Por Carlos Sena (*)
Geralmente, as pessoas carregam
consigo um “dizer”, um “dito” popular ou erudito que servem como lema de vida;
como distintivo de filosofia que representa
valores de vida, formas de pensar. “Água mole em pedra dura, tanto bate
até que fura” – algo mais ou menos assim. Talvez um salmo bíblico; ou uma
citação de grandes pensadores antigos como Platão ou mais recentes como Freud,
Mário Quintana, Bauman, Sartre, etc.
Erudito ou popular, os ditados
são sempre uma muleta salutar para os grandes oradores em suas proezas com as
palavras. Jesus Cristo IMORTALIZOU as parábolas como forma de dizer ao mundo as
verdades absolutas. Foi perfeito e foi
único na sua forma. Hoje nós seguimos um pouco do falar ensinado por Ele – meio
parabólico – mas nós, às vezes, somos mais paranoicos, principalmente quando se
quer filosofar com o sentir, com o saber e com o viver. Embora conhecendo
palavreados elegantes, eruditos, gostamos muito do popular. Talvez pela
fidelidade às nossas raízes simples de nordestino predestinado – no sentido
popular, jamais no extraordinário que se utiliza com esse fim. No rol dos
dizeres, gosto de falar sempre que “a vida é um ai que mal soa”. Simpatizo com
aquele outro que diz “a vida é dura e ela mole pouco vale”... Ainda: “A vida é
mágica”. “Rapadura é doce, mas não é mole”. “Sapo tem olho grande, mas, não sai
do chão”. “Deus não deu asas às cobras”, etc.
Cada frase, cada dito, no geral
se relaciona a determinados momentos de cada pessoa. Gosto, independente do
momento, daquele que mencionei: “A VIDA É MÁGICA”... Não sei se tem autor,
diante da sua singeleza gramatical e poética. Contudo, seu sentido se aglutina
no geral da nossa vida e no particular do nosso sofrimento ou da nossa alegria.
No sofrimento, pela certeza de que a vida é mágica em sua capacidade de nos
dizer que tudo passa e que no dia seguinte o sol de novo vai raiar para nos
iluminar sonhos, desejos, projetos de vida. A magia da vida é transformadora porque
faz tudo sozinha à sua revelia como que nos chamando atenção e dizendo: “você
não sabe nada da vida!”. Na alegria, a certeza de que a vida, sendo como é,
mágica, nos permite parcimônia, simplicidade, vigília, preparo para que no dia
seguinte se possa compreender o que essa magia poderá nos proporcionar.
Compreender que a vida é
transformadora é não ser fatalista. É nunca desesperar diante das dificuldades
e, acima de tudo, fazer a leitura correta das “peças que a vida nos prega” como
que nos testando a capacidade de viver com resignação, mas com muita
resiliência. Essa magia que a vida nos brinda com tanto talento exige de nós a
perfeita tradução dos nossos quereres existenciais. Afinal, de mágica a vida só
tem mesma é a sua capacidade mutacional. E ela transforma ao seu modo e do seu
jeito e que nunca são como gostaríamos que fosse. Contudo, a transformação
maior que a magia da vida nos presenteia é a evolução do nosso interior. Ter
olhos pra ver a magia que a vida nos faz por dentro é, talvez, a maior proeza.
A vida moderna, o consumo tão em moda, as vaidades humanas todas e tão
abrangentes, podem “cegar” para a visão da existência dentro dos nossos
conceitos e preconceitos; dentro dos nossos mitos e ritos; dentro dos nossos
ternos e eternos entardeceres para que nossos amanheceres sejam todos expressos
no orvalho das manhãs...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 25/07/2012
Eis um dito que não falha: - "Fogo de morro acima, água de morro abaixo e mulher quando quer dar, ninguém segura." - Por falar nisso, o pequi é um fruto muito conhecido no Ceará. E dizem que com o pequi se produz banha. - Alquém aí sabe onde a banha do pequi tá?/.
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