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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lula e o ditador coreano




Por Zezinho de Caetés

“Poucas vezes na História viu-se de forma tão direta e fotográfica o legado de um governante. É o buraco negro registrado pelos satélites que passam sobre o apagão da Coreia do Norte deixada por Kim Jong-il, o "Sol do Futuro Comunista", o "Comandante Invencível". Um apagão elétrico, social, político e econômico.

É com esse apagão que a jornalista americana Barbara Demick começa seu livro "Nothing to Envy" ("Nada a invejar — Vidas comuns na Coreia do Norte"). Ela foi correspondente do "Los Angeles Times" em Seul e, durante sete anos, entrevistou coreanos que fugiram da tirania de Kim Jong-il, que se foi embora no domingo.

Quando o "Querido Líder" nasceu, uma estrela brilhou no céu e dois arco-íris enfeitaram o dia. Sucedeu ao pai, o "Grande Marechal", e passou o poder ao filho.

Como sucedeu em 1994, quando o coração matou Kim Il-sung, o "Divino Guardião do Planeta", torce-se pela desagregação do regime que aprisiona 23 milhões de pessoas, dando-lhes fome, miséria e brutalidade.

Barbara Demick escreveu sobre uma tirania depois de um século varrido pelo Holocausto e pelo Gulag, quando seria possível pensar que já se viu de tudo. O que há de terrível no retrato da Coreia do Norte é que ele surpreende o leitor. Quando se acha que a vida de um povo não pode piorar, ela piora, envergonhando a época em que se vive.

Em 1945, a península coreana foi dividida entre duas ditaduras. A do Norte, comunista e rica. A do Sul, capitalista e pobre. Nos anos 60, quando se falava em "Milagre Coreano", o tema era a supremacia socialista. Em 1970, todos os vilarejos do país tinham eletricidade. Passou-se uma geração, o Sul tem uma democracia e o Norte tem uma tirania enlouquecida, que mais se parece com a Spectre do romance de Ian Fleming do que com um Estado. Em apenas quatro anos, entre 1991 e 1995, a renda per capita da população caiu de US$ 2.460 para US$ 719. O regime vive do socorro cúmplice da China.

Falta eletricidade, mas as 34 mil estátuas do "Pai da Pátria Socialista" são iluminadas mesmo de dia.

A professora Mi-Ran conta que via alunos de cinco ou seis anos morrerem de fome nas salas de aula. Sua turma de jardim de infância de 50 alunos caiu para 15.

Nas casas desse paraíso, uma parede da sala deve ser reservada para o retrato do Líder, que é distribuído com um pano. Fiscais zelam para que nenhuma família deixe de limpá-lo.

A fome dos anos 90 matou entre 600 mil e 2 milhões de coreanos do Norte. Em algumas cidades morreram dois em cada dez habitantes. Um médico conta que ensinou mães a ferver demoradamente a sopa de capim. A certa altura, as famílias preferiam que as crianças morressem de fome em casa, porque nos hospitais, onde não havia remédio, faltava também comida.

Nessa época o governo informou que racionara alimentos porque o povo da Coreia do Sul estava passando fome e precisava ser ajudado.

Ninguém comemora aniversário na Coreia do Norte. Festeja-se apenas um dia: o do nascimento do Líder.

Kim Jong-il, com seus sapatos-plataforma, já foi tarde. Se Deus é comunista, o filho do Líder entrega o campo de concentração a um condomínio da China com a Coreia do Sul.

Serviço: "Nothing to Envy" está na rede por US$ 9,99.”

Hoje eu não comecei a postagem, tive a honra de ceder o início ao Élio Gaspari com um texto chamado de “Já foi tarde”, que vi hoje no Blog do Noblat. Eu já havido lido e ouvido sobre a morte de mais este ditador, e como sempre me interesso por outros mais de perto como o Fidel, o Chaves e até agora a Cristinha Kirchiner que anda manda invadir redações, eu me interessei em escrever aqui alguma coisa.

Tenho pouco a dizer a mais do que já foi dito pelo Élio e por outros, como Flavio Morgenstern, que diz no O Implicante:

“A Coréia do Norte foi governada com mão-de-ferro desde a sua criação, em 1945. Kim Il-sung e Kim Jong-il tornaram a Coréia do Norte o Estado mais totalitário e fechado do mundo. É o único país do mundo com liberdade econômica tecnicamente inexistente, estagnado em último lugar no índice de liberdade econômica, que analisa a liberdade dos países através de critérios como negócios, comércio, liberdade fiscal, de intervenção do governo, monetária, de investimentos;, financeira, de corrupção, do trabalho e direitos de propriedade, ganhando de todos os países totalitários mais violentos do mundo atual, como Irã, Myanmar, Zimbábue, Líbia, Venezuela (já com menos liberdade do que Cuba), Bielorússia, Cuba, Laos, Turcomenistão, Haiti (aquele que juram ser um retrato do lado podre do “capitalismo”) e Nigéria.”

Ou mesmo o Reinaldo Azevedo em seu blog quando escreve sobre a morte deste tirano:

Já haviam dito muito coisa sobre a Coréia do Norte, mas nem o comunista mais tarado ousou chamar o país de “próspero”. Boa parte dos estimados 22 milhões de norte-coreanos passa fome. No campo, há relatos freqüentes de… canibalismo!”

Nada disto me surpreendeu mais do que uma nota do PC do B, sim, o partido brasileiro do Orlandinho, lembram aquele inocente que a Dilma foi obrigada a demitir por influência desta imprensa horrorosa que temos, e que temo que a presidente seja influenciada pela presidente da Argentina em seus arroubos de regulamentação da mídia. Vejam e pensem se não é surpreendente:

Estimado camarada Kim Jong Um
Estimados camaradas do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coréia

Recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento do camarada Kim Jong Il, secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia, presidente do Comitê de Defesa Nacional da República Popular Democrática da Coreia e comandante supremo do Exército Popular da Coreia.

Durante toda a sua vida de destacado revolucionário, o camarada Kim Jong Il manteve bem altas as bandeiras da independência da República Popular Democrática da Coreia, da luta anti-imperialista, da construção de um Estado e de uma economia prósperos e socialistas, e baseados nos interesses e necessidades das massas populares.

O camarada Kim Jong Il deu continuidade ao desenvolvimento da revolução coreana, inicialmente liderada pelo camarada Kim Il Sung, defendendo com dignidade as conquistas do socialismo em sua pátria. Patriota e internacionalista promoveu as causas da reunificação coreana, da paz e da amizade e da solidariedade entre os povos.

Em nome dos militantes e do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) expressamos nossas sentidas condolências e nossa homenagem à memória do camarada Kim Jong Il.

Temos a confiança de que o povo coreano e o Partido do Trabalho da Coreia irão superar este momento de dor e seguirão unidos para continuar a defender a independência da nação coreana frente às ameaças e ataques covardes do imperialismo, e ao mesmo tempo seguir impulsionando as inovações necessárias para avançar na construção socialista e na melhoria da vida do povo coreano.

Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB e Ricaro Abreu Alemão secretário de Relações Internacionais do PCdoB.”

Eu penso que nem o remanescente solitário do comunismo no Brasil, o Oscar Niemeyer, seria capaz de subscrever um disparate desses. Isto é o que chamávamos, na época em que eu flertava com as esquerdas, de alienação elevada à enésima potência.

O meu medo veio mais da cena que vi ontem na TV, onde mostraram um bando de coreanos do norte chorando pela morte do grande líder. Minha gente, não é possível que o mundo todo esteja errado e só o governo coreano do norte esteja certo. Mas, pensando bem, o que hoje se fala de Cuba, e se faz propaganda daquele regime aqui no Brasil, de forma mentirosa, me leva a pensar que os coreanos choram e não são obrigados a fazer isto, como muitos choraram pela doença do Fidel.

Basta pensar no que pode acarretar um regime onde um homem ou um grupo deles se aproprie da verdade como dogma e a incutam durante gerações e gerações. As pessoas chegam a acreditar nesta verdade.


Estas são as vantagens de um sistema democrático onde a alternância de poder é sua grande defesa para coisas como esta, que nos revelam a quanto vai a humanidade. Por isso, eu temo mesmo por nós brasileiros, se o PT continuar a governar este país e nos tentar incutir a ideia que um conterrâneo meu foi o salvador da lavoura brasileira. Nem o Lula merece ser transformado em nosso Kim Jong Il. Mas, só uma oposição forte o salvará deste destino.

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