Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Andar pelas ruas do Recife é saborear os acontecimentos
corriqueiros da grande cidade por pessoas que se locomovem, seja nos ônibus,
metrô ou de automóvel ou mesmo andando pelas ruas. São fatos que aparecem a sua
frente que você não pode deixar de observar ou mesmo ignorar.
Milhares de pessoas se deslocam pelas ruas da cidade grande
uns apressadamente outros devagarzinho, sem a mínima atenção do que ocorre ao
seu lado. Dentro deste prisma, eu tomei conhecimento de algo que se torna presente
nos grandes centros do País, o “conto do vigário” aplicado por “homens sabidos”
enganando os “tolos”.
Pois é, aconteceu.
Fui a um estabelecimento bancário no Recife e lá encontro algumas
pessoas que arrodeavam uma senhora idosa, já beirando seus setenta e cinco
anos, sentada e soluçando. Não me dei conta do que estava acontecendo, pois a minha
curiosidade falhou. Sentei-me na cadeira enquanto aguardava numero da minha
senha ser anunciada no painel. Enquanto aguardava, uma senhora sentada ao meu
lado comentava o fato que eu acabara de ver – aquela senhora ali choramingando
– e falou: O senhor viu aquela senhora ali chorando?
Pois ela foi roubada inocentemente, é que se comenta.
Olhou para mim e
continuou –
Disseram que ela
retirou algum dinheiro aqui no Banco. Dizem que era uma quantia grande. Recebeu
guardou na bolsa que levava a tiracolo. Saiu à rua. Neste instante um cidadão
engravatado vestindo um terno azul alinhado e com um crachá no bolso do paletó
lhe abordou. Era bem afeiçoado. Cabelos louros e barba bem conservada. De
óculos escuros dando aquela “pinta” de gente “grande”.
Comenta-se, ainda, que esta senhora foi chamada com um “psiu”
e com um grito de “minha senhora”. A mulher parou na calçada e este “cidadão”
falou que o gerente da agencia bancaria estava solicitando a sua presença. Este
mesmo “cidadão” acompanhou a senhora que vinha calma e o seu acompanhante ao lado.
Ao chegar ao hall do Banco, ele falou – Senhora é aquele senhor que está lhe
chamando, me dê a sua bolsa e passe pela porta enquanto a senhora vai lá eu
atendo esta cliente. A mulher inocentemente, disse – Tome e me aguarde. Deu a
bolsa e entrou no banco. Se dirigindo a pessoa que lhe havia indicado, esta
pessoa ficou surpresa e disse-lhe que não a tinha chamada. Quando saiu o cidadão tinha se evaporado.
Procurou por todos os lados e, nada encontrava. Apavorou-se. Começou a chamar
as pessoas e interrogar se tinham visto um rapaz, e dando suas características.
Ninguém viu nada. Ai, ela caiu no pranto e disse “fui roubada em todas as
minhas economias”. As pessoas se penalizaram daquela situação e outros diziam –
bem feito! Dar confiança a pessoa
estranha é o que acontece. Duvido que um caso deste aconteça comigo, diziam às
pessoas que estavam conversando. Outros
diziam - como uma senhora desta idade vem retirar dinheiro sem um acompanhante
da família? Depois de contar tudo que sabia, esta senhora disse, olhando para
mim com os seus olhos castanhos através de um óculo de grau – tá vendo eu não confio
em ninguém! Eu não sei com quem estou lidando! Pego meu dinheiro da
aposentadoria guardo bem guardado no sutiã e vou-me embora sem falar com
ninguém. E, olhe antes de eu sair do banco, olho para um lado e para outro ver
se estou sendo observada. Se caso eu desconfiar não saio do banco e comunico
aos guardas. É assim que eu faço! Nunca fui roubada e nem vou ser. Tenho
cuidado.
A senha dela foi
anunciada no painel – levantou-se e disse, até mais!
Eu ali sentado fiquei meditando sobre o que aconteceu com
aquela pobre mulher. Perdera tudo. Nada lhe restava. Bolsa, documentos e outros
apetrechos que as mulheres andam com eles na bolsa foram embora. Todo cuidado é
pouco. Ai lembrei-me de papai em suas conversas na sala ou na mesa de refeição,
dizia ele, “ai dos sabidos se não existissem os tolos”.
Estes e outros casos desta natureza acontecem diariamente nas
grandes cidades, sem que haja solução, pois eles agem escolhendo a dedo as suas
futuras vitimas.
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