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domingo, 12 de agosto de 2012

Pai





Por Zé Carlos

Eu sempre lembro do meu pai. Foi um lutador. Diante de adversidades naturais foi um leão. Criou-me, a mim e mais três irmãos com a garra dos valentes. Dentro da escuridão, que o vitimou por quase toda sua existência, teve um propósito maior. Dar a seus filhos luz própria e boa.

Eu, como o filho mais velho o acompanhei todo tempo. De perto ou de longe. E até hoje parece que estou com ele, nos momentos melhores e piores, embora, egoisticamente, gostaria sempre de estar nos melhores. Naqueles, onde ele, com sua inteligência privilegiada, nos fazia entender que pode existir luz dentro da escuridão, e que nem sempre esta escuridão é a treva. Dela pode-se tirar todo o proveito da vida pelos os escapes que ela proporciona, e ser feliz.

Nunca o chamei de papai, painho ou papito. Apenas Pai. E penso que foi quase só isto que ele foi: Pai. Sua felicidade sempre esteve com a dos filhos, mesmo quando, tomando umas e outras se sentia mais alegre. Sua alegria não era felicidade. Por um filho abandonou a alegria para que ele fosse feliz, e ele junto.

 Outro motivo de sua felicidade era sua fé, que também foi motivo de tristeza por não passá-la como desejaria a todos os filhos. Nunca questionou a fé herdada dos seus pais e assim queria que acontecesse com seus filhos. Nisto, foi uma vítima de seu próprio desejo de ver os filhos estudarem mais do que ele. Eu hoje me questiono se é possível aumentar o conhecimento sem mudanças. Pela vida do meu Pai não sei responder, pois o seu conhecimento foi apenas o suficiente para não nos impedir que conhecêssemos mais.

E se hoje brinco com as palavras para falar de Pai, é apenas uma forma boa de lembrança de tantos fatos e atos que passamos juntos, para os quais, se narrados, um livro seria pequeno para contê-los.

Hoje, também sendo pai, mas, sendo chamado de Papai, ou até Papi (motivo de riso para meu neto), dizem que vou ganhar um presente porque é Dia dos Pais. Fico triste ao lembrar que nunca dei um presente a Pai, neste dia. Será que ele me perdoou por tal falta de sensibilidade filial? Não tenho fé suficiente para sabê-lo.

O presente maior que eu gostaria de ganhar seria saber que eu sou um pai tão bom quanto foi Pai. Agora tenho que ir receber o presente dos filhos. Será que é um maior? Eu tenho minhas dúvidas. 

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