Por Zezinho de Caetés
E hoje já volta à Dilma, como não poderia deixar de ser.
Como disse ontem, ela vem abusando tanto de nossa paciência que o caldeirão
está pronto para explodir. Ou como diz o texto abaixo (Hubert Alquéres – “Panelaço é só a ponta do iceberg” –
11/03/2015 – Blog do Noblat): “Corremos
sério risco de ter uma presidente, por quatro anos, aprisionada nas redomas do
Palácio do Planalto. Que reina, mas não governa.” Esta hipótese não tem minha
discordância total, mas, pelo menos evitaria a “explosão”, pois nunca
sabemos de onde vêm os explosivos.
O fato é que, assim com está, será difícil de aguentarmos
mais quatro anos. Neste tempo, o Brasil poderá acabar com o esforço que foi
feito em termos políticos e econômicos para que o Brasil se tornasse um país,
pelo menos, civilizado, dentro dos nossos padrões de cultura ocidental. Quando
vemos a débâcle da Argentina e Venezuela originada pelos seus maus governos,
não tem jeito, só temos a temer.
Quando escrevo temer lembro do Temer, que alguns pensam, se
Dilma sofrer um impeachment agora, assumiria a presidência de forma permanente,
e em parte é verdade, se os congressistas considerarem que ele não é cúmplice
dela nos malfeitos. E neste, caso, com o PMDB em pé de guerra como está, é
difícil que Temer não assuma. E, confesso, dos males, o menor.
O impeachment é um problema jurídico e também político, mais
este do que aquele. Como li no Google, a Constituição não fala sobre
impeachment, mas no caso do Presidente da República, por exemplo, os crimes de
responsabilidade estão descritos no artigo 85 da Constituição da República
Federativa do Brasil.
São considerados crimes de responsabilidade aqueles que
atentem contra a Constituição Federal. No Brasil, o processo de impeachment
contra um Presidente da República aconteceu pela primeira vez no dia 29 de
dezembro de 1992, quando Fernando Collor foi julgado no Senado Federal, após
formação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as
acusações de corrupção contra o presidente.
Collor foi deposto de seu mandato e destituído de seus
direitos políticos, sendo obrigado a ficar oito anos sem concorrer a qualquer
tipo de eleição para um cargo político público. O vice-presidente Itamar Franco
assumiu a Presidência. E como vimos, teve a ousadia de chamar um sociólogo para
presidência da república, que nos legou o Plano Real, ainda hoje considerado um
marco na história política e econômica do país. Então, por que temer o Temer?
Sei que um processo de impeachment é traumático mesmo em
democracias consolidadas como a americana. Até penso que mesmo hoje certos
setores lá não se recuperaram do do Nixon, mas, em alguns casos é a melhor
solução. Aqui no Brasil, o melhor dos mundos é que a Dilma, numa de suas
andadas com o personal training, para
perder mais uns quilinhos, meditasse e resolvesse renunciar. Isto nos daria
mais tempo para consertar as besteiras que andou fazendo nestes anos todos, em
que nunca se decidiu se estava guardando sua cadeira para Lula ou para o
Mercadante.
Porém, isto seria muito bom para uma petista fazer. A
tendência é que ela vá caindo aos poucos, de panelaço em panelaço, até que o
Temer se zangue de vez. Fiquem com o Hubert e vejam onde estamos e aonde
poderemos ir.
“O que foi dito pelo Palácio do Planalto logo após ser surpreendido
pelo panelaço do último domingo não convence sequer o mais crédulo e fanático
petista. Acusar a classe média, a burguesia e a oposição de querer um terceiro
turno eleitoral, e desqualificar a barulhenta manifestação, é mero discurso
para consumo interno. É a única e quase desesperada linha de defesa ao alcance
das mãos de uma presidente isolada de tudo e todos.
Dilma e seus estrategistas sabem muito bem que o panelaço foi a ponta
do iceberg de um estado de espírito existente em diversos segmentos da
sociedade.
A ira dos brasileiros vem crescendo desde as eleições e tende a se
avolumar cada vez mais. Não é difícil entender as razões.
No mundo conectado de hoje, ninguém muda de discurso, da noite para o
dia, impunemente. A transparência passou a ser um valor a partir do qual os
brasileiros julgam seus políticos.
Ora, a presidente adotou durante a campanha o discurso de Alice no País
das Maravilhas. Fez mais: acusou seu adversário, afirmando que, se vencesse,
ele promoveria desemprego, recessão, aumento de juros e o diabo a quatro.
Pois bem, eleita Dilma deu um cavalo de pau na economia, e fez tudo o
que disse que seu adversário faria. Legitimamente, os brasileiros, mesmo parte
dos seus eleitores, se sentiram logrados, vítimas de grossas mentiras.
Perceberam que o país não vivia em um conto de fadas, como vendia a
candidata Dilma, mas em um filme de terror, uma crise econômica gravíssima, na
qual recessão e inflação andam de mãos juntas.
A ira do povo aumentou ao constatar que a presidente vinha com mais uma
história da carochinha: a conversa de que a crise econômica era produto da
situação externa e da seca, que ela repetiu no pronunciamento na TV no Dia da
Mulher, na tentativa de transferir responsabilidades, de livrar a cara de seu
governo.
Aí já era demais! Foi contestada até mesmo por Marta Suplicy, hoje
prestes a ser mandada para a fogueira da inquisição petista: “Tentando se
apoiar na ultrapassada justificativa da crise internacional, Dilma negou, mais
uma vez, a gravidade e dimensão da atual crise econômica, as responsabilidades
do seu governo e as consequências de seus desdobramentos para o povo
brasileiro”.
Mas qual a gota d´água que transbordou no panelaço ?
A corrupção na Petrobras.
Ou melhor, a insistência do governo de diluir sua gravidade, de
transferir responsabilidades, de tergiversar. De vir com escapismo do tipo
“estão querendo privatizar a Petrobrás”, de ver conspirações onde inexistem, de
manipular, chantagear e alardear que há um golpe em curso; de desqualificar a
classe média, tachando-a de fascista.
O iceberg tem, portanto, uma base objetiva. No domingo mostrou a sua
ponta. Nesta terça-feira veio à tona mais um pouco: Dilma e o PT foram vaiados
no Salão Internacional da Construção em São Paulo.
Essa é a verdadeira dimensão da crise: a cada dia aumenta o fosso entre
a presidente e o povo.
Corremos sério risco de ter uma presidente, por quatro anos,
aprisionada nas redomas do Palácio do Planalto. Que reina, mas não governa.”
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