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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

INTUIÇÃO - É BOM COMEÇAR A DAR OUVIDOS.




Por Carlos Sena (*)


Mais cedo ou mais tarde, todo mundo se rende às evidências do terceiro milênio. Acredite ou não, mas este século aos poucos vai se configurando como aquele em que nós não podemos fazer de conta que certas coisas não existem. Coisas como INTUIÇÃO, por exemplo. Mas se pode entender a lógica da espiritualidade nesse contexto, independente de religião ou credo, pois estamos em plena era do conhecimento que não se permite a raciocínios imediatistas justificados sobre dogmas.

Da era do “DENTE POR DENTE, OLHO POR OLHO” até a ERA DO AMOR, trazida por Jesus muito se avançou na compreensão do mundo de dentro pra fora das pessoas. Isto contraria sobremaneira a visão ultrapassada do mundo de fora pra dentro, como muitos ainda continuam compreendendo e agindo nesse prisma.  O mundo do consumo tem nos dado certas respostas sintomáticas acerca do nosso papel na terra. O dinheiro não tem ajudado a dar às pessoas milionárias, mas que passam por certas provações, a real capacidade de entendimento do mundo nesta nova dimensão do conhecimento. Muito dinheiro não tem sido sinônimo de felicidade como a sociedade capitalista parece querer impor. Esse choque tem nos mostrado que os bens de consumo são bons, mas a paz espiritual é melhor; tem dado a várias pessoas a capacidade de reverem suas posições materialistas e investir no contrário, independente de versão religiosa.

Distante de querer induzir, mas a INTUIÇÃO – instância a nosso ver mais perto das evidências particulares de vida da maioria das pessoas está sendo muito valorizada por tantos. Desenvolver essa capacidade não requer sacrifício, mas leitura dos movimentos que nos cercam em nossas diversas atividades cotidianas. Está provado que o nosso pensamento é forte instrumento de comunicação humana. Nós, humanos, funcionamos como se fossemos sua base de informação que gravita em torno dos nossos anseios mais simples e mais complexos. Enquanto “antenas” desse processo intuitivo, temos que permanecer ativos para fazer a real interpretação dos fatos e “sinais” que permanentemente povoam nossa tela mental como que a nos querer dizer algo. Nada a ver com telepatia, com espiritualismo, com mediunidade, embora não se possa negar essa possibilidade. Para o nosso contexto, basta que despertemos para os acontecimentos. Na condição de “antenas” desse processo, certamente não iremos captar “ondas” diferentes daquelas para as quais estamos aptos. Afinal, nenhuma antena AM capta sinais FM, embora possa sofrer interferências. Com os seres humanos acontece mais ou menos nesse viés metafórico. Quando uma mãe, por exemplo, tem mal presságio acerca de um filho, não raro acontece algo desagradável e vice versa. Se a mãe entender que é apenas o seu poder de ter gerado o filho que lhe dá essa faculdade, então dificilmente haverá uma evolução em sentido superior. Contudo se essa intuição continua e ela (a mãe, que também é mulher, irmã, etc.) desperta para compreender a lógica das mensagens intuitivas, certamente poderá canalizá-las positivamente. É como se o inconsciente passasse a ser consciente e a partir daí, mediante exercícios diários, poder-se-á valorizar mais os “sinais” destes novos tempos de conhecimento como substância e de amor como fundamento.

O exemplo da mãe é antológico a nosso ver, porque trás consigo todos os ingredientes emocionais de uma relação riquíssima e cheia de simbolismos entre pais e filhos. Ao fazer essa leitura dos processos intuitivos, certamente as pessoas começarão a compreender que o mundo não é “só isso que se vê” e que “há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia”... Talvez neste estágio adentre no consciente de muitos a realidade que nos circunda com o nome de ERA DO CONHECIMENTO, também alardeada como era de AQUARIUS, mas que não optamos por ela, posto ter ilação com os já conhecidos signos zodiacais. Neste aspecto, não nos interessamos por essas questões que entendemos de somenos importância diante da nossa RICA INTUIÇÃO – um dos produtos legítimos destes novos tempos.

Como bem podemos entender a era do CONHECIMENTO não pode ser dissociada dos processos interiores maiores e nestes as religiões. Não estamos falando de fé. Esta é superior a qualquer credo, embora através dela se possa conduzir melhor esse estágio de vida com fé e esperança no amor, na caridade e no perdão. Talvez este seja o liame mais complexo, mas que não temos intenção de alocar conceitos. Estamos nos referindo às doutrinas espiritualistas diversas que nos cercam. Mais precisamente ao espiritismo Kardecista. Neste, há uma legião imensa de fiéis e silenciosos seguidores, diferente dos Pentecostais que urram nos quatro cantos do mundo em defesa de “Jesus” como se um mercado da fé estivesse instituído. Os kardecistas lotam suas sedes em reuniões altamente espiritualizadas e, nalgumas delas, até com psicografias à Chico Xavier. Essa corrente tem sido muito difundida por conta de famosidades que, diante de certas provações, encontraram conforto e motivo para continuar vivendo, segundo contam publicamente.

Portanto, diante de um dia em que tudo parece ter dado errado, não entenda assim. O universo não conspira nem contra nem a favor de ninguém. Ele simplesmente conspira. Nós é que, diante da nossa insipiência enquanto pessoas nem sempre temos a capacidade de compreender os seus sinais. Mas se tudo nos parecer errado em certo dia, melhor tentar fazer uma leitura dos fatos e, se necessários, parar. Muitas vezes o universo não está assimilando o nosso movimento. É como se nós estivéssemos subindo uma ladeira e o universo descendo. Nesse movimento, certamente nós levaremos a pior. Se fizermos uma leitura apropriada então iremos parar, ou descer junto para depois subir em outro movimento. Outra prática é deixar de querer entender tudo num único momento. Os nossos movimentos não são os mesmos do universo e muita coisa nós só entenderemos depois. Pouco depois ou muito tempo depois ou mesmo nunca. Há coisas na vida que nós não dispomos de capacidade para compreensão. É como se nós tivéssemos que criar nos nossos próprios “mistérios das nossas santíssimas trindades”, se é que se possa dizer assim. INTUIÇÃO é coisá séria. É bom começar a lhe dar ouvidos.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 06/12/2011

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