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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

DITO POPULAR.





Por Carlos Sena (*)

Geralmente, as pessoas carregam consigo um “dizer”, um “dito” popular ou erudito que servem como lema de vida; como distintivo de filosofia que representa   valores de vida, formas de pensar. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” – algo mais ou menos assim. Talvez um salmo bíblico; ou uma citação de grandes pensadores antigos como Platão ou mais recentes como Freud, Mário Quintana, Bauman, Sartre, etc.

Erudito ou popular, os ditados são sempre uma muleta salutar para os grandes oradores em suas proezas com as palavras. Jesus Cristo IMORTALIZOU as parábolas como forma de dizer ao mundo as verdades absolutas.  Foi perfeito e foi único na sua forma. Hoje nós seguimos um pouco do falar ensinado por Ele – meio parabólico – mas nós, às vezes, somos mais paranoicos, principalmente quando se quer filosofar com o sentir, com o saber e com o viver. Embora conhecendo palavreados elegantes, eruditos, gostamos muito do popular. Talvez pela fidelidade às nossas raízes simples de nordestino predestinado – no sentido popular, jamais no extraordinário que se utiliza com esse fim. No rol dos dizeres, gosto de falar sempre que “a vida é um ai que mal soa”. Simpatizo com aquele outro que diz “a vida é dura e ela mole pouco vale”... Ainda: “A vida é mágica”. “Rapadura é doce, mas não é mole”. “Sapo tem olho grande, mas, não sai do chão”. “Deus não deu asas às cobras”, etc.

Cada frase, cada dito, no geral se relaciona a determinados momentos de cada pessoa. Gosto, independente do momento, daquele que mencionei: “A VIDA É MÁGICA”... Não sei se tem autor, diante da sua singeleza gramatical e poética. Contudo, seu sentido se aglutina no geral da nossa vida e no particular do nosso sofrimento ou da nossa alegria. No sofrimento, pela certeza de que a vida é mágica em sua capacidade de nos dizer que tudo passa e que no dia seguinte o sol de novo vai raiar para nos iluminar sonhos, desejos, projetos de vida. A magia da vida é transformadora porque faz tudo sozinha à sua revelia como que nos chamando atenção e dizendo: “você não sabe nada da vida!”. Na alegria, a certeza de que a vida, sendo como é, mágica, nos permite parcimônia, simplicidade, vigília, preparo para que no dia seguinte se possa compreender o que essa magia poderá nos proporcionar.

Compreender que a vida é transformadora é não ser fatalista. É nunca desesperar diante das dificuldades e, acima de tudo, fazer a leitura correta das “peças que a vida nos prega” como que nos testando a capacidade de viver com resignação, mas com muita resiliência. Essa magia que a vida nos brinda com tanto talento exige de nós a perfeita tradução dos nossos quereres existenciais. Afinal, de mágica a vida só tem mesma é a sua capacidade mutacional. E ela transforma ao seu modo e do seu jeito e que nunca são como gostaríamos que fosse. Contudo, a transformação maior que a magia da vida nos presenteia é a evolução do nosso interior. Ter olhos pra ver a magia que a vida nos faz por dentro é, talvez, a maior proeza. A vida moderna, o consumo tão em moda, as vaidades humanas todas e tão abrangentes, podem “cegar” para a visão da existência dentro dos nossos conceitos e preconceitos; dentro dos nossos mitos e ritos; dentro dos nossos ternos e eternos entardeceres para que nossos amanheceres sejam todos expressos no orvalho das manhãs...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 25/07/2012

Um comentário:

  1. José Fernandes Costa16 de agosto de 2012 às 00:01

    Eis um dito que não falha: - "Fogo de morro acima, água de morro abaixo e mulher quando quer dar, ninguém segura." - Por falar nisso, o pequi é um fruto muito conhecido no Ceará. E dizem que com o pequi se produz banha. - Alquém aí sabe onde a banha do pequi tá?/.

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