Por Carlos Sena (*)
Sabe por que você ainda não viu
ninguém comemorar o dia do AMOR? – Porque ele não existe nessa configuração. O
comércio não instituiu esse dia, embora possamos vê-lo embutido na forma de dia
das mães, dia dos pais, dia dos
namorados, etc. O DIA DO AMOR não daria lucro e isto seria difícil emplacar
enquanto calendário festivo numa sociedade eminentemente capitalista como a
nossa. A instituição de DIAS DISTO, DIAS DAQUILO se contrapõe com as marchas:
do orgulho gay, das vadias, da maconha, dos jovens com Cristo... Marcha disto
ou daquilo, marcha das putas, marcha das mulheres traídas, dos cornos, das
garotas de programas, dos travecos, das mulheres apenas, da raça negra...
Marcha do fiofó, por que não? Dia dele, (do fiofó), por que não? Marcha dos sem
marcha, também por que não? Dia dos sem fiofó, por que não?
O DIA DO AMOR seria redundante?
Amor pra ser amor precisaria disto? Em que dia o amor se vai se a gente não
sabe quando ele chega? Quando o amor se vai é sempre mais fácil da gente saber
por conta do "estrago" que ele deixa. Por outro lado quando ele chega
a seu momento exato, a gente nunca saberá. O amor invade e fim. É feito o
momento real em que a rosa desabrocha e que a gente não lhe consegue
fotografar. O amor, a despeito do que se diz por aí, está pertinho de nós e a
gente nem sempre o descobre a tempo de regá-lo, contê-lo, senti-lo em seu
perfume que nem mesmo o olfato identifica, mas só o coração tem capacidade de
se enlevar, sorrir, sonhar, ser feliz com ele. Por isto, o amor é esse “gás
nobre” que não se mistura no éter, mas se imiscui no ser daqueles que,
desarmados, vivem a vida sem armaduras, com liberdade para fazer das coisas
simples motivos de sobra pra ser feliz. Quando o amor se vai, ou mesmo quando
completamente ele não se vai, mas apenas de parte, há dores no horizonte que
nos farão sofrer. Talvez por essa pouca capacidade de se materializar em
coisas, em objetos do cotidiano que os sentidos alcançam... Talvez por isto é
que o AMOR não se presta ao sistema capitalista. Dia das mães tem amor. Dos
pais, tem amor. Dos namorados, tem amor... Mas não são o AMOR em sua plenitude
o essencial para que a vida se defina por si, como o sol se define, como a
noite se define, como o tempo se indefine...
O amor! Ah, o amor... "O
amor é um grande laço, um paço pra uma armadilha, tanto engorda quanto mata,
feito desgosto de filha"... Trecho de uma canção imortalizada por Gal, mas
é uma estrofe de Vladimir Mayakovsky, salvo engano... Ah, o amor. Misto do que
sentimos e lhes damos nome com o que nãos entimos e lhes damos identidade. O
amor é mistério que aos homens não lhe foi dado o poder de revelar. Há coisas
entre o céu e a terra ( e o amor é uma delas) que a gente não pode entender,
mas apenas sentir... Ao sentimento tudo cabe, inclusive a falta de
sentimento... Porque senão o mundo seria amarelo enquanto muitos preferem azul,
verde, branco... Outros simplesmente nada preferem... Até que um dia nada vire
tudo e tudo se redefina em cada coisa que se justifique em tudo e nada ao mesmo
tempo...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 09/06/2012
CSENA: - Com tantos dias que você pretende criar, vamos incluir o Dia da MAMA, o Dia do Peito, o Dia da ROSA, o Dia da RACHA, o Dia da RACHADA, o Dia da BUNDA. - Legal, não??
ResponderExcluirE para os que não sabem, há uma candidata à prefeitura de Bom Conselho, de nome MAMA. - É a nossa Cicciolina cabocla. - E eu já decidi: vou votar na MAMA! - A Cicciolina húngara (Elena Anna Staller) foi fazer sucesso na Itália, onde foi parlamentar. - Dedicada às causas da não violência e da liberdade de tudo, principalmente a liberdade sexual etc., Cicciolina ainda hoje faz sucesso. - Por tudo isso, resolvi transferir meu domicílio eleitoral pra Bom Conselho, só pra votar na MAMA. - Há um detalhe: a Cicciolina legítima botava as mamas de fora, durante as campanhas em terra italianas. - E o que fará a nossa Cicciolina de Bom Conselho? - Quero ver a MAMA na prefeitura. E quero ver a MAMA na praça pública. - Comício sem MAMA não é comício. - Comício sem MAMA é lorota de "coronel" de ficha suja. - E haja fichas sujas no meio dos "coronéis". - Já contei uns quatro. - Por enquanto./.
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