Por Zezinho de Caetés
Ontem, no Blog do Noblat eu li o imortal Merval Pereira,
onde num texto intitulado “A foto de Lula com Maluf”, evita que eu escreva
qualquer coisa sobre a derrocada política e moral de um conterrâneo, o Lula,
porque ele diz tudo.
O Ulysses Guimarães dizia que, “em política, o sujeito não pode estar tão próximo que amanhã não possa
estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar”, e isto
é tomado como um ponto a favor da flexibilidade que deve ter o político no
trato com os seus semelhantes. No entanto, tenho certeza, que em suas ações
como político ele levava em conta certos aspectos éticos que são impossíveis de
desprezar, a não ser que eles não os tivessem nenhum.
E o que diz o texto abaixo mostra apenas a que chegamos na
nossa política de ganhos a qualquer custo, que o Lula tanto criticou um dia, e
agora é o seu maior expoente, voltando a velha máxima de que “em política, o feio é perder”. Para mim,
tanto em política, quanto em qualquer atividade, “o feio é perder a vergonha”.
Mas, apesar de meus dedos estarem coçando para mais teclar,
deixo-os com quem escreve melhor do que eu, o Merval, e nem volto, pois estou quase
morrendo de vergonha.
“A foto que incomodou Luiza Erundina e chocou o país, do ex-presidente
Lula ao lado de Paulo Maluf para fechar um acordo político de apoio ao
candidato petista à prefeitura paulistana (o nome dele pouco importa a essa
altura), é simbólica de um momento muito especial da infalibilidade política de
Lula.
Sua obsessão pela vitória em São Paulo é tamanha que ele não está mais
evitando riscos de contaminação como o que está assumindo com o malufismo,
certo de que tudo pode para manter ou ampliar o seu poder político.
O choque causado por esse movimento radical pouco importará se a
vitória vier em outubro. Mas se sobrevier uma derrota, a foto nos jardins da
mansão daquele que não pode sair do país porque está na lista dos mais
procurados pela Interpol será a marca da decadência política de Lula, que
estará então encerrando um largo ciclo político em que foi considerado
insuperável na estratégia eleitoral.
Até o momento, as alianças políticas com Maluf eram feitas por baixo
dos panos, de maneira envergonhada, como a negociação em que o PSDB paulista
fechava um acordo com o PP em busca de seu 1m30s de tempo de propaganda
eleitoral.
A própria Erundina disse, candidamente, que o que a incomodara foi o
excesso de exposição do acordo partidário.
Maluf, do seu ponto de vista, agiu com a esperteza que sempre o
caracterizou, mas com requintes de crueldade.
Ao exigir que Lula fosse à sua casa para selar o acordo, e chamar a imprensa
para registrar o momento glorioso para ele e infame para grande parte dos
petistas, ele estava se aproveitando da fragilidade momentânea do PT, que tem
um candidato desconhecido que precisa ser exposto ao eleitorado para tentar se
eleger.
Lula, como se esse fosse o último reduto eleitoral que lhe falta
controlar, está fazendo qualquer negócio para viabilizar a candidatura que
inventou.
Já se entregara ao PSD do prefeito Gilberto Kassab, provocando um racha
no PT talvez tão grande quanto o de agora, e acabou levando uma rasteira que já
prenunciava que talvez o rei estivesse nu.
Agora, quem lhe deu a rasteira foi uma dupla irreconciliável, que Lula
tentou colocar no mesmo saco sem nem ao menos ter se dado ao trabalho de
conversar antes: Luiza Erundina, que um dia foi afastada do PT por ter aceitado
um ministério no governo de coalizão nacional de Itamar Franco, agora se afasta
do PT malufista.
E Maluf, que vinha minguando como força política, viu a possibilidade
de recuperar a importância estratégica em São Paulo no pouco mais de um minuto
de televisão que o PP detém por força de lei.
A sucessão de erros políticos que Lula parece vir cometendo nos últimos
meses — a escolha de Haddad, o encontro com Gilmar Mendes, a CPI do Cachoeira,
o acordo com Maluf — só será superada se acontecer o que hoje parece
improvável, uma vitória de Fernando Haddad.
No resto do país, o PT está submetendo os aliados a seus interesses
paulistas, fazendo acordos diversos para garantir em São Paulo uma aliança
viável.
A foto de Lula confraternizando com Maluf tem mais um aspecto terrível
para a biografia do ex-presidente: ela explicita uma maneira de fazer política
que não tem barreiras morais e contagiou toda a política partidária,
deteriorando o que já era podre.
As alianças políticas entre Lula, José Sarney, Fernando Collor e Maluf
colocam no mesmo barco políticos que já estiveram em posições antagônicas
fazendo a História do Brasil, e hoje fazem uma farsa histórica.
Em 1989, José Sarney era presidente da República depois de ter
enfrentado Paulo Maluf no PDS. Ante uma previsível vitória do grupo de Maluf
derrotando o de Mario Andreazza, Sarney rompeu com partido que presidia, ajudou
a fundar a Frente Liberal (PFL) e foi vice de chapa de Tancredo.
Na campanha presidencial da sucessão de Sarney, Lula disse o seguinte
dos hoje aliados Sarney e Maluf: “A Nova República é pior do que a velha,
porque antigamente era o militar que vinha na TV e falava, e hoje o militar não
precisa mais falar porque o Sarney fala pelos militares e os militares falam
pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era
ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem: Adhemar de Barros e Maluf poderiam
ser ladrão (sic), mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o
governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz”.
Na mesma campanha, Collor não deixou por menos: chamou o então
presidente Sarney de “corrupto, incompetente e safado”.
Durante a campanha das Diretas Já ,Lula se referiu assim a Maluf: “O
símbolo da pouca-vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente da
República. Daremos a nossa própria vida para impedir que Paulo Maluf seja
presidente”.
Maluf e Collor tinham a mesma opinião sobre o PT até recentemente. Em
2005, quando Maluf foi preso e Lula festejou, e recebeu a seguinte resposta:
“(..) se ele quiser realmente começar a prender os culpados comece por
Brasília. Tenho certeza de que o número de presos dá a volta no quarteirão, e a
maioria é do partido dele, do PT".
Já em 2006, em plena campanha presidencial marcada pelo mensalão,
Collor disse que foi vítima de um “golpe parlamentar”, do qual teriam
participado José Genoino e José Dirceu, “enterrados até o pescoço no maior
assalto aos cofres públicos já praticado nessa nação”.
E garantiu: “Quadrilha quem montou foi ele (Lula)”, citando ainda Luiz
Gushiken, Antonio Palocci, Paulo Okamotto, Duda Mendonça, Jorge Mattoso e Fábio
Luiz Lula da Silva, o filho do presidente.”
Eu não vejo porque as pessoas se escandalizam tanto, pois Lula para mim, sempre foi um canalha travestido de homem de bem. Hoje,ao apagar das luzes é que se vê que o rei está, e sempre esteve nu.
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