isso, pois eu tinha conhecimento da verdade. Mas se por acaso eu não participe de sua gestão, como posso atestar se ele desviou ou não o dinheiro público? Caso eu permita essa postagem, não poderei ser penalizado por isso, mas sim quem a elaborou. Aí pergunto: qual o resultado da postagem? Foi moralmente danoso por falar fatos inverídicos? E se os fatos forem verdadeiros onde está o resultado danoso? Como poderei distinguir? Se essa distinção não puder ser feita, não há relação de causalidade, tão pouco relevância da omissão.
O Superior Tribunal de Justiça através do Recurso Especial 1186616, firmou entendimento que o provedor de internet não precisa fazer controle prévio de conteúdo, isentando a Google Brasil Internet LTDA, de indenizar internauta ofendido no Orkut, decidindo que o provedor não participa na criação dos textos que são veiculados no site. É o caso dos Blogs que permitem a postagem, de forma automática ou não, onde seus criadores não estão obrigados a fazer controle prévio de conteúdo, nem podem ser punidos por permiti-los, já que não participam da elaboração dos textos.
Lembro novamente que o IP identifica cada máquina e cabe às investigações descobrirem o verdadeiro “infrator”, ressaltando que mesmo indesejável a verdade não é punida. Também lembro que a Internet é uma rede de domínio público. A justiça Federal do Distrito Federal, por meio do processo 20070110461634, isentou a Editora Três (Revista IstoÉ) e seus jornalistas escritores de sofrerem condenação indenizatória por terem publicado e assinado texto acusatórios baseadas em dados públicos.
Não demorarão a aparecer novos devaneios jurídicos tentando atemorizar os que permitem as postagens anônimas, não se iludam, se muito forem serão apenas rábulas e não juristas. Ainda falando do escritor, que divagando no alheio jurídico tanta levar o texto para uma conotação pessoal fazendo referência ao “joão sem braço”, lembro, se mais uma vez demonstrar-se desconhecedor do assunto, ou se o fator temporal não permitir-lhe lembrar, que tal gíria se refere a uma pessoa que finge não entender o que esta acontecendo para tirar vantagem da situação ou para o próprio bem (novamente, cuidado com a carapuça).
Não vejo como isso possa colaborar com minha situação, mas talvez outra gíria seja aplicada ao caso, ao seu caso, como “não meta o nariz onde não é chamado”, que é utilizado quando uma pessoa está fazendo algo, tentando escutar algo, presenciando ou falando algo que não deveria. Torno dispensável o alongamento da discussão pelo feitio que não tenho de tratar minúcias, todavia, adoraria fazê-lo, se necessário fosse, num ambiente didático-jurídico.
COM UM RAZOÁVEL CONHECIMENTO JURÍDICO DE QUE É POSSUIDOR E A FACILIDADE DE DESTRINCHAR DETERMINADOS TEMAS, DOUTOR RENATO CURVELO, SE NA POLÍTICA, GOZAR DE TAMANHO CONHECIMENTO E TIVER AFINIDADE OU DOTES POLÍTICOS, VAI SER UM PREFEITO QUE IRÁ PRATICAR A REDENÇÃO DE BOM CONSELHO QUE, PELO QUE SE SABE, HÁ MAIS DE 20 ANOS, POLÍTICAMENTE FALANDO, A CIDADE VIU O GALO CANTAR E NÃO SABE ONDE...
ResponderExcluirConcordo com o comentário anterior e reafirmo que são de pessoas com este conhecimento que Bom Conselho está precisando e chega de prefeitos que precisam que se pegue na mão para assinar o nome. Já tivemos um presidente assim e vejam no que deu: no mensalão. E na corrupção generalizada em que nadamos.
ResponderExcluirEu hoje já toco neste artigo no meu blog (link acima no meu nome). Vejo que definitivamente o Dr. Renato colocou os pingos nos “i” sobre a questão do anonimato, falando num jargão jurídico moderno em contraposição ao da pessoa que ainda usa o Pedro Nunes como livro de cabeceira, a outra que escreve nas fraldas.
ResponderExcluirQuanto ao comentário do Altamir, mesmo ainda sem me declarar do lado de A ou de B, na briga pela prefeitura de Bom Conselho, onde ainda vai jorrar muito sangue suar e lágrimas pelo Papacacinha abaixo, é um fato. Se aliado à sua cultura, ele tiver o senso da juventude para mudar um pouco nossa maneira dos políticos tratarem a questão política com princípios e não com oportunismos: Ele é o homem! Infelizmente, do ponto de vista de gênero, eu não sei se já perdemos a chance. Vamos ver.
Parabéns por mais este texto.
Lucinha Peixoto (Blog da Lucinha Peixoto)
APROVEITANDO OU PEGANDO A DEIXA DA LUCINHA PEIXOTO E DO ANÔNIMO, HOJE, LENDO O BLOG DO POETA, DEPAREI-ME COM UM COMENTÁRIO DO AFONSO DIDER QUE, MESMO SEM CONHECÊ-LO, ASSINO EMBAIXO O QUE ELE DESCREVEU QUE FORA MAIS OU MENOS ASSIM: SERIA DE BOM ALVITRE QUE O Dr. CURVELO E O Dr. ZENÍCIO JUNTASSEM OS CACOS, EMENDASSEM OS BIGODES E SE PROPUSESSEM A CANDIDATAREM-SE.
ResponderExcluirIsto mesmo Chumbo. Só vejo um meio para o Dr. Zenício se juntar com político de Bom Conselho que é o Dr. Renato ou então o irmão. O resto são traças.
ResponderExcluirHoje iria postar como um recado no Mural desta AGD, o texto seguinte, que vi ontem no Diário de Pernambuco, escrito pela Marisa Gibson, mas resolvi fazê-lo aqui, pela natureza do texto do Dr. Renato, que me protege com eficiência e racionalidade, como pseudônimo, e pelos comentários que ele provocou, da Lucinha, do colega anônimo e do Altamir Pinheiro. Pois, o que eles falam tem muito a ver com o nível intelectual de que fala a Marisa, como sendo uma estratégia do governador para 2012.
ResponderExcluirPelo que sei o Dr. Renato é hoje o Presidente do PSB em Bom Conselho. Não seria ele um exemplo desta estratégia do governador? Se for, não terá mais prá ninguém, a não ser as composições, onde podem entrar o Dr. Zenício como exemplo. Embora não queira me meter em questões internas dos outros municípios, pois hoje só me meto aqui em Recife, dizendo que se João da Costa for eleito eu volta para Caetés para fundar nossa Academia de Letras, eu defendo muito a educação formal para determinados cargos. E nisto eu concordo com o anônimo, chega de apedeutas e mensalão. Leiam a Marisa:
“Um apostador nato, o governador Eduardo Campos (PBS) quer agora mudar o cenário das eleições para prefeito no interior do estado. Ele trabalha para que deputados federais e estaduais disputem um grande número de prefeituras e já tem uma relação de parlamentares que podem ser convocados para essa nova empreitada político-eleitoral. De início, esta decisão elimina muitos pretendentes menores, que estão se movimentando em torno das eleições do próximo ano, ao mesmo tempo em que introduz uma discussão nas bancadas estaduais e federais sobre os benefícios ou prejuízos que os deputados poderão ter com este novo foco que será dado à disputa de 2012. A ideia de Eduardo é que sua base no interior dê um salto de qualidade, elegendo prefeitos com um melhor nível e que tenham condições, por exemplo, de tratar de questões do seu município em Brasília – é sabido que muitos sequer sabem elaborar um projeto. Com a futura fornada de prefeitos, Eduardo espera estabelecer um outro ritmo nas administrações municipais, com experiências diferentes e novos arranjos sendo colocados em prática. Se tiver êxito, o governador estará jogando para trás aquela leva de prefeitos, alguns folclóricos, cujos limites são as quatro ruas de sua cidade. Os critérios para a convocação dos parlamentares para a disputa municipal ainda não estão definidos, mas com essa estratégia o governador também abre espaço para uma renovação das chapas proporcionais para as eleições de 2014, no pressuposto de que os deputados que concorrerem para prefeito serão eleitos.”
Dois candidatos bom danado. O problema é que dois bicudos num se beija. Uma chapa com os dois não é vitória certa mas aqui prá nós quem será o vice? a prefeita e seus secretarios tão fora do páreo todo mundo sabe e quem vai aparecer mais? Na pesquisa do blog ainda vou pensar mas vou votar primeiro em quem nunca vi falar.
ResponderExcluirEleitor ansioso
Agradeço aos amigos pelas palavras atenciosas, sempre me dispondo ao esclarecimento jurídico necessário a que o estado democrático de direito e a segurança jurídica sejam preservados. No cenário políticos precisamos de sentimentos como os dos comentaristas, direcionados para o bem maior da comunidade onde se vive, representados na intenção pessoal de participar desse processo renovatório de poder para que o resultado finalista desse poder realmente chegue ao povo. Abraços.
ResponderExcluirVejam só não é porque se filia ao PSB que a vitória é certa, temos exemplos daqueles que se filiaram ao PMDB de Jarbas(87% de aprovação, vamos lembrar) e deram com as burrinhas na água e se afogaram foram muitos, entretanto é um grande nome, grande advogado, e com certeza mais um nome para somar na democracia dos votos. Contudo existem diversos Grupos, e esse será mais um, como diz o poeta muitas águas vão passar debaixo dessa ponte.
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