MINISTÉRIOS E RATOS DO PLANALTO

Por Carlos Sena (*)

"A tua piscina tá cheia de ratos

Tuas ideias não correspondem aos fatos

O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado

Eu vejo um museu de grandes novidades

O tempo não para

Não para, não, não para" (...) (Cazuza)

Faz tempo que Cazuza se foi, mas sua mensagem continua atual como se o tempo tivesse parado. Diante de tantos "ratos em nossas piscinas", a presidente Dilma ensaia uma “faxina”, tenta secá-las para expulsar os ratos. O risco é que os ratos molhados também fogem embora meio pesados; refugiam-se em piscinas menores em outros recantos da nação. Rato molhado continua rato e ágil!  Exterminá-los dá trabalho porque os "raticidas" já não fazem tanto efeito - de tanto sentirem seu cheiro, as "ratazanas" se defendem fácil. Talvez uma melhor forma fosse envenenar a própria água e vê-los boiando feito bosta. Mas Dilma insiste, chama a Polícia Federal que entra em cena e prende um bando de marginais travestidos de boa gente, os chamados colarinhos brancos que impestam nossas principais instituições públicas traficando influência e exercendo o jogo sujo do “É DANDO QUE SE RECEBE”. A imprensa aplaude a Presidente, nós eleitores não menos a aplaudimos, embora paire dentro de cada um a descrença generalizada de que ela venha a ter o êxito que todos nós esperamos. Concomitante isto, uma juíza é assassinada porque mandava pra cadeia policiais corruptos, enquanto outrora a imprensa mostrou um homem que fora preso porque roubara um pote de margarina para alimentar os filhos. No outro lado dessa moe(r)da, a o-posição vocifera como que querendo dizer que a Presidente quer ser mais realista do que o rei. Que rei? O Collorido de Ala Goas? Ou o Rei Henriques?

A gente vive se trancafiando dentro de casa porque a violência de lá de fora nos mete medo. Dizem que em cada três pessoas, uma já sofreu um assalto nas grandes cidades. Dessas, poucas procuram a polícia para fazer o BO – BOLETIM DE OCORRÊNCIA. Não dá em nada, dizem. Ademais o medo da polícia despreparada mete tanto medo quanto se bandidos fossem, embora haja policiais sérios. Neste sentido, um raciocínio lógico se interpõe: se uma juíza quis fazer cumprir a lei e foi morta, quanto mais nós!

Assim, nossa cena urbana vai se acostumando com a violência e com a corrupção, correndo o risco de conviver com a "ratazana" achando muito normal. A vida se banaliza a cada dia e nós se não nos indignarmos também iremos achar a vida banal. Segurança, Saúde Pública e Educação são os principais pilares de sustentação da formação de um país sério. Mas parece que essa não tem sido nossa vocação, pois nossos legisladores não estão nem aí para produzir leis duras com punições severas. Certo é o caminho do voto, mas a gente está meio cansada dos TIRIRICAS da vida, das negociatas e dos trambiques que a nação está careca de ver sob o patrocínio de políticos das diversas siglas. Nossa segurança é feita por nós na medida em que nos prendemos em casa e não podemos andar pelas ruas da cidade sem sobressalto; nossa educação pública é para pobre, pois os ricos estudam nas escolas particulares, principalmente os filhos dos políticos; nossa saúde está diretamente ligada aos planos particulares de saúde, pois os nossos políticos não liberem financiamento adequado para isto, embora saibamos que se gasta mal os recursos em todos os níveis públicos do país. Quando a gente não quer qualquer argumento serve: “eu prendo, a justiça solta e diz que só cumpre o que o congresso definiu por lei. Os parlamentares, por sua vez, dizem que é a policia que é corrupta e que o judiciário é ineficiente e”... Qualquer semelhança com a fábula do vaga-lume não será mera coincidência, lembram?

Apesar de tudo, a Presidente está firme e contando com o apoio da opinião pública e da imprensa. Ficamos torcendo por ela, pois depois de tanto homem no poder, parece mesmo que o remédio contra a corrupção tem que vestir saia. Só não vejo o apoio do SILAS MALAFEIA, nem de SERRA, nem dos Padrecos, nem dos que são contra porque não sabem ser a favor de nada! Sequer umas coroas de flores mandaram pra juíza morta, pois tudo isto é coisa que não dá voto. Dá voto meter o “pau” nos gays, no aborto e alhures, pois além disto estimula a falsa moral que sustenta o mercado da fé, dos Edir Morcegos da vida e dos MALA. Neste sentido, pra esses pastorecos dá trabalho ir contra a violência urbana e nossas leis tão frouxas; igualmente neste sentido, nenhuma marcha se vê pelas grandes cidades: nem das vadias, nem das mulheres, nem de Jesus, nem do orgulho gay, nem dos caras pintadas, nem dos negros, nem da maconha, nem da “P” que pariu...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 22/08/2011