Por Zezinho de Caetés
Hoje amanheci com ressaca de uma noitada que fiz ontem. Não,
não pensem que foi na esbórnia. Foi lendo um livro, regado a Q-Suco de morango,
que de tão bom me tirou o sono: “Manual
do Perfeito Idiota Latino-Americano”. Descobri que ainda existe um monte
por aí. Assim sendo, hoje só posso escrever sobre ressaca, ressacado.
Ontem escrevi sobre a “humildade”
da Dilma e que tal hoje escrever sobre sua “ressaca”
e a do PT? Hoje o Brasil parece até um final de festa. Que mais parecia uma “rave”. Nem todos sabem o que é uma “rave”. Eu explico com a ajuda da
Wikipédia: “Rave é um tipo de festa que
acontece em sítios (longe dos centros urbanos) ou galpões, com música
eletrônica. É um evento de longa duração, normalmente acima de 12 horas, onde
DJs e artistas plásticos, visuais e performáticos apresentam seus trabalhos,
interagindo, dessa forma, com o público.” Vejam, se com algumas
modificações mínimas, como aquela que ela se realiza longe do centros urbanos,
não é a cara do Brasil do PT, a partir de 2003, ano em que a corrupção, segundo
o Pedro Barusco, se tornou institucionalizada na Petrobrás e, por que não
dizer, no Brasil!
Com o bom momento da economia internacional, a partir de
primeiro governo Lula, a música eletrônica encantava os ouvidos da população
pobre ao som e performance do “cara”
que prometeu que no final do seu governo, todo o brasileiro teria três
refeições por dia, e, para ser reeleito, nesta festa cívica, prometia até uma
lagostinha no almoço. Seu lema era “pobre
nunca mais”. E quando ele dizia isto, histrionicamente, nos comícios e no
palco da festa, onde era aplaudido mesmo antes de dizer qualquer coisa, o povo
pensava que era para os pobres que ele estava prometendo. Ledo engano. Era para
ele mesmo. Se não o fez, poderia ter feito como a Scarlett do E o Vento Levou: “Juro, que não mais passarei fome”, e foi em frente com suas viagens
internacionais, ternos do Armani, e seu Whisky de 50 anos, ao invés da pinga 51
que tanto adorava.
E na festa, já enjoado de tantas iguarias, resolveu recusar
um terceiro mandato, para entregá-lo a outra artista, que segundo ele, no palco
representava uma gerenta melhor do que a Angela Merkel. Prometeu à patuleia que
ela continuaria a “rave” por mais, no
mínimo quatro anos, para o gáudio dos festeiros. E assim foi feito.
No palco da festa estava agora a gerenta, com o nome
artístico de presidenta, a nossa Dilma Youssef. Esta gostou tanto dela que
resolveu ficar mais quatro anos, mesmo que soubesse serem os recursos dos
patrocinadores já muito escassos. Quando ela viu que, se dissesse a verdade
sobre a situação, seria impossível passar mais este tempo na “rave”, começou a mentir descaradamente
aos participantes, usando dinheiro emprestado para pagar a “lagostinha nossa de cada dia”. Foi aí
que veio o pior.
Uma batida policial, na festa, descobriu que ela se mantinha
pela corrupção dos seus artistas performáticos que assaltavam o almoxarifado de
uma empresa próxima para jogar os produtos para os festeiros, que continuavam
sem saber de nada. E ainda por cima se descobriu que para manter a festa
festejando alguns artistas dos bastidores, como Zé Dirceu, Delúbio, Genoíno e
outros, já vinham atuando para que a festa continuasse, mesmo às custas dos
festeiros que nem desconfiavam do que estava por trás daquela alegria, quase
orgiástica.
E agora, com a ajuda de dois juízes, o Joaquim Barbosa e o
Sergio Moro, tudo está sendo descoberto. A Dilma e o Lula ainda continuam no
palco, repetindo o mantra: “Eu não sabia”,
enquanto os festeiros se agitam, querendo que eles saiam do palco
imediatamente. Agora eles já dizem que os festeiros estão querendo cuspir no
prato que comeram, e que seria um “golpe”,
tirar a Dilma do palco, tão precocemente.
O resto vocês leiam no jornal, e leiam o texto abaixo do
Hubert Alquéres, (Blog do Noblat, “Não
se xinga o povo de golpista”, 18/03/2015), que esclarece mais um pouco o
porquê da ressaca da Dilma hoje. Dizem que ela já perdeu 15 quilos e anda
sozinha pelos meandros da “rave”, com medo de aparecer em público, por causa
dos festeiros que agora já sabem que “não há almoço grátis” e muito menos de
lagosta.
“A presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e a turma do PT
ainda não descobriram que não se xinga o povo, cansado de corrupção, de
golpista. No panelaço do Dia Internacional da Mulher rotularam a manifestação
como uma tentativa das elites de forçar o terceiro turno eleitoral.
A resposta veio velozmente. Nesse domingo dois milhões de brasileiros
foram às ruas e em São Paulo aconteceu a maior manifestação da história do país
contra um governo.
Nem isso tirou o Planalto do universo próprio em que vive e da
alienação na qual estão mergulhados o governo e a presidente.
Em vez de tomar um choque de realidade e calçar as sandálias da
humildade, o governo fez exatamente o contrário, através dos ministros Eduardo
Cardozo e Miguel Rossetto.
O Ministro da Justiça repetiu promessas de dois anos atrás, quando das
jornadas de junho de 2013, como se elas respondessem a indignação manifestada
hoje.
Palavras surdas frente ao clamor de 2013 e muito menos capazes de
satisfazer aos sentimentos cívicos que brotaram nas ruas nesse 15 de março, de
norte a sul, de leste a oeste do país. Em todos os andares da sociedade.
O outro, Miguel Rossetto, fez pior. Reproduziu a tese do golpismo,
praticou o autoengano, ou tentou enganar a todos nós.
Duas questões preocupam em seu pronunciamento. A primeira é a
insistência do Planalto de dividir o país entre os eleitores de Aécio Neves -os
que fizeram as manifestações-, e os de Dilma.
Ora, é obrigação da presidente governar para todos os brasileiros,
independente de como cada um votou na última disputa presidencial.
O dito do ministro desnudou o governo petista: só pensam em função de
sua carteirinha partidária. Se consideram representantes do PT e não do povo. E
tratam os outros como se fosse o “resto”.
A segunda questão é o apelo ao medo para levar a sociedade à paralisia.
Propositadamente Rossetto superestimou o peso da meia dúzia que prega
intervenção militar, rechaçada pelos milhões que ocuparam as ruas.
Balela. As Forças Armadas sequer dão ouvidos às vozes isoladas que se
comportam como viúvas da ditadura. Estão em sintonia com o amplo sentimento de
civismo, de amor à democracia, expresso na já histórica jornada de 15 de março.
Em vez de criar fantasmas, o governo Dilma deveria cair na real para
não ampliar o fosso que o aparta do povo brasileiro.
Esse é o xis do problema: não basta apenas o governo reconstruir a
interlocução com sua base parlamentar.
Mais importante é criar pontes com a sociedade. E isto não é uma
questão de marketing, é política.
Passa, obrigatoriamente, por um pedido de desculpas aos brasileiros por
sua inépcia de não ter percebido o assalto à Petrobras. Pelos erros primários e
grosseiros cometidos na condução da economia; pelo discurso falso e ilusionista
da campanha eleitoral.
Mas, contar ao povo a verdade será a condenação do seu partido.
Representaria a negação do que foi até agora o seu governo.
O jeito vai ser se encastelar no Palácio. Como fez nesta segunda-feira
à tarde quando admitiu dar entrevista coletiva num horário onde a população
estaria trabalhando e não poderia bater panelas. Não conseguiu. À noite, quando
o Jornal Nacional repercutiu a fala da presidente, milhares de pessoas em
diversas cidades mantiveram a marcação cerrada e fizeram mais um panelaço.
Como se nota, não fica impune o governante que xinga seu próprio povo
de golpista.”
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