Por Carlos Sena (*)
Velho é velho como jovem é jovem.
Não me agrada essa forma meio “tapar o sol com a peneira” de dizer que velho é
um estado de espírito. Velho é velho, independentes do rótulo que se dê como
“boa idade”, “terceira idade” e assemelhados. Com isto queremos dizer que jovem
é feliz e velho também. A felicidade de um não é a mesma do outro por questões
óbvias, mas não se pode nascer sem ter sido fecundado por um homem e uma
mulher; também não se pode viver sem morrer. Morrer é um detalhe que não
implica em envelhecer, posto que criança morre, jovem morre e velho, por
conseguinte, morre também.
Tentar expor os velhos a
situações ridículas é sacanagem. Muitos filhos se aproveitam do pouco domínio
que alguns velhos têm para estimulá-los, por exemplo, a participar de grupos da
terceira idade. Defendo que os idosos ou velhos participem de grupos de jovens,
pois a pluralidade revitaliza, enquanto que nesses grupos estigmatizados de
terceira idade, salvo exceções, deprimem ainda mais alguns velhos solitários,
isolados das famílias por elas próprias.
Velhos quando se reúnem, inevitavelmente falam de pressão alta,
diabetes, memória fraca, artrite, bursite e outros” ites”, bem como acerca do
passado. O passado tem seu lugar no passado é lá deve permanecer, embora
saibamos que é difícil falar dele, referir-se a ele sem com ele sofrer ou mesmo
se alegrar. Juntar velhos com jovens não é na lógica da paridade nem da
concorrência entre gerações, mas competirá aos velhos conhecer seus limites em
qualquer situação, afinal, são velhos e acumularam experiências...
O princípio social básico da
Sociologia é que são a necessidade e o medo que levam as pessoas a interagir
com as outras. O ruim de quem envelhece é que dificilmente se mantém uma
autonomia razoavelmente firme. Velho perde agilidade, perde a memória, perde a
paciência e, como se não bastasse, adoece com mais intensidade. Isto tudo junto
e muito mais dá ao idoso a outra face disto: o medo. Por isto, talvez, os
velhos fiquem vulneráveis às suas famílias que, não raras, se aproveitam do
idoso para dele tirar proveito, inclusive financeiro. Nesse quesito uma série
de outras acontecências se interpõe na vida do velho. O seu pouco preparo
psicológico e emocional para envelhecer é um; dificuldades financeiras é outro;
familiares desunidos em função dos velhos é , talvez, a que mais danos
provoque.
Mais sem justificativa é a
segregação dos velhos pelos filhos, parentes e amigos. Dá-nos a impressão que
ninguém vê no idoso o seu próprio “amanhã” projetado com a vantagem que tem de
nos alertar para uma velhice tranquila. Se não tranquila como imaginamos
devesse, mas pelo menos integral, inclusive administrando as limitações da
idade. Toda fase da vida tem que ser vivida em sua integralidade. Senão se
corre o risco de passar pela vida pela metade... Talvez o que atenue o
sofrimento dos nossos idosos seja a natureza pródiga que, nessa idade lhe dá o
esquecimento: se num primeiro momento
"esquecer as coisas" é
“castigo” no segundo é uma dádiva se consideramos que “esquecer” ajuda a
não somatizar contrariedades, angustia e solidão – triste adeus em cada mão...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 18/07/2012
MEUS PARABÉNS AO INTELIGENTE CARLOS SENA,PELO BRILHANTE RELATO ACERCA DOS VELHOS QUE LAMENTAVELMENTE EM NOSSO PAÍS NÃO RECEBEM O CARINHO E RESPEITO QUE MERECEM, O CONTRÁRIO DO JAPÃO AONDE OS VELHOS SÃO RESPEITADOS E ATÉ VENERADOS.
ResponderExcluirFalando sério: o ruim de não ficar velho é morrer novo. - Ah, isso é terrível. - É MUITO TRISTE velório e sepultamento de adolescente ou de jovem. - 2. Agora, falando menos sério: pior do que elevar a pressão é perder o / a tesão. E velho falar de artrite e burcetite é normal. - O pior, repito, é um dia ter de dizer que o cipó perdeu a pressão e a memória. E que ele, o pinto, não se lembra mais daquilo bom! - Aliás, DAQUILO MUITO BOM! - Eta, mundo velho cruel. - 3. Essa história de terceira idade, boa idade, melhor idade É PURA FRESCURA! Fujo dessas babaquices. - E NÃO quero atenuar o meu sofrimento perdendo a memória, porra nenhuma. - Quero conservar a minha memória enquanto puder. Para poder manter a minha autonomia. - 4. Com o devido bom senso, meus filhos me admiram, assim como eu os admiro. - Quando toca a ocasião de falarmos sobre putaria, NÃO há nenhum problema. Seja lá que putaria for. Lógico que com certos limites. - E NÃO existe essa de piadas de salão e piadas de puteiro. - Porém, na hora de falarmos sério, falamos sério! -Mas na hora de jogar conversa fora, qualquer assunto vale. - Se alguém está "comendo" a mulher do Carlos Cachoeira, a gente diz: puta que o pariu! Que filho da puta de sorte. - É POR AÍ./.
ResponderExcluirEsse ze fernando deve ser daqueles que vai ao consultorio e o médico lhe receitou Viagra, é mole?
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