Por Zezinho de Caetés
Nesta terça-feira passada o Marco Antonio Villa publicou um
artigo em O Globo intitulado “O governo
Dilma parece velho”. Eu o sorvi de um trago só e pensando: Que governo? Realmente
eu ainda não vi governo nenhum depois que começou o desgoverno do Lula a partir
de 2009 quando de sua tentativa em eleger um poste para presidência.
E vejam os senhores que ele quase conseguia. Só não o fez
porque as condições externas, que começaram a ficar diferente, desde a “marolinha”, começaram a afetar o Brasil,
e agora temos uma grande conta daquela eleição para pagar. Então, como diz o
autor, no texto abaixo, as baratas tontas do PT, não sabem o que fazer para
mudar de rumo. Não houve preparação prévia, e só oba-oba. Não houve reformas básicas e sim cosméticos sociais.
Agora, além de não sentirmos que existe governo, a maioria
das vezes, quando ele aparece é para cometer as maiores asnices tanto no plano
interno (vejam as condições de tudo que é público neste país) quanto externo
(vide Rio+20 e Paraguai). Nunca na história deste país se viu tanta besteira
feita em tão pouco tempo. E isto em menos da metade do “governo”.
Ainda bem que surgiu Paulo Maluf no meio do caminho. O poeta
diria que foi uma pedra, eu diria que foi um bênção para mostrar que o Santo
(Lula) tem os pés de barro. O famoso encontro, aliado a outro encontro (o
Encontro Fatal com o Gilmar Mendes), mostra que, de encontro em encontro, o
Lula cada vez fica mais perto de voltar para nossa terra, Caetés, onde deverá
ser o faxineiro do meu grande sonho, a Academia Caeteense de Letras, que ainda
acalento.
Fiquem com o Marco Antonio Villa, que foi educado em dizer
que o governo Dilma está apenas velho. Eu, sem muita educação, diria que está
velho e caquético, ou mesmo só caquético para não ofender à terceira idade.
“O governo Dilma Rousseff completa 18 meses. Acumulou fracassos e mais
fracassos. O papel de gerente eficiente foi um blefe. Maior, só o de faxineira,
imagem usada para combater o que chamou de malfeitos.
Na história da República, não houve governo que, em um ano e meio,
tenha sido obrigado a demitir tantos ministros por graves acusações de
corrupção.
Como era esperado, a presidente não consegue ser a dirigente política
do seu próprio governo. Quando tenta, acaba sempre se dando mal. É dependente
visceralmente do seu criador. Está satisfeita com este papel. E resignada. Sabe
dos seus limites.
O presidente oculto vai apontando o rumo e ela segue obediente. Quando
não sabe o que fazer, corre para São Bernardo do Campo. A antiga Detroit
brasileira virou a Meca do petismo.
Nunca tivemos um ex-presidente que tenha de forma tão cristalina
interferido no governo do seu sucessor. Lembra o que no México foi chamado de
Maximato (1928-1934), quando Plutarco Elias Calles foi o homem forte durante
anos, sem que tenha exercido diretamente a presidência.
Lá acabou numa ruptura. Em 1935 Lázaro Cárdenas se afastou do “Chefe
Máximo” da Revolução. Aqui, nada indica que isso possa ocorrer. Pelo contrário,
pode ser que em 2014 o criador queira retomar diretamente as rédeas do poder e
mande para casa a criatura.
O PAC ─ pura invenção de marketing para dar aparência de planejamento
estatal ─ tem como principal marca o atraso no cronograma das obras, além de
graves denúncias de irregularidades. O maior feito do “programa” foi ter alçado
uma desconhecida construtora para figurar entre as maiores empreiteiras
brasileiras.
De resto, o PAC é o símbolo da incompetência gerencial: os conhecidos
gargalos na infraestrutura continuam intocados, as obras da Copa do Mundo estão
atrasadas, o programa “Minha Casa, Minha Vida” não conseguiu sequer atingir 1/3
das metas.
O Nordeste é o exemplo mais cristalino de como age o governo Dilma. A
região passa pela seca mais severa dos últimos 30 anos. A falta de chuva já era
sabida. Mas as autoridades federais não estavam preocupadas com isso. Pelo
contrário. O que interessava era resolver a partilha da máquina estatal na
região entre os partidos da base.
Duas agências foram entregues salomonicamente: uma para o PMDB (o
DNOCS) e outra para o PT (o Banco do Nordeste). E a imprensa noticiou graves
desvios nos dois órgãos, que perfazem quase 300 milhões de reais. A “punição”
foi a demissão dos gestores.
Enquanto isso, desejando mostrar alguma preocupação com os sertanejos,
o governo instituiu a bolsa-seca, 80 reais para cada família cadastrada durante
5 meses, perfazendo 400 reais (o benefício será extinto em novembro, pois, de
acordo com a presidente, vai chover na região e tudo, magicamente, vai voltar
ao normal). Isto mesmo, leitor. Esta é a equidade petista: para os mangões,
tudo; para os sertanejos, uma esmola.
Greves pipocam pelo serviço público. As promessas de novos planos de
carreiras nunca foram cumpridas. A educação é o setor mais caótico. Não é para
menos. Tem à frente o ministro Aloizio Mercadante. Quando passou pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia nada fez. Só discursou e fez promessas. E as
realizações? Nenhuma.
Mercadante lembra Venceslau Braz. Durante o quadriênio Hermes da
Fonseca, Venceslau foi um vice-presidente sempre ausente da Capital Federal.
Vivia pescando em Itajubá. Quando foi alçado à presidência da República, o
poeta Emílio de Menezes comentou sarcasticamente: “É o único caso que conheço
de promoção por abandono de emprego.”
Mercadante é uma versão século XXI de Venceslau. O sistema federal de
ensino superior está parado e vive uma grave crise. O que ele faz? Finge que nada
está acontecendo. Quando resolve se manifestar, numa recaída castrense, diz que
só negocia quando os grevistas voltarem ao trabalho.
A crise econômica mundial também não mereceu a atenção devida. Como o
governo só administra o varejo e não tem um projeto para o país, enfrenta as
turbulências com medidas paliativas. Acha que mexendo numa alíquota resolve o
problema de um setor.
Sempre a política adotada é aquela mais simples. Tudo é feito de
improviso. É mais que evidente que o modelo construído ao longo das últimas
duas décadas está fazendo água (e não é de hoje). É necessário mudar. Mas o
governo não tem a mínima ideia de como fazer isso.
Prefere correr desesperadamente atrás do que considera uma taxa de
crescimento aceitável eleitoralmente. É a síndrome de 2014. O que importa não é
o futuro do país, mas a permanência no poder.
Na política externa, se é verdade que Patriota não tem os arroubos
juvenis de Amorim, o que é muito positivo, os dez anos de consulado petista
transformaram a Casa de Rio Branco em uma espécie de UNE da terceira idade. A
política externa está em descompasso com as necessidades de um país que
pretende ter papel relevante na cena internacional.
O Itamaraty transformou-se em um ministério marcado por derrotas. A
última foi na Rio+20, quando, até por ser a sede do evento, deveria exercer não
só um papel de protagonista, como também de articulador. A nossa diplomacia
perdeu a capacidade de construir consensos.
Assimilou o “estilo bolivariano”, da retórica panfletária e vazia, e,
algumas vezes, se tornou até caudatária dos caudilhos, como agora na crise
paraguaia.
O governo Dilma parece velho, sem iniciativa. Parodiando o poeta: todo
dia ele faz tudo sempre igual. E saber que nem completou metade do mandato.
Pobre Brasil.”
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