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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ainda a Ana Arraes no TCU e o nosso HE-MAN




Por Zezinho de Caetés

Dias atrás eu fiz um comentário nos blogs do Roberto Almeida e da Lucinha Peixoto, onde falava da  nomeação de Ana Arraes, mãe do governador, para o  TCU.

Num dos blogs o Zé Fernandes, meu ex-contendor, mesmo sem citar meu nome ou pseudônimo pergunta onde estaria minha genialidade. Eu não sei de onde ele tirou isto de genialidade, mas eu suponho tenha sido uma ironia por causa da verdade bem dita, como o sabem fazer os bons jornalistas e analista da política tupiniquim. Não fiquei chateado, mas, reproduzo outra vez o texto do Reinaldo Azevedo, pois se ele preocupou o Zé Fernandes, é porque tem algum valor. Leiam e volto depois.

A forma como se deu a eleição da mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), para o TCU é particularmente importante porque ele é considerado aqui e ali, de modo superestimado a meu ver, uma liderança emergente da política, um homem especialmente hábil, chegado ao diálogo, um construtor de consensos, essas coisas genéricas, imprecisas e um tanto pastosas com que costumam definir no Brasil a falta de clareza, a ausência de contornos programáticos, a paixão pelo conchavo, as costuras de bastidores. Em suma: nesse particular, não há nada mais velho do que o jovem Eduardo Campos, que se comportou como um coronel ao velho estilo. Ah, sim: sua mãe é a deputada Ana Arraes (PSB), mas isso não tem a menor importância. Se ela se chamasse Jocasta, Sevília ou Maricota, daria na mesma. Ninguém votou nela, mas no filho.

Campos ligou pessoalmente para todos os governadores, cabalando votos para mãe, para que estes pressionassem suas respectivas bancadas. É verdade: se um filho não apoiar a sua mãe, quem há de fazê-lo, não é mesmo? Quando se é governador de Estado e quando a progenitora é deputada, estando em disputa uma vaga num órgão de assessoramente do Legislativo e de vigilância dos gastos públicos, é evidente que as ligações são mais do que impróprias.

Elas afrontam o princípio republicano. Uma coisa é endossar o pleito da mãe; outra, distinta, é organizar a pressão, deslocando, inclusive, o alto escalão do poder no seu estado para dar plantão na Câmara. É descabido. Pela primeira vez na história, que eu saiba, havia até buttons para pregar na lapela em defesa do nome da deputada. Campos pôs a mãe no meio para testar o seu prestígio. Ele andou espalhando a história de que, depois de lançada a candidatura, acabou se arrependendo. Não faz sentido. Ele a patrocinou para testar o seu prestígio. Deve estar feliz da vida.

É claro que governadores ajudaram, inclusive os do PSDB, mas o grande cabo eleitoral foi mesmo Luiz Inácio Lula da Silva, que continua em campanha para 2014. Ele também  testava o seu prestígio. Os petistas e uma parcela importante do PMDB migraram em massa para Ana.”

Nos comentários eu parei por aí, pois o espaço era limitado. Aqui eu posso me estender um pouco com a ajuda de outros, com quem comungamos do mesmo pensamento, mas, escrevem melhor do que eu. Por exemplo a Marisa Gibson, a quem admiro pela precisão na análise política e pela sua não submissão aos mandões do Palácio do Campo das Princesas, diz no Diário de Pernambuco, em sua coluna (23.09) o seguinte, com título de “Sem contraponto”:

“A plenitude com que o governador Eduardo Campos (PSB) exerceu seu poder no processo da escolha da deputada Ana Arraes (PSB), sua mãe, para ministra do Tribunal de Contas da União, deve ser vista como um indicativo claro de que não haverá divisão da Frente Popular nas eleições para a Prefeitura do Recife. Quem estiver alimentando esta ilusão pode procurar outro recurso, sobretudo a oposição, para tentar conquistar o comando da capital pernambucana. E mais: se dentro da Frente Popular não tem nenhuma liderança que ouse romper com Eduardo, lançando um candidato a prefeito fora do guarda-chuva do Palácio das Princesas, entre os oposicionistas, com exceção do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), todos têm receio de um enfrentamento com o governador. Por trás deste receio está a aliança de Eduardo com o ex-presidente Lula, e a sua movimentação no país, como presidente nacional do PSB, com alianças em estados poderosos como São Paulo e Minas, além do seu controle dentro do Congresso Nacional. É uma realidade inegável e diz respeito a 2012, a 2014, e, quem sabe, a outras futuras eleições, apontando para uma só conclusão: Eduardo vai mandar por muito tempo em Pernambuco e tem todos instrumentos – poder, talento, coragem, ousadia e familiares ligados à política – para instaurar, se quiser, uma dinastia no estado, assim como fez ACM na Bahia e como é no Maranhão de Sarney. O espólio eleitoral da deputada Ana Arraes, por exemplo, certamente ficará com a família, que já tem a vereadora Marília Arraes (PSB) e, vez por outra, se levanta a hipótese, entre os aliados, de uma possível candidatura da primeira-dama, dona Renata Campos, a deputada federal, embora ela negue. Esta situação de plenitude é um reflexo da ausência de um contraponto. Em governos anteriores, havia uma oposição fraca mas havia. Até nos tempos da Arena, existiu a Arena rebelde. No governo Eduardo, a oposição é zero.”

Tudo isto é pura verdade, principalmente,  no que diz respeito à oposição. Não temos oposição no Estado. Basta olhar o processo eleitoral para as eleições de 2012, que vemos quanto nosso governador reina absoluto. Eu ainda não vi nenhum pré-candidato a prefeito, com exceção dos muito grandes municípios que digam serem contra as atitudes do governador.

Existem municípios onde o governo do Estado praticamente esqueceu que existe, e só quem existe é a imagem do governador na parede para ser reverenciada. Eduardo Campos, não só se tornou o novo ACM, o novo Sarney, ou o novo Jader Barbalho, ele se tornou o próprio Padim Ciço Romão Batista. E quando ele perambula com o apedeuta a tiracolo só não os chamam Cosme e Damião porque o Lula tem barba e os santos eram imberbes. Mas, que tem crianças correndo atrás deles para ganhar doces, ah, isso tem. Crianças enormes, que são os pré-candidatos a prefeito e que não vestem mais calças curtas.

Não se iludam e nem desesperem, mas hoje, na política pernambucano, o que a Marisa Gibson diz, que a Renata Campos vai ser deputada federal, já é considerado um feito menor para nosso HE-MAN da política. Realmente, sem contraponto e sem oposição, o nosso donatário poderá ir muito mais longe. Dentro de poucos anos, quando houver uma reunião do TCU, e chegar alguém na porta dizendo que a casa dos Arraes ou Campos estiver pegando fogo, a sala ficará vazia. Triste fim dos nossos Policarpos Quaresma.

Quando já havia terminado de escrever leio uma notícia sobre uns aluguéis de carros em Brasília, por parte do nosso governador e de nossa deputada, que, se procedente, pode mostrar que nosso HE-MAN está já está encontrando algum Esqueleto por este Brasil afora. Gastar R$ 303.000 com aluguel de carro com o nosso dinheirinho, poderia ser pouco, mas para fazer campanha materna, é demais! Mas, isto já é assunto para outro texto.

Um comentário:

  1. NADA HÁ DE NOVO EM TODO ESSE REBUCETÊ: A COISA PÚBLICA TORNOU-SE PROPRIEDADE PRIVADA, TOMADA PARA SI POR QUEM DIZ REPRESENTAR O OUTRO, QUE SOMOS NÓS. ISTO ESTÁ NA GÊNESE DO ESTADO BRASILEIRO. TRATA-SE DE FATO CULTURAL, COISA ARRAIGADA E ENRAIZADA QUE NESSES ÚLTIMOS 9 ANOS OS SEUS PROCEDIMENTOS FORAM MUITO BEM APRIMORADOS PELOS PETRALHAS COMUNALHAS E CANALHAS...

    Altamir Pinheiro

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