“O valor mais
alto que sempre se alevanta
Por Fernão Lara
Mesquita
O domingão
bolivariano vivido pelo país na ressaca da derrota na Copa é uma síntese do
dramalhão brasileiro.
Foi só mais um
golpezinho xinfrim, desta vez envolvendo deputados e desembargadores plantados.
A cara do Lula. A cara do PT. A medida exata do valor que dão à democracia, às
instituições que manipulam, ao Brasil e aos brasileiros.
A vitória,
excepcionalmente, foi “dos mocinhos”. Teriam atirado no alvo errado ao visar o
TRF-4, a outra Curitiba, a quem o Brasil fica devendo mais essa? Ha quem diga
que tudo que queriam era desmoralizar as instituições. Já as gravações na rede
comemorando antes da hora a libertação do chefe feitas por toda a cúpula da
organização criminosa descrita na Ação Penal 470 que Lula, como o PCC, comanda
de dentro do presídio, indicam que eles realmente esperavam que essa armação
mequetrefe pudesse colar…
Mas isso pouco
importa pois no universo moral do lulismo nenhuma sujeira se perde, todas
apenas se transformam. O que choca é terem os 200 milhões de brasileiros da “2a
Classe” razões de sobra para se angustiar com mais essa palhaçada pois os
favretos do STF que acabam de dar fuga ou apagar os pecados da cúpula da
quadrilha fixaram a jurisprudência de que os fatos, a lei, a constituição e até
as sentenças deles próprios não valem nada, tudo pode virar do avesso conforme
a “turma” que estiver de plantão. E se pode a “turma” (que em dois meses estará
“lá”) ou mesmo um só entre eles nesta nossa monocracia, porque não o aparelhado
solitário de turno plantado no TRF-4 pela janela do “quinto constitucional”?
Causa “intolerável
insegurança jurídica” a decisão “inusitada e teratológica” baseada em “premissa
falsa” por autoridade “manifestamente incompetente”? Revela dolo ter ela
redobrado sua truculência ameaçando juízes e policiais federais depois de
alertada para o “flagrante desrespeito a decisões colegiadas do STJ e do
plenário do STF”? Desejavam espicaçar perigosamente “paixões partidárias e
políticas” pondo o país inteiro em risco e causando prejuízos sistêmicos à
economia com esse “tumulto processual sem precedentes”?
Sim, sim e sim,
é “óbvio e ululante”! Mas, data maxima venia, os editorialistas são estes aqui
ao lado. Da meritíssima Laurita Vaz, que representa a instituição agredida, o
país tem o direito de esperar medida saneadora exatamente proporcional aos
adjetivos todos que usou. Afinal, já está provado: a 2a Instância unida, isola
e desarma até a ultima instância bandida.
A pergunta que
nunca se faz em voz alta diante dessas mixórdias todas – alguns dos que
deveriam faze-las porque mamam diretamente, outros porque mamam indiretamente,
o favelão nacional apenas porque ninguém amplifica o som da sua voz – é porque,
afinal de contas, o Poder Judiciário “mocinho”, de quem depende a segurança
jurídica pela ausência da qual está o país inteiro se afogando em sangue e
miséria, convive com os seus favretos e dá a esses cânceres no máximo a
aspirina de um “pito”?
A resposta é
igualmente óbvia e ululante: porque tem de ser monolítico o edifício
periclitante da “privilegiatura”, especialmente no meio desse terremoto
permanente que à esta altura ele custa à nação. E é natural que seja assim. É o
instinto de sobrevivência que nos move como espécie. E não ha, fora da seara
dos santos, altruísmo que resista a essa força da natureza. Por isso ninguém,
nem no que resta de menos poluído no funcionalismo que ainda é pago em dia (e
astronomicamente muito), dispõe-se a permitir que sua indignação vá mais longe
do que foi a de Laurita Vaz.
A democracia é
o regime que reconhece as forças da natureza e trata de colocá-las a serviço do
bem. Não ha resposta institucional às bofetadas que o PT et caterva dão na cara
das instituições não porque elas não disponham de armamento de defesa mas
porque estão nas mãos erradas os gatilhos que os acionam.
Tudo que está
errado no Brasil, aliás, está errado porque é isso que está errado.
É “dinheiro de
pinga” essa montanha que escandaliza o mundo do que nos roubam por fora da lei.
O que arrebenta mesmo é o que nos tomam por dentro da lei. É o que nos tomam
convertendo todo e qualquer assalto em mais um “direito adquirido”;
automatizando o avanço anual sobre os bolsos do favelão nacional; rebatizando
pedaços do esbulho como “auxílio”, “contribuição”, ou “salário-xis”. O que nos
mata mesmo é, com todos os chineses do mundo fungando no cangote dos nossos
empregos, ter o peso desses penduricalhos multiplicado pela ausência de
cobrança de resultados, a estabilidade eterna e até hereditária no emprego, o
avanço na carreira por decurso de prazo, a antecipação das aposentadorias…
Enquanto não
estiver nas nossas mãos o direito de deseleger a qualquer momento estes que
hoje elegemos para uma “privilegiatura” eterna, destruir o Brasil continuará
lhes parecendo mais barato que perder uma eleição. Enquanto a pena máxima para
juiz ladrão continuar sendo a aposentadoria precoce eles continuarão a soltar em
vez de prender bandidos. Enquanto não for você que decide quem fica e quem sai
do serviço público toda corporação que chantagear o povo será perdoada, toda
lei adicional contra a corrupção se transformará na mais nova arma da
corrupção, todo teto imposto ao funcionalismo será imediatamente convertido em
piso.
Instituições e
seus dispositivos de defesa são armas de afirmação de uma determinada
hierarquia. Qual? Vai depender de quem puxa o gatilho. Se quisermos que mude o
que está aí, temos de tirar a mão do Brasil que nos está matando do gatilho e
por no lugar a do Brasil que queremos que sobreviva. O resto acontece sozinho.
Alô indignados
de boa vontade! Alô candidatos sem bandeira nenhuma! Alô povo que ainda pode
derrubar governos com passeatas sem levar tiro! Eleições distritais puras,
retomada de mandatos a qualquer momento (recall), referendo de todas as leis
que vierem deles, eleição de retenção de juízes regularmente é o que nos tira
da condição de alvos e nos põe na de atiradores.”
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AGD
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