Por Carlos Sena (*)
Um dia tudo fica muito repetido
na vida. As férias têm um pouco da finalidade de quebrar a rotina que o
trabalho e seus efeitos nem sempre saudáveis como stress, esgotamento físico e
mental, proporcionam. O mundo corporativo teve essa preocupação que em tão bom
momento contraditou a exploração da força de trabalho pelo capitalismo
selvagem. Quando se é muito jovem, tirar férias representa um mundo de planos a
serem cumpridos no afastamento temporário do trabalho. Contudo, há que se terem
cuidados com as férias para não se correr o risco de voltar mais cansado ou até
mesmo mais estressado. Um pouco da lógica de algumas pessoas que voltam de um
final de semana prolongado mais casadas do que dispostas.
O mundo do trabalho, independente
do sistema capitalista ser selvagem ou não, é competitivo ao extremo. Não
bastassem as competições, cada dia os trabalhadores são chamados para novas
tecnologias, novas formas de desenvolver atividades. Afinal, o mundo moderno
tem se caracterizado pela super especialização em todas as áreas do
conhecimento. Com isto, a necessidade de férias se torna imperiosa. Sem entrar
no mérito, poucas empresas dispõem de estratégias que permitam aos
trabalhadores a gozar férias de uma forma que os levem a, de fato, relaxarem,
esquecerem as suas rotinas laborais. No geral, uma viagem é super agradável em
férias. Mas há intervenientes como dinheiro e disposição para isto e que, nem
sempre os funcionários dispõem, principalmente condições financeiras. Mas nem tudo pode ser considerado perdido
quando em determinadas situações não se pode gozar as férias, digamos, em alto
estilo. Há muitos que viajam por viajar; outros tantos para fazer turismos
pouco ortodoxos como os sexuais; outros pra fugirem de problemas internos e
familiares; outros que viajam com tudo que tem direito: descansam, conhecem
lugares novos, pessoas novas, voltam revigorados, vão a teatros e shows,
independentes de ser viagem dentro ou fora do país.
Assim, podemos dizer que as
férias tem que ser gozadas com todo rigor que a expressão denota. Com dinheiro
ou sem dinheiro se pode gozar bem as férias! Claro que com algum dinheiro a
mais para gastar com diversão é melhor, mas se consegue optar por outras coisas
simples que levem os profissionais ao merecido descanso. Deste modo, sugerimos:
Viajar para lugares dentro do
seu Estado, como uma cidade do interior;
Visitar amigos que você, por
falta de tempo, não vê;
Recuperar algum robe
esquecido como pescar, caçar, tocar
algum instrumento, etc.
Levar o filho ao zoológico,
praia, campo, etc. Ou ir sozinho se for o caso para se reencontrar consigo
mesmo/a;
Atualizar a leitura. Se nunca foi
a um teatro, vá. Vá ao centro da sua cidade e observe os tipos exóticos que
passam por nós e nós, em nosso dia a dia nem percebemos;
Não sugiro passear em shopping,
mas se for, veja um bom filme e exercite entrar em loja e sair dela sem comprar
nada. Vença isto e estará exercitando seu domínio sobre si mesmo;
Em casa, levante cedo (se você
não conseguir dormir até tarde) e faça o café da manhã da sua família. Se morar
só, faça também: coloque dois pratos, duas xicaras, tudo dois: um pra você e
outro pra seu superego. Isto ajuda a você se amar mais.
Arrume seus armários, seus CDs,
suas coisas, independente de ser homem ou mulher. Homem moderno é organizado e
se você não for (organizado) exercite isto que só irá te beneficiar;
Se você tem vontade de fazer um
curso tipo “como consertar computador” ou mesmo culinárias, etc., por que não
fazer?
Se estiver um pouco afastado da
sua comunidade religiosa, retorne, reative os laços religiosos e outros que
julgar convenientes;
No geral, procure fazer o que no
seu dia a dia não tem como ser feito. Permita-se a certas aventuras como tomar,
sozinho, uma cerveja; entrar numa loja e comprar uma roupa sem a esposa (ou o
esposo) escolher por você, etc., etc...
Se diante desse rol de
alternativas vocês não se encontraram, já sei. Você pode ser um daqueles
profissionais que já se cansou de ir à Europa todo ano; de viajar para o sul
maravilha e outros países do mundo... De fato, chega um momento em nossa vida
em que a gente parece que não tem mais novidade para ser vista. Certamente que
quem estiver assim faz parte de um grupo privilegiado de pessoas bem sucedidas
profissionalmente. Talvez na classe dos altos executivos, empresários,
profissionais liberais... Sem querer dar uma de “Danuza Leão”, sugiro: tire
férias para fazer as coisas mais simples que puder fazer. Se gostar de campo,
alugue uma casa simples mas, com alguma estrutura capaz de levar você a se
perder de si mesmo mexendo com as plantas, despertando o jardineiro que tem
dentro de você. Se você tiver sua própria casa, melhor. Tente você mesmo trocar
a lâmpada que faz tempo se queimou e você não acha quem substitua; dê uma
fuçada em casa para ver o que pode ser jogado fora ou que pode ser customizado.
Lave o tanque d’água, faça pequenas reformas em que você possa ajudar ao
pedreiro, ao carpinteiro, etc. Tente fazer algum tipo de artesanato – reutiliza
garrafas pet! Fazer crochê! Por que não? Outras tantas coisas poderia sugerir,
mas tudo depende de como se vê a vida, as coisas, as oportunidades e os nossos
tempos. Nem sempre os nossos tempos são os tempos das coisas e vice versa...
Finalizando, leia o livro O MONGE E O EXECUTIVO!
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 19/07/2012
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