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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Será o Santos nossa Seleção em 2014?




Por Jameson Pinheiro

Eu não sou um colaborador contumaz da AGD, na área de artigos e crônicas. No entanto, como o Zé Carlos diz que o blog vai ficar à meia bomba, pois todos estão de férias, eu me arrisco a enviar este texto para publicação, já que ele está dentro do meu esporte favorito, o futebol.

Também já havia visto uma mensagem do Lula sobre a necessidade de formarmos uma seleção, além de fazermos os estádios e as cidades para a copa de 2014, e ontem, ao ver o jogo entre Santos x Barcelona, senti bem o que ele queria dizer. Ainda não temos um time e poderemos ter belos estádios onde nossa seleção só dará vexame como o Santos deu ontem no Japão.

Percorrendo hoje os blogs encontrei um texto de um corintiano que escreve mais sobre política do que sobre futebol, mas, como as atividades estão bem associadas no Brasil e no mundo, ele o faz da maneira que qualquer pessoa que viveu o mundo de futebol gostaria de fazer. Não há como não me render à sua análise, que pode ser ampliada para todos os nossos possíveis craques, times, seleção e mesmo, um pouco para nossa vida.

E para evitar que o Santos seja nossa seleção amanhã, deveríamos, na Lei Geral da Copa, além de dar entradas baratas para quem é do Bolsa Família, deveríamos incluir um artigo dizendo que obrigaria a FIFA a ceder nossos jogadores no exterior para treinar com pelo menos um ano de antecedência. Sem isto não teremos o método de que fala o Reinaldo Azevedo em artigo no seu blog, que tem um título tão longo que é quase um resumo grande do que transcrevo por completo logo abaixo: “Santos X Barcelona: no futebol, cabe o inesperado, mas não o milagre. Ou: O quer faz Messi ser Messi? Ou ainda: Neymar será um dia Neymar?”

Com a devida vênia, o confronto entre o Santos e o Barcelona foi um vexame para o futebol brasileiro. Não entra aqui o meu “coração corintiano”. Não estou certo de que pudesse ser muito diferente se o meu time estivesse em campo. Talvez houvesse um meio-de-campo um pouco mais duro, mais brigador, e a tal “aula de futebol” não tivesse fluído com tamanha desenvoltura. Mas resta evidente que não temos um time à altura daquela disputa. Por quê? Bem, é uma questão de estrutura e de mentalidade. Vejam o grau de profissionalismo que atingiu o futebol espanhol e compare com os pterodáctilos, a começar da cúpula da CBF, que cuidam do futebol brasileiro. O que se viu ontem no Japão foi o triunfo do método sobre a poesia fora de lugar.

O Barcelona não tinha em campo um ou dois jogadores realmente diferenciados, mas ONZE. No jogo do método, o talentoso Neymar desapareceu, levantando a suspeita óbvia, não adianta tentar cobrir o sol com a peneira, de que a sua permanência no Brasil concorre ou para a sua mediocrização ou para a sua subutilização. Não há grande vantagem em brilhar entre e contra os medíocres. O jogo de ontem não nos permite saber a que distância, pequena ou grande, está de Messi, por exemplo. O craque argentino tinha um time de outras estrelas a lhe dar suporte; dez outros talentos lhe davam suporte. Neymar, ainda que seja realmente Neymar, teria de operar o milagre de carregar outros dez nas costas. Seria uma tarefa impossível.

Com isso, quero, atenção!, dizer algo muito importante: O QUE FAZ BRILHAR O TALENTO É O MÉTODO, NÃO O CONTRÁRIO. Vale dizer: o talento excepcional, por excepcional, não se torna um método nem se converte numa experiência que possa ser ensinada ou aprendida. Ninguém, ainda que queira, terá o gênio natural de Messi ou Neymar. Mas é preciso que se criem as condições para que Neymar venha a ser Neymar, assim como há as condições, no Barcelona ao menos, para que Messi seja Messi. Eu estava na Argentina quando a Seleção deles passou pela humilhação que a tirou da Copa de 2010 — o Brasil viveria a sua logo depois. É claro que o jogador argentino não é, na equipe do seu país, nem sombra do que se vê no Barcelona. Afinal, falta o tal “método”.

Messi, pois, não é Messi por uma conspiração dos anjos, mas por uma determinação do rigor técnico. É preciso que os outros operem bem acima da média para que ele possa se mostrar excepcional. Como Neymar se mostra mesmo muito talentoso,  é um garoto boa-praça, está muitíssimo bem-assessorado, vivíamos a ilusão do milagre: “Ah, ele chega lá, dá uns dois ou três dribles desconcertantes, e a nossa gente vai mostrar o seu valor”. Bem, não é assim. Essa é a doce ilusão da vitória da poesia sobre o rigor técnico. Não acontece. Os poemas acabaram escritos pelo jogador argentino.

Nas asas da ilusão, esquecemo-nos até do fato de que o Santos fez um Campeonato Brasileiro medíocre, numa safra de times — e olhem que o meu Coringão chegou lá —, vamos ser claros, sofríveis. Ou alguém aí chamaria de “brilhante” o Vasco ou o Corinthians? Estavam muito longe disso, não é mesmo? Mesmo assim, o Santos que iria disputar o tal mundial ficou lá pelo meio da tabela.

Eu sei que é chato dizer isto; sei que os santistas vão ficar bravos e coisa e tal, mas o fato é este: só saberemos se Neymar ainda será Neymar quando ele puder enfrentar jogadores à altura do talento que imaginamos que ele tem. Terá de ser testado num time organizado, estruturado, contra outros times igualmente organizados e estruturados, compostos realmente de estrelas. Eu estou entre aqueles que acreditam que o garoto tem um talento excepcional, desses que surgem raramente. Mas isso precisa ser testado e comprovado.

Sabem aquele clichê segundo o qual o futebol é uma caixinha de surpresas? Pois é… Até pode ser. Um esporte em que se pode perder por um a zero ou em que é possível um empate em zero a zero, a margem para o inesperado é grande.

O inesperado acontece, mas não o milagre.

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