Por
João Nelson Silva (*)(**)
A
Organização das Nações Unidas, no ano de 1979 promoveu uma conferência com 147
nações para decidir sobre o tema “Alimentação e
Agricultura”. Entre outras decisões concordaram, aprovaram e
assinaram que o Dia Mundial da Alimentação seria comemorado em 16 de outubro de cada ano,
data coincidente com a fundação da Organização das Nações Unidas – ONU, e que
começou a ser comemorado a partir de 1981. Então, três anos de fome nos países
pobres. E nos países chamados ricos?
O
objetivo da conferência: despertar na
opinião pública uma compreensão maior da natureza e das dimensões dos problemas
alimentares do mundo – Planeta Terra.
E com projetos e propostas concretas trabalhar com sentimentos de solidariedade
nacional e internacional para a luta contra a fome, a desnutrição e a pobreza.
Estimava-se
que no ano de 1987 a população mundial estaria com 5,5 bilhões de habitantes, e
que nos países do chamado Terceiro Mundo
localizado na América do Sul e na América Central, a população era de 470
milhões de pessoas. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura) a população dos países terceiro-mundistas aumentava
em mais de 2,5% ao ano, sendo que as produções de cereais dessas nações
famintas não aumentariam em mais de 1%, quando a necessidade seria de 7,6
milhões de toneladas para o ano de 1990.
Os dados acima confirmam o holocausto na vida das gerações
exploradas no chamado Terceiro Mundo. Tornam transparentes os conflitos
localizados e em curso postos tanto em teorias e práticas, quanto pelos
legalismos dos países capitalistas hegemônicos. Como, também, apontam para o
vulcão em via de explodir nas “veias abertas” das classes oprimidas e famintas
do também chamado Quarto Mundo. No ano de 2011 a população da Terra era, aproximadamente,
de sete bilhões de habitantes debilitadas e esfomeadas pelo mundo afora.
É
quando já se constata nas estatísticas que existe uma perda de mais de 23
bilhões de toneladas de solo cultivável devido o anarquismo, e a depredação
ambiental que promovem a erosão, compromete a produtividade de terras férteis
arrasadas pelo uso indiscriminado de agentes químicos.
As
catástrofes que se alastram pelo chamado Terceiro Mundo, a exemplo dos desastres
ambientais promovidos pela expansão de um “sistema” perverso de exploração da
Natureza (humana e ambiental), estas têm formados grupos de extermínios ambientais.
A partir destas e de outras realidades contamos com cerca de 20 nações
africanas em guerra por comida e pela fome. São 145 milhões de habitantes
dessas nações que enfrentam a iminência da fome crônica. Quando 200 milhões de
humanos estão afetados pelo bócio endêmico que ameaça mais cerca de 400 milhões
de miseráveis.
A hecatombe é confirmada, segundo
dados da FAO , pelos mais de 500 milhões
de seres humanos subnutridos no mundo atual, e que poderão chegar a 750 milhões.
“Até
quando, Isabela?”
Já me perguntava com consciência crítica Francisco
Julião, à época preso na Casa de Detenção, em Recife, pelo fato de combater a
miséria, a fome e a tão esperada Reforma Agrária. Quais e quem podem ter
esperanças os miseráveis despossuídos da Terra? Sendo e quando cerca de 30%
dessa população é constituída por crianças com menos de 10 anos de idade e,
aproximadamente, nove meses de fome (na barriga da mãe).
Quem é ou são os
responsáveis pela morte de 15 milhões de crianças no Terceiro Mundo, só no ano
de 1983? ”A cada minuto, gastam-se no mundo mais de 1,3 milhões de dólares para
fins militares. Durante esse minuto, 30 crianças morrem nos países pobres,
muitas dentre elas de fome e das conseqüências da subnutrição. Quando é do
conhecimento, também, que as despesas com rearmamento chegam a mais de 650
bilhões de dólares por ano.
As prioridades dos países
imperialistas por rearmamento e por fazerem aumentar a acumulação de ogivas
nucleares de até 50 megatons (um megaton equivalia, ou equivale, a mais de um
milhão de toneladas de explosivos convencionais, disse-me um Físico na USP –
Universidade de São Paulo que solicitou não revelar sua identidade como Doutor
em Física e Química nuclear.
É significativo saber das
prioridades e interesses das potências pela exploração das riquezas naturais de
países do chamado Terceiro Mundo. Que mundo é esse? Ora, tudo em detrimento às
prioridades mínimas por alimentos haja vista a sobrevivência de milhões de
crianças no Mundo.
Falemos de nós mesmo, sem
distância de limites e de comparações: Bom Conselho de Papa-Caça, terra de
Pedro de Lara, “cidade pequena porem decente”, aonde vamos viver?” Perguntava-me
o conterrâneo Edir Tenório, já falecido em Minas Gerais.
A prioridade mínima por
alimentos são questões estratégicas para a sobrevivência das populações em
estado de extermínio pela fome. São “questões estratégicas” que se reacomodam,
se modernizam e, paradoxalmente, se estribam na selvageria da dominação pelo
aniquilamento de milhões de seres humanos desempregados e famintos.
O Artigo XXV da Declaração
Universal dos Direitos Humanos diz: “Todo homem tem direito a um padrão de vida
capaz de assegurar a si e a sua família; saúde e bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis"
O princípio n° 4 da
Declaração Universal dos Direitos da Criança diz “... A criança terá direito a
alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas.
O Artigo 11 da Declaração
Universal dos Povos diz: “Todo povo tem o direito de escolher o seu sistema
econômico e social e de buscar a sua própria via de desenvolvimento econômico
em liberdade total e sem ingerência exterior”...
O que tem ocorrido é que os
países dominantes estreitamente inverteram os “valores”, os caminhos em defesa
dos seus interesses tecnológicos, econômicos e geopolíticos. E,
“capacitadamente”, devastam as economias dos países dominados onde os
subalternos na condição de empregados, alugados, nada mais são que uma mercadoria,
homens sem terra, mulheres ultrajadas nos subempregos, crianças esfomeadas
desenham o quadro da devastação determinada pelos países chamados de “desenvolvidos”.
Levanto a bola: Que é desenvolvimento?
Que nova ordem econômica
poderia radicalmente mudar os estados nações miseráveis? Que nova ordem
política acabaria com a omissão que reproduz as desigualdades econômicas,
sociais e culturais? Que programas políticos governamentais,
intergovernamentais, nacionais e internacionais possibilitariam o
re-ordenamento das vontades (decisões) políticas omissas pelo favorecimento aos
direitos humanos? Que política organizacional existe para os estados nações
romperem com o submundo da burocracia e da corrupção?
Estas questões candentes e antrópicas estão para os chamados políticos quanto para os nobres constituintes singulares,
quanto para quaisquer pactos sociais e políticos que eliminem o analfabetismo
político de crianças e de adultos, para os famintos e desempregados, haja vista
o que escreveu o pensador alemão Bertold BRECHT:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala e nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele
não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
‘O analfabeto político é tão
burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o
imbecil que da sua ignorância nasce à prostituta, o menor abandonado, o
assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra,
o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”...
Que fazer?
O holocausto enquanto
sacrifício praticado por nazistas, por hebreus que queimavam cristãos satisfazendo
suas vontades (não decisões) promoveram revoltas não movidas pelas vontades. Porém,
estigmatizadas pelas decisões políticas do “deixa ficar para ver como é que
fica”...
Jesus de Nazaré, antes que
sua cabeça caísse sobre os seus e nosso ombro disse: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem
o que fazem”.
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(*) João Nelson Silva é de
Bom Conselho, PE. Mas não aconselha ninguém.
É Analista Ambiental do IBAMA - Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente. Matrícula nº 0681068. É Reporte-Redator com o
disposto no Artigo IVI, do Decreto nº 63.264, de 13/03/1979. Despacho do
Delegado Regional do Trabalho no Estado de Rondônia, Processo DRT/MTB/RO nº 24410
000398/84, Porto Velho, RO. Fez mestrado em Jornalismo na Universidade de São
Paulo – USP: 1981 a 1983. E o Exame de Classificação em jornalismo obtendo o
conceito A. E a propósito do terrorismo opinativo no Departamento de Jornalismo
da Escola de Comunicação e Artes da USP - ECA não defendeu a Dissertação. Fez o
Curso de Pós-Graduação Lato senso em Educação Ambiental em Cuiabá na
Universidade Federal de Mato Grosso.
(**) Eu, Zé Carlos, administrador deste Blog, não conheci pessoalmente o João Nelson Silva. Soube de sua morte na semana passada, e resolvi usar esta série "Recordar é Viver" para fazer uma homenagem a ele. Sei apenas que ele foi um dos melhores intelectuais de nossa cidade e que eu conheci toda sua família, a quem envio os pêsames.
Ele me enviava artigos para publicação, na maioria das vezes, pelo fato que ocorre também com outros de confundirem a A Gazeta Digital (este Blog), com a A GAZETA (jornal de papel de lá de Bom Conselho). Sempre o respondia dizendo que era um prazer publicá-lo, afinal de contas somos todos de Bom Conselho, mesmo que tenhamos diferentes visões de mundo. Eu sempre digo que gostaria de tê-lo conhecido, como conheci seu irmão Balinho.
Que Deus tenha a ambos e que descansem em paz.
(**) Eu, Zé Carlos, administrador deste Blog, não conheci pessoalmente o João Nelson Silva. Soube de sua morte na semana passada, e resolvi usar esta série "Recordar é Viver" para fazer uma homenagem a ele. Sei apenas que ele foi um dos melhores intelectuais de nossa cidade e que eu conheci toda sua família, a quem envio os pêsames.
Ele me enviava artigos para publicação, na maioria das vezes, pelo fato que ocorre também com outros de confundirem a A Gazeta Digital (este Blog), com a A GAZETA (jornal de papel de lá de Bom Conselho). Sempre o respondia dizendo que era um prazer publicá-lo, afinal de contas somos todos de Bom Conselho, mesmo que tenhamos diferentes visões de mundo. Eu sempre digo que gostaria de tê-lo conhecido, como conheci seu irmão Balinho.
Que Deus tenha a ambos e que descansem em paz.
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