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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Até onde vamos com a corrupção?




Por Zezinho de Caetés

Hoje, com o coração menos angustiado pela saída de Lupi do governo, tentaremos sair do tema que tantas letras rendeu, que foi o cai-não-cai do ministro, e gostaríamos também de nos ver livres, pelo menos por algum tempo, de mais uma queda.

Parece que isto não será possível, se se confirmarem as suspeitas sobre o Ministro do Desenvolvimento, o Fernando Pimentel que andou aprontando também lá pelas bandas de Belo Horizonte.

Entretanto, do tema geral da corrupção é difícil de sair, pois o governo está impregnado deste mal, desde os tempos do meu conterrâneo Lula. Alguns ainda alegam que corrupção sempre existiu. Sim, eu sei, mas o PT que um dia quase entrava nele era o baluarte contra ela, e agora é seu principal produtor.

Como soe acontecer, não há tema hoje sobre corrupção que não haja sido escrito sobre ele alguma coisa. Sendo minha missão de analista político, ao mesmo tempo, facilitada e dificultada, com já disse.

Ela é facilitada porque meus textos se tornam menores, economizo o tempo e até o que transcrevo é de melhor qualidade do que aquilo que eu pudesse escrever. E é dificultada pelo mesmo motivo, pois não tenho mais imaginação para superar tão bons escritos.

E sobre corrupção textos abundam, como o que li ontem no Blog do Noblat, escrito pelo Edgar Flexa Ribeiro, onde ele encara “A ciranda da corrupção” que tanto malefícios traz ao Brasil. Ele mostra e eu apenas reforço, que o tal de “aparelhamento”, que é a tomada dos órgãos públicos pela política partidária, poderá distorcer tudo quanto entendemos por setor público neste país, e muitos vezes isto é feito em nome da democracia.

É um alerta que serve para todos os níveis de governo e para todos os seus órgãos. Eu até não sou muito a favor da ditadura do “tecnicismo”, nas decisões, pois foi com ela que construímos coisas como a Transamazônica, mas não podemos esquecê-lo totalmente, sob pena de não conseguirmos mais nem atravessar uma ponte com medo de que ela caia, pois o projeto foi elaborado pelo vereador da vez, do partido da vez e da coalizão da vez.

Vocês já pensaram a trave da Arena da Copa, em São Lourenço, cair no primeiro chute de Neymar contra ela porque ela foi desenhada pelo assessor do PSB, para embolsar o dinheiro do projeto técnico da trave? Não encontraremos goleiros com coragem para ficar debaixo dela. Mas, fiquem com o texto do Flexa Ribeiro:

A corrupção no serviço público não é mais um acidente pontual, episódico e controlável. Não é mais o caso de Fulano ou Sicrano. A corrupção é sistêmica, auto-sustentável e prolífera.

A ocupação do serviço público federal por uma invasão de interesses privados travestidos de facções políticas, abrigadas em legendas partidárias, perdeu os limites.

Aquilo que se chama de “aparelhamento”, termo no qual se ainda procura encontrar, como justificativa, nobres ideais e boas intenções, não passa na verdade de assalto organizado para a rapinagem.

A corrupção, como se tem visto recentemente, está no governo e na oposição. Nas esferas federal, estadual e municipal. No Executivo aparece mais, mas no Judiciário e no Legislativo tem também.

Não é obrigatória, é claro, mas parece estar fora de todo controle. Nas repartições mais humildes, em palácios, ministérios, secretarias.

“Mensalão” não é corrupção: é “Caixa 2”. Aí pode. E um dos que se safariam se esse entendimento prevalecer nos tribunais reaparece, preso em outro episódio.

Entenda-se bem: corrupção não é só meter a mão em dinheiro, tipo dólar na cueca, desvio de verbas, terceirizações e ONGs safadas.

Corrupção está também nos padrões éticos de agir e atuar no serviço público.

Violar sigilo bancário de caseiro pode. Mas é corrupção. Armar ações para vilipendiar adversário também pode, mas quem faz isso é só “aloprado”. E é corrupção também.

Nem falemos nos assessoramentos e consultorias que autoridades públicas prestam a setores privados com interesses em suas áreas de atuação, em palestras pagas a peso de ouro e em intermediações milionárias.

Os padrões éticos do serviço público estão decompostos. Nobres propósitos de levar o país à riqueza e progresso, resgatar da miséria nossas populações desvalidas e promover o desenvolvimento, pelo que se vê, são mobilizados para justificar o beneplácito oficial com esses “malfeitos”. Os êxitos são mobilizados para redimi-los.

Seria cômico se não fosse trágico.

Se os ventos que sopram nos empurram para frente, se o país vai tocando sua vida adiante, se brasileiros avançam em direção ao consumo e ao sucesso, tudo é êxito. O resto é detalhe.

Mas não será sempre assim. Serviços públicos loteados, invadidos por uma horda de cargos em comissão anarquicamente criados, e gerenciados dessa maneira, já começam a falhar.

Agências reguladoras dominadas por incompetências a serviço dos que teriam que ser regulados serão as primeiras a afundar.

Vazamentos, desordem aérea e aeroportuária misturados com Copa de Mundo e Olimpíadas. Não vai dar certo.

E aí, ainda acaba aparecendo quem diga que a culpa é da democracia.

Eu só voltei pela minha dúvida em que charge eu usava nesta postagem, e resolvi colocar a outra aqui no final. São tantas sobre corrupção que agora vou adotar uma no início outra no fim, mesmo que isto possa dar mais trabalho aos amigos Eliúde e Zé Carlos. Vejam a charge do Amarildo:


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