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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ACONTECIMENTOS CORRIQUEIROS





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Andar pelas ruas do Recife é saborear os acontecimentos corriqueiros da grande cidade por pessoas que se locomovem, seja nos ônibus, metrô ou de automóvel ou mesmo andando pelas ruas. São fatos que aparecem a sua frente que você não pode deixar de observar ou mesmo ignorar.

Milhares de pessoas se deslocam pelas ruas da cidade grande uns apressadamente outros devagarzinho, sem a mínima atenção do que ocorre ao seu lado. Dentro deste prisma, eu tomei conhecimento de algo que se torna presente nos grandes centros do País, o “conto do vigário” aplicado por “homens sabidos” enganando os “tolos”.

Pois é, aconteceu.

Fui a um estabelecimento bancário no Recife e lá encontro algumas pessoas que arrodeavam uma senhora idosa, já beirando seus setenta e cinco anos, sentada e soluçando. Não me dei conta do que estava acontecendo, pois a minha curiosidade falhou. Sentei-me na cadeira enquanto aguardava numero da minha senha ser anunciada no painel. Enquanto aguardava, uma senhora sentada ao meu lado comentava o fato que eu acabara de ver – aquela senhora ali choramingando – e falou: O senhor viu aquela senhora ali chorando?

Pois ela foi roubada inocentemente, é que se comenta.

 Olhou para mim e continuou –

 Disseram que ela retirou algum dinheiro aqui no Banco. Dizem que era uma quantia grande. Recebeu guardou na bolsa que levava a tiracolo. Saiu à rua. Neste instante um cidadão engravatado vestindo um terno azul alinhado e com um crachá no bolso do paletó lhe abordou. Era bem afeiçoado. Cabelos louros e barba bem conservada. De óculos escuros dando aquela “pinta” de gente “grande”.

Comenta-se, ainda, que esta senhora foi chamada com um “psiu” e com um grito de “minha senhora”. A mulher parou na calçada e este “cidadão” falou que o gerente da agencia bancaria estava solicitando a sua presença. Este mesmo “cidadão” acompanhou a senhora que vinha calma e o seu acompanhante ao lado. Ao chegar ao hall do Banco, ele falou – Senhora é aquele senhor que está lhe chamando, me dê a sua bolsa e passe pela porta enquanto a senhora vai lá eu atendo esta cliente. A mulher inocentemente, disse – Tome e me aguarde. Deu a bolsa e entrou no banco. Se dirigindo a pessoa que lhe havia indicado, esta pessoa ficou surpresa e disse-lhe que não a tinha chamada.  Quando saiu o cidadão tinha se evaporado. Procurou por todos os lados e, nada encontrava. Apavorou-se. Começou a chamar as pessoas e interrogar se tinham visto um rapaz, e dando suas características. Ninguém viu nada. Ai, ela caiu no pranto e disse “fui roubada em todas as minhas economias”. As pessoas se penalizaram daquela situação e outros diziam – bem feito!  Dar confiança a pessoa estranha é o que acontece. Duvido que um caso deste aconteça comigo, diziam às pessoas que estavam conversando.  Outros diziam - como uma senhora desta idade vem retirar dinheiro sem um acompanhante da família? Depois de contar tudo que sabia, esta senhora disse, olhando para mim com os seus olhos castanhos através de um óculo de grau – tá vendo eu não confio em ninguém! Eu não sei com quem estou lidando! Pego meu dinheiro da aposentadoria guardo bem guardado no sutiã e vou-me embora sem falar com ninguém. E, olhe antes de eu sair do banco, olho para um lado e para outro ver se estou sendo observada. Se caso eu desconfiar não saio do banco e comunico aos guardas. É assim que eu faço! Nunca fui roubada e nem vou ser. Tenho cuidado.

 A senha dela foi anunciada no painel – levantou-se e disse, até mais!

Eu ali sentado fiquei meditando sobre o que aconteceu com aquela pobre mulher. Perdera tudo. Nada lhe restava. Bolsa, documentos e outros apetrechos que as mulheres andam com eles na bolsa foram embora. Todo cuidado é pouco. Ai lembrei-me de papai em suas conversas na sala ou na mesa de refeição, dizia ele, “ai dos sabidos se não existissem os tolos”.

Estes e outros casos desta natureza acontecem diariamente nas grandes cidades, sem que haja solução, pois eles agem escolhendo a dedo as suas futuras vitimas. 

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