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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O governo caquético da Dilma




Por Zezinho de Caetés

Nesta terça-feira passada o Marco Antonio Villa publicou um artigo em O Globo intitulado “O governo Dilma parece velho”. Eu o sorvi de um trago só e pensando: Que governo? Realmente eu ainda não vi governo nenhum depois que começou o desgoverno do Lula a partir de 2009 quando de sua tentativa em eleger um poste para presidência.

E vejam os senhores que ele quase conseguia. Só não o fez porque as condições externas, que começaram a ficar diferente, desde a “marolinha”, começaram a afetar o Brasil, e agora temos uma grande conta daquela eleição para pagar. Então, como diz o autor, no texto abaixo, as baratas tontas do PT, não sabem o que fazer para mudar de rumo. Não houve preparação prévia, e só oba-oba. Não houve reformas básicas e sim cosméticos sociais.

Agora, além de não sentirmos que existe governo, a maioria das vezes, quando ele aparece é para cometer as maiores asnices tanto no plano interno (vejam as condições de tudo que é público neste país) quanto externo (vide Rio+20 e Paraguai). Nunca na história deste país se viu tanta besteira feita em tão pouco tempo. E isto em menos da metade do “governo”.

Ainda bem que surgiu Paulo Maluf no meio do caminho. O poeta diria que foi uma pedra, eu diria que foi um bênção para mostrar que o Santo (Lula) tem os pés de barro. O famoso encontro, aliado a outro encontro (o Encontro Fatal com o Gilmar Mendes), mostra que, de encontro em encontro, o Lula cada vez fica mais perto de voltar para nossa terra, Caetés, onde deverá ser o faxineiro do meu grande sonho, a Academia Caeteense de Letras, que ainda acalento.

Fiquem com o Marco Antonio Villa, que foi educado em dizer que o governo Dilma está apenas velho. Eu, sem muita educação, diria que está velho e caquético, ou mesmo só caquético para não ofender à terceira idade.

“O governo Dilma Rousseff completa 18 meses. Acumulou fracassos e mais fracassos. O papel de gerente eficiente foi um blefe. Maior, só o de faxineira, imagem usada para combater o que chamou de malfeitos.

Na história da República, não houve governo que, em um ano e meio, tenha sido obrigado a demitir tantos ministros por graves acusações de corrupção.

Como era esperado, a presidente não consegue ser a dirigente política do seu próprio governo. Quando tenta, acaba sempre se dando mal. É dependente visceralmente do seu criador. Está satisfeita com este papel. E resignada. Sabe dos seus limites.

O presidente oculto vai apontando o rumo e ela segue obediente. Quando não sabe o que fazer, corre para São Bernardo do Campo. A antiga Detroit brasileira virou a Meca do petismo.

Nunca tivemos um ex-presidente que tenha de forma tão cristalina interferido no governo do seu sucessor. Lembra o que no México foi chamado de Maximato (1928-1934), quando Plutarco Elias Calles foi o homem forte durante anos, sem que tenha exercido diretamente a presidência.

Lá acabou numa ruptura. Em 1935 Lázaro Cárdenas se afastou do “Chefe Máximo” da Revolução. Aqui, nada indica que isso possa ocorrer. Pelo contrário, pode ser que em 2014 o criador queira retomar diretamente as rédeas do poder e mande para casa a criatura.

O PAC ─ pura invenção de marketing para dar aparência de planejamento estatal ─ tem como principal marca o atraso no cronograma das obras, além de graves denúncias de irregularidades. O maior feito do “programa” foi ter alçado uma desconhecida construtora para figurar entre as maiores empreiteiras brasileiras.

De resto, o PAC é o símbolo da incompetência gerencial: os conhecidos gargalos na infraestrutura continuam intocados, as obras da Copa do Mundo estão atrasadas, o programa “Minha Casa, Minha Vida” não conseguiu sequer atingir 1/3 das metas.

O Nordeste é o exemplo mais cristalino de como age o governo Dilma. A região passa pela seca mais severa dos últimos 30 anos. A falta de chuva já era sabida. Mas as autoridades federais não estavam preocupadas com isso. Pelo contrário. O que interessava era resolver a partilha da máquina estatal na região entre os partidos da base.

Duas agências foram entregues salomonicamente: uma para o PMDB (o DNOCS) e outra para o PT (o Banco do Nordeste). E a imprensa noticiou graves desvios nos dois órgãos, que perfazem quase 300 milhões de reais. A “punição” foi a demissão dos gestores.

Enquanto isso, desejando mostrar alguma preocupação com os sertanejos, o governo instituiu a bolsa-seca, 80 reais para cada família cadastrada durante 5 meses, perfazendo 400 reais (o benefício será extinto em novembro, pois, de acordo com a presidente, vai chover na região e tudo, magicamente, vai voltar ao normal). Isto mesmo, leitor. Esta é a equidade petista: para os mangões, tudo; para os sertanejos, uma esmola.

Greves pipocam pelo serviço público. As promessas de novos planos de carreiras nunca foram cumpridas. A educação é o setor mais caótico. Não é para menos. Tem à frente o ministro Aloizio Mercadante. Quando passou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia nada fez. Só discursou e fez promessas. E as realizações? Nenhuma.

Mercadante lembra Venceslau Braz. Durante o quadriênio Hermes da Fonseca, Venceslau foi um vice-presidente sempre ausente da Capital Federal. Vivia pescando em Itajubá. Quando foi alçado à presidência da República, o poeta Emílio de Menezes comentou sarcasticamente: “É o único caso que conheço de promoção por abandono de emprego.”

Mercadante é uma versão século XXI de Venceslau. O sistema federal de ensino superior está parado e vive uma grave crise. O que ele faz? Finge que nada está acontecendo. Quando resolve se manifestar, numa recaída castrense, diz que só negocia quando os grevistas voltarem ao trabalho.

A crise econômica mundial também não mereceu a atenção devida. Como o governo só administra o varejo e não tem um projeto para o país, enfrenta as turbulências com medidas paliativas. Acha que mexendo numa alíquota resolve o problema de um setor.

Sempre a política adotada é aquela mais simples. Tudo é feito de improviso. É mais que evidente que o modelo construído ao longo das últimas duas décadas está fazendo água (e não é de hoje). É necessário mudar. Mas o governo não tem a mínima ideia de como fazer isso.

Prefere correr desesperadamente atrás do que considera uma taxa de crescimento aceitável eleitoralmente. É a síndrome de 2014. O que importa não é o futuro do país, mas a permanência no poder.

Na política externa, se é verdade que Patriota não tem os arroubos juvenis de Amorim, o que é muito positivo, os dez anos de consulado petista transformaram a Casa de Rio Branco em uma espécie de UNE da terceira idade. A política externa está em descompasso com as necessidades de um país que pretende ter papel relevante na cena internacional.

O Itamaraty transformou-se em um ministério marcado por derrotas. A última foi na Rio+20, quando, até por ser a sede do evento, deveria exercer não só um papel de protagonista, como também de articulador. A nossa diplomacia perdeu a capacidade de construir consensos.

Assimilou o “estilo bolivariano”, da retórica panfletária e vazia, e, algumas vezes, se tornou até caudatária dos caudilhos, como agora na crise paraguaia.

O governo Dilma parece velho, sem iniciativa. Parodiando o poeta: todo dia ele faz tudo sempre igual. E saber que nem completou metade do mandato. Pobre Brasil.”

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