Miguel com a camisa da Bélgica |
Por Zé Carlos
Bem, para
aqueles que não sabem, o Miguel é meu neto. Uma tarefa prazerosa para mim é
escrever sobre netos. Mais até que sobre filhos, que implicam com o que a gente
diz sobre seus filhos. No entanto, não posso deixar de escrever hoje sobre o
aniversário dele, porque é um aniversário especial.
Ele completa 7
anos. E revendo minha vida, eu sempre soube quanto é importante atingir esta
idade. Ela era chamada de “Idade da Razão”. Não irei pesquisar o porquê, a não
ser tocar naquilo que sei sobre ela.
Bem, a primeira
coisa que aprendi foi que ao atingir 7 anos estava entrando na rota do pecado.
Como assim? Antes desta idade não pecávamos e se morrêssemos, iríamos diretos
para o céu. Ah! Se eu soubesse disto! Teria pecado muito mais sem ter que dar
conta aos confessores. No entanto, e talvez por isso, tínhamos que fazer a
primeira comunhão e prometer não pecar mais. Eu fiz a primeira comunhão com esta
idade. Foi uma festa. Veio até o bispo de Garanhuns, Dom Expedito, depois morto
pelo Padre Hosana, embora eu nunca tenha visto nenhuma relação com o evento da
minha primeira comunhão. Se alguém tivesse, com justiça, que pagar alguma coisa
teria sido Dona Lourdes Cardoso, que para me ensinar o Ato de Contrição não
poupou a palmatória, pois eu não era mais nenhum anjo.
E até hoje
tento me manter na Idade da Razão, pelo menos nos últimos tempos, pois em
algumas épocas fui até socialista e votei no Lula, o maior pecado que até hoje
cometi. Para meu castigo os céus mandaram o Color. Então vi que o pecado não
compensa.
Entretanto,
voltemos ao Miguel, que hoje deixa de ser anjo. Eu tentarei agora encaminhá-lo
para o caminho da luz, pois, semana passado torceu pela Bélgica no jogo contra
o Brasil. Apesar de ser o único brasileiro feliz naquele fatídico dia, eu tento
dizer para ele, que na próxima Copa, torça pelo nosso país, se ele ainda
existir, é claro. Bem, no presente torneio sou forçado a pecar junto com ele e
torcer pelos belgas também. Perdoai-me, Senhor!
Deixando o
futebol de lado, como se isto fosse possível, espero que agora, sendo um menino
racional, o meu neto Miguel seja um menino feliz, talvez até mais do que eu
fui. Hoje sei que a razão não é tudo na vida, todavia, sem ela é muito difícil
viver. Emoções e sentimentos são também fundamentais, e isto é comprovado pela
minha felicidade em poder vê-lo começar a pecar, sabendo que o Padre Alfredo
não será seu confessor, pois ele tem uma religião diferente. Nela, pode-se
pedir perdão a Deus diretamente, sem intermediários. Se fosse católico eu
indicaria, como confessor, o Frei Leão que além de perdoar nossos pecados, não
nos passava carão e a penitência era leve.
Dias atrás,
como bom avô, telefonei para o Miguel perguntando o que ele queria ganhar de
presente. Resposta no ato: “Eu não quero
presente. Pode me dar o dinheiro?”. Fiquei tão feliz que escolhi as notas
mais novas que me restavam, nesta crise. Afinal de contas sei que, junto com a
idade da razão, o meu neto se tornou um capitalista empreendedor. Não tem mais
possibilidade de fazer o que fiz na juventude. Ainda bem, os sonhos
socialistas, que se tornaram nosso pesadelo, estão acabando com a chegada da
razão.
Parabéns Miguel
e que Deus o proteja!
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