Por Zezinho de Caetés
Hoje vi uma charge reproduzida na página “Deu nos Blogs” aqui na AGD, que me levou a escrever sobro o momento Pimentel. Ela está ai em cima ilustrando este texto, e o texto da Dora Kramer, que transcrevo a seguir.
Não há momento melhor do que este, onde os sinos já bimbalham anunciando a chegada do Natal, para se varrer sujeira para debaixo do tapete. O caso do ministro Pimentel é um deles, e já hoje mencionei como o ministro poderia ser salvo pela regulamentação do lobby.
Entretanto, o caso vai certamente se mover até janeiro ou até depois do carnaval, quando começa o ano político no Brasil. É o único país do mundo onde ano produtivo não passa de 8 meses. Termina em novembro e começa outra vez em abril. E, agora, a Lei Geral da Copa vai decretar feriado em dias de jogos em 2014. Como já se prever, será um ano perdido do ponto de vista da economia e perdido do ponto de vista político, pois os representantes do povo só trabalharão para se eleger e eleger seus correligionários.
Voltando ao caso de demissão em série de ministros, o qual é uma inovação tipicamente dilmiana, o que a Dora Kramer comenta abaixo salta aos olhos. Todos os ministros são iguais perante a presidenta mas, alguns são mais iguais do que os outros, quanto pertencem ao PT. Esta é a atividade gerencial inovatória dilmiana, que agora se completa com seu conselho ao Pimentel. “Se quiser vá mas se não quiser não vá”.
Para o bom entender estas palavras bastam para entender a presidenta. “Se você for tá lascado!”, seria a tradução mais próxima. Como ela não sabe falar de improviso, esta fase foi decorada durante a noite toda para ser usada de propósito, levando em conta o fato que ela sabe que todos sabem que ela não fala coisa com coisa. Se houver reações, eles vão dizer que foi mais uma gafe da presidenta, acredita ela, pois ninguém em seu juízo perfeito diria tal bobagem, mas, ela deu o recado ao Pimentel.
De qualquer forma a Dilma está levando o Pimentel para debaixo do tapete. E, como vocês verão no artigo abaixo, que a Dora chamou de “Gente Diferenciada” (Estadão), quem ele vai encontrar lá, aproveitando as benesses do 20 milhões, é o Palocci. O Pimentel já chega lá mais pobre, só com 2 milhões. E os ministros dos outros partidos nem direito a um tapete tiveram.
“Na hora do escândalo é que se enxerga com mais nitidez a divisão: no governo há os ministros do PT e há os outros. Os petistas, viajantes na primeira classe, têm direito a proteção contra convocações ao Congresso e declarações enfáticas em defesa de suas reputações. Os demais (o resto?) recebem uma palavra de alento e a orientação para que compareçam a tantas comissões quantas forem necessárias Conforme o caso, um afago na despedida. Comum a todos é depois a citação nos bastidores sobre as dificuldades de a presidente promover uma faxina com tanta gente de baixo calibre à sua volta.
Antônio Palocci mereceu mobilização de guerra para barrar sua convocação durante os 23 dias em que resistiu no cargo insistindo que o segredo sobre os nomes de seus clientes de consultoria às paredes pertencia. Vida privada, negócios particulares e ninguém tem nada com isso, argumentava a tropa. Esse ataque frontal à exigência de transparência imposta à administração pública e aos seus integrantes, imposta pela Constituição, é repetido agora pela presidente da República em pessoa. Em momento de péssimo exemplo à nação em geral e em particular aos que enxergam nela um bastião do combate à impunidade, Dilma Rousseff declarou que o ministro do Desenvolvimento não precisa dar satisfações a respeito de fatos que ela entende pertencerem à vida pessoal de Fernando Pimentel. 'Se achar que deve ir (ao Congresso), pode ir. Se achar que não deve ir, não vai', encerrou o assunto, deixando nas mãos do alvo de desconfiança a decisão.
Pimentel de imediato fez coro à saída gentilmente fornecida e recuou da posição da semana passada de ir ao Parlamento 'assim que convocado' e declarou que não vai. Na retaguarda, a maioria governista garante número nas comissões para que de fato não vá. Há dois aspectos a observar. O primeiro, a adoção de pesos e medidas diferentes para lidar com casos de suspeições envolvendo ministros. O argumento de que os negócios de Pimentel não têm nada a ver com o governo não convence. As consultorias que derrubaram Palocci tampouco foram prestadas no período em que era ministro. Ademais, a reputação de um ministro é, por óbvio, assunto de governo.
O segundo aspecto a ser observado guarda relação com os esclarecimentos em si. Ao contrário do que declaram ministro e presidente, as dúvidas não foram todas dirimidas. Pimentel não explicou, por exemplo, por que prestou consultorias de R$ 400 mil, R$ 500 mil, sem contrato ou por que seus trabalhos não produzem relatórios ou qualquer registro por escrito que possa ser utilizado pelo cliente como orientação sobre o tema consultado. Dando por findo o assunto, Pimentel deixa espaço aberto à desconfiança de que houve mesmo tráfico de influência, uma vez que parte dos pagamentos foi feita quando ele já era um dos mais importantes assessores da então candidata Dilma Rousseff, cotado para integrar o ministério. Se esse tipo de coisa não diz respeito a governo, o que, então, dirá?”
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