Por Zezinho de Caetés
Bem meus senhores, eu devo continuar a falar sobre as Teses
do PT. Ou melhor, eu deveria. Digo assim no condicional, porque já foram tantos
os textos, de outros autores, sobre elas que eu não tenho mesmo, quase mais
nada a dizer, a não ser que é um conjunto de bobagens. Então resolvi comentar
apenas uma das tendências do partido (Articulação de Esquerda), aquela que fez
um diagnóstico da situação política e econômica do Brasil e que foi comentada
por mim na postagem anterior.
Agora vamos às recomendações feitas a partir daquele “brilhante” diagnóstico. Não poderia sair
boa coisa pois quando um médico diz que um paciente está com o coração doente
porque ele está com diarreia o remédio só pode ser ineficaz, mesmo que tenha
uma mínima chance do diagnóstico ser correto. O indivíduo vai morrer cagando
(desculpem a expressão).
Então, abaixo vão algumas proposições do PT em vermelho
(desta tendência) e minhas considerações em azul. E neste pastoril não serei a Diana.
A
primeira tarefa é reocupar as ruas. A oposição de direita controla parte
importante do Judiciário, do Parlamento e do Executivo, em seus diferentes
níveis. Agora está trabalhando intensamente para também controlar as ruas,
utilizando para isto sua militância mais conservadora, convocada pelos meios de
comunicação, mobilizada com recursos empresariais e orientada pelas técnicas
golpistas das chamadas “revoluções coloridas”. Caso a direita ganhe a batalha
de ocupação das ruas, não haverá espaço nem tempo para uma contraofensiva por
parte da esquerda. Assim, a primeira tarefa de cada petista deve ser apoiar,
participar, mobilizar e ajudar a organizar as manifestações programadas pelos
movimentos e organizações das classes trabalhadoras.
Eles sentiram que as chamadas “ruas” não pertencem mais ao PT. E já
tentaram colocar seu bloco e o exército do Stédile nelas e foi um grande
fracasso, mesmo que oferecessem pão com mortadela e uma pequena ajuda de custo,
a quem participasse. E hoje, já se sabe que não perderam só as ruas, o PT
perdeu todos os meios de comunicação com o povo, a não ser aqueles que comem no
mesmo cocho dos ladrões da Petrobrás, mesmo tendo roubado menos. Vejam a prova:
A gerenta presidenta, não vai falar no dia 1 de maio, aos trabalhadores, com
medo de um panelaço daqueles de ensurdecer o país. Como eles irão reocupar as
ruas, só se for com os bois do Lulinha.
A segunda tarefa é construir uma Frente Democrática e Popular. Há várias iniciativas em curso, algumas delas sem o PT e
até mesmo contra o PT. Nosso Partido deve procurar as forças que elegeram Dilma
no segundo turno presidencial e que defendem as reformas estruturais, propondo
a elas que se constitua uma frente popular em defesa da democracia e das
reformas. O programa mínimo desta Frente Democrática e Popular deve incluir a
revogação das medidas de ajuste recessivo; o combate à corrupção; a reforma
tributária com destaque para o imposto sobre grandes fortunas; a defesa da
Petrobrás e da industrialização nacional; a ampliação das políticas públicas
universais como saúde e educação; a reforma política e a democratização da
mídia. A Frente Democrática e Popular é essencial para derrotar o golpismo e
libertar o governo da chantagem peemedebista. Mas o objetivo principal da
Frente Democrática e Popular é lutar por transformações estruturais, sendo para
isto necessário construir instrumentos de articulação política e de comunicação
de massas que nos permitam enfrentar e vencer o oligopólio da mídia.
E esta segundo tarefa é tirar o
Levy, o Risonho, da jogada. Eles não entendem que se não fosse ele, o Brasil já
teria perdido o grau de investimento, o que significa que os investidores
passariam a encarar o país como caloteiro em primeiro grau e a Dilma, talvez,
já tivesse ido embora. Neste ponto, eu quero que eles tenha sucesso no que diz
respeito a Dilma sair. Esta tal de Frente Democrática Popular, já foi utilizada
na Venezuela, que vive dias de horror, com todos fedendo a cocô pela falta de
papel higiênico.
A terceira tarefa é mudar nossa estratégia. Se queremos melhorar a vida do povo, se queremos ampliar a
democracia, se queremos afirmar a soberania nacional, se queremos integrar a
América Latina, se queremos quebrar a espinha dorsal da corrupção, é preciso
realizar reformas estruturais no Brasil, que permitam à classe trabalhadora
controlar as principais alavancas da economia e da política nacional. Para
isto, precisamos de uma aliança estratégica com as forças
democrático-populares, com a esquerda política e social. Precisamos, também,
combinar luta institucional, luta social e luta cultural. Recuperar o apoio
ativo da maioria da classe trabalhadora, ganhar para nosso lado parte dos
setores médios que hoje estão na oposição, dividir e neutralizar a burguesia,
isolando e derrotando o grande capital transnacional-financeiro. Isso implica
abandonar a conciliação de classe com nossos inimigos.
Esta é uma tarefa que eles
puseram no documento para que ele não ficasse curto. Isto já caiu de moda há
tanto tempo que parece até brincadeira. Neutralizar a burguesia hoje é apenas
dizer que o Lula não os representa mais. Ficou rico demais, e a estratégia do
PT deve ser sempre que todos sejam pobres para eles ganharem sempre as
eleições.
A quarta tarefa é alterar a linha do governo. É plenamente possível derrotar a direita se tivermos para
isto a ajuda do governo. É possível derrotar momentaneamente a direita, até
mesmo sem a ajuda do governo. Mas é impossível impor uma derrota estratégica à
direita, se a ação do governo dividir a esquerda e alimentar a direita. Por
isto, o 5º Congresso do PT deve dizer ao governo: que os ricos paguem a conta
do ajuste, que as forças democrático-populares ocupem o lugar que lhes cabe no
ministério, que a presidenta assuma protagonismo na luta contra a direita,
contra o “PIG” e contra a especulação financeira. 11. A quinta tarefa é mudar o
próprio PT. O Partido que temos não está à altura dos tempos em que vivemos.
Das direções até as bases, é preciso realizar transformações profundas. Precisamos
de um partido para tempos de guerra.
Esta tarefa eu apoio quase
totalmente embora minha linha seja um pouco diferente. Seria tirar Dilma da
presidência, dentro da lei e da ordem. E eles escrevem verdades candentes como
esta: “O Partido que temos não está à
altura dos tempos em que vivemos.” Eu digo que não está e nunca esteve.
Depois que colocamos meu conterrâneo, quase analfabeto, na presidência, só
poderia dar nisto mesmo.
A quinta tarefa é mudar o próprio PT. O Partido que temos não está à altura dos tempos em que
vivemos. Das direções até as bases, é preciso realizar transformações
profundas. Precisamos de um partido para tempos de guerra.
Sem comentários.
Agora, para me desculpar com meus leitores por não continuar
estes comentários sobre estas tresloucadas teses petistas, eu os deixo com o
texto do Ruy Fabiano (“Delírios à beira
do abismo” – Blog do Noblat – 25/04/2015), escolhido entre tantos outros
textos para arrematar esta questão, e não perder mais tempo com bobagens.
“O Caderno de Teses do PT, a ser debatido em seu 5º Congresso, em
junho, em Salvador – e disponível em seu site -, expõe o grau de alheamento de
sua militância em relação à conjuntura presente. O partido propõe, em síntese,
uma revolução, a partir da mobilização das massas. Que massas?
O partido não percebe que perdeu a hegemonia das ruas. Seu projeto
socialista, de viés autoritário – autointitulado “hegemônico” -, jamais
enfrentou tantos obstáculos.
A economia vai mal, suas principais lideranças estão às voltas com o
Código Penal e as massas que ocupam as ruas pedem que deixe o poder. A
presidente reina, mas não governa. O poder está nas mãos de uma trinca
peemedebista: Michel Temer, vice-presidente; Eduardo Cunha, presidente da
Câmara; Renan Calheiros, presidente do Senado.
A economia está nas mãos de um tecnocrata liberal, Joaquim Levy, que
representa o avesso do projeto socialista do partido. Os Cadernos de Teses – um
conjunto de sete apostilas, cuja primeira tem o provocativo título de “Um
Partido para Tempos de Guerra” – parecem ignorar a nova realidade posta ao
partido. Age como se cada etapa de sua presença no poder tivesse obtido êxito.
No processo de aparelhamento gradual da máquina administrativa do
Estado e dos organismos de representação da sociedade civil, este momento – o
quarto mandato consecutivo na presidência da república – seria o de up grade
revolucionário. Mas alguma coisa não deu certo – e a militância não percebeu.
O partido perdeu seguidores e ganhou adversários, a tal ponto que
passou a ser enxotado das ruas. Seu líder maior, Lula, não mais aparece em
locais públicos. Fala apenas a auditórios ideologicamente higienizados. Idem a
presidente da República, cuja presença é inevitavelmente saudada por vaias.
As pesquisas mostram que, se as eleições fossem hoje, o PT perderia no
primeiro turno, não importa o adversário. Em vez de discutir o que mudou, onde
se deu o desvio, o 5º Congresso do PT põe em debate teses que, ainda que seu
projeto houvesse triunfado, seriam senão inviáveis, ao menos complicadíssimas.
Entre outros disparates: reestatização de tudo o que foi privatizado;
cassação de todos os ministros do STF que condenaram os mensaleiros do partido;
estatização da Rede Globo e das TVs que exibem programas religiosos; demissão de
todos os ministros do governo Dilma que não rezem pela cartilha socialista:
Joaquim Levy (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura) e Armando Monteiro
(Desenvolvimento Industrial), exatamente os que avalizam a presidente perante o
mercado.
E há mais. Os Cadernos repetem exaustivamente a palavra democracia, que
as propostas negam. Ao mesmo tempo em que defendem o “aprofundamento do combate
à corrupção”, propõem o cancelamento de todas as denúncias e investigações em
curso. E há uma nota pitoresca: a proposta de cassação de um único parlamentar,
o deputado Jair Bolsonaro. Um projeto revolucionário que mira e nomina um único
adversário.
O que se constata é que o partido vive não apenas seu ocaso político e
moral, mas sobretudo intelectual. Um partido que nasceu no ambiente das
academias, sobretudo a USP, sonhado por intelectuais de grande
respeitabilidade, termina em mãos de uma militância iletrada, alheia aos fatos
que ela própria construiu e que pretende transformar com bravatas. Não se cura
uma febre quebrando o termômetro, mas é o que a militância petista propõe em
seus delirantes Cadernos de Teses.”
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