Por Zezinho de Caetés
Hoje me valho de um texto publicado em O Globo pelo imortal
Merval Pereira, para comentar um pouco sobre a queda do presidente Lugo no
Paraguai e a atitude equivocada, mais uma vez da diplomacia brasileira, de se
juntar à Unasul, o braço sem petróleo do Chaves no continente, para tentar
intimidar o Congresso paraguaio.
Todos sabemos que, apesar de sua aparência angelical, o
bispo Lugo, está mais para um “barrão
baixeiro” (termo que empregávamos lá em Caetés para designar um daqueles
porcos grandes que cobriam 30 porcas num dia), do que para um santo ou mesmo
para um presidente.
Quis governar sozinho, seguindo Chaves e seu séquito de
esquerd da América Latina, cujo sonho é a derrocada dos Estados Unidos, e se
deu mal. Levou o Paraguai à beira de uma guerra civil que não se concretizou
apenas para assegurar o bordão que tudo que se produz naquele país tem um pouco
de falso. Entretanto, o impeachment foi verdadeiro e o Lugo, prudentemente, o
aceitou, embora continue brigando na Justiça, o que é um decisão mais sensata
do que insuflar as massas contra a atitude congressual.
Aqui no Brasil, nós já vimos este filme na época de Collor.
Penso que as consequências serão as mesmas para o ex-presidente paraguaio. Ou
seja, permanecer na política, tentando se vingar contra aqueles que foram
contra a ele politicamente, até, que se conclua com aqui se concluiu que é tudo
em vão. A história de “golpe parlamentar” é tão furada quanto foi aqui, pois,
quando uma maioria parlamentar se manifesta como nos dois casos, só podemos
admitir que o ditado está certo: “Onde há
fumaça, há fogo.”
A atitude da presidenta em mandar nosso chanceler ir àquele
país para “falar grosso”, hoje soa
ridícula, diante de tanta bagunça que o bispo gerou naquele país. Eu penso que,
para falar grosso hoje pelo PT, o único indicado é o seu candidato a prefeito
aqui pelo Recife. É a voz mais grossa que encontramos, hoje neste partido do
Maluf.
Fiquem como imortal, e que não volto pois vou aproveitar a
crise e visitar o Paraguai, fazer umas compras, declarando-as na alfândega, por
incrível que pareça.
“Embora dentro das normas constitucionais, a deposição do presidente do
Paraguai, Fernando Lugo, pelo Congresso tem claros indícios de que foi o
desfecho de uma disputa política que se desenrola praticamente desde que ele
chegou ao poder, cerca de 4 anos atrás.
Já houvera antes uma tentativa de impeachment quando surgiram as
denúncias sobre os vários filhos do ex-padre católico, dois dos quais ele já
reconheceu. Há outros na fila.
O escândalo sexual não foi suficiente, no entanto, para que os
opositores de Lugo conseguissem levar adiante a tentativa de impeachment, mas a
tragédia recente, em que morreram 11 camponeses de um movimento sem-terra e
seis policiais, fez com que forças políticas majoritárias se unissem para
acusá-lo de “mau desempenho de suas funções”, o que possibilitou o processo de
impeachment.
Os agricultores sem-terra da Liga Nacional de Acampados, que invadem
propriedades e instalam-se em tendas, receberam o aval público de Lugo, que os
recebeu diversas vezes no palácio do governo e na residência presidencial, até
que, em 15 de junho, seis policiais desarmados foram mortos durante a
desocupação de uma fazenda em Curuguaty, a 250km de Assunção.
A reação da polícia provocou a morte de 11 camponeses e a acusação de
perda de controle pelo governo.
Mesmo que a motivação seja política, não é possível classificar de
golpe o que aconteceu no Paraguai, sob pena de darmos razão ao hoje senador
Fernando Collor de Mello que se diz vítima de um “golpe parlamentar”, e que, em
entrevista, já chegou a reivindicar de volta seu mandato presidencial.
O interessante é que Collor foi impedido pelo Congresso brasileiro num
processo que teve a liderança do PT, tanto na atividade parlamentar quanto na
mobilização dos chamados movimentos sociais para apoiar a decisão dos
políticos.
Cassado, Collor foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal por falta
de provas, o que o leva a alegar que foi vítima de um golpe.
É uma incoerência completa, portanto, que o governo brasileiro acuse um
processo congressual de ilegítimo, quando já tivemos essa experiência em nossa
democracia recente.
A ameaça de expulsar o Paraguai do Mercosul, além de revelar uma
leitura equivocada da cláusula democrática da instituição, pode servir aos
interesses da Venezuela, que até agora não foi aceita como membro pleno
justamente porque o Congresso do Paraguai não deu permissão, por considerar que
a Venezuela não é um país democrático.
Essa aliás, é uma outra boa discussão, pois o governo brasileiro aceita
todas as manobras feitas pelo governo de Hugo Chávez na Venezuela, alegando
justamente que elas, ao serem aprovadas pelo Congresso, são, portanto,
legítimas. Lula chegou ao cúmulo de dizer que havia na Venezuela “democracia
demais”.
Todos os governos “bolivarianos” da região — Bolívia, Equador,
Argentina, Nicarágua — já promoveram diversas alterações em suas Constituições
para aumentar o poder dos respectivos presidentes, em golpes seguidos à
democracia, mas utilizando-se de seus próprios instrumentos legais.
Aumentaram a composição da Suprema Corte, criaram obstáculos à
liberdade de expressão, mudaram as regras eleitorais para favorecer o partido
que está no governo, e alegam sempre que as alterações foram feitas com a
aprovação do Congresso.
Mas quando o Congresso decide contra o governante “bolivariano”,
desencadeia-se imediatamente um movimento regional de constrangimento a esses
parlamentos, tentando usar a cláusula democrática como instrumento de pressão.
Agora mesmo, os chanceleres da Unasul foram a Assunção tentar parar o
processo de impeachment de Fernando Lugo, que logo chamaram de golpe. O
chanceler Antonio Patriota foi com a instrução da presidente Dilma para “falar
grosso”.
No caso de Honduras, em 2009, chegou a ser escandalosa a intromissão do
governo brasileiro nos assuntos internos daquele país, a ponto de ter tentado,
com a cumplicidade de Hugo Chávez, criar um fato consumado com o retorno do
presidente deposto Manuel Zelaya ao país, abrigando-o na embaixada brasileira.
De acordo com a Constituição de Honduras, o mandato presidencial tem o prazo
máximo de quatro anos, vedada expressamente a reeleição.
Aquele que violar essa cláusula, ou propuser-lhe a reforma, perderá o
cargo imediatamente, tornando-se inabilitado por dez anos para o exercício de
qualquer função pública.
Foi exatamente o que Zelaya fez, tentando mudar a Constituição através
da convocação de plebiscito. A cláusula pétrea da Constituição de 1982 de
Honduras tinha, justamente, o objetivo de cortar pela raiz a possibilidade de
permanência de um presidente no poder, pondo fim à tradição caudilhesca no
país.
A preocupação tinha sentido: Honduras é o país inspirador do termo
“República de bananas” ou “República bananeira” cunhado pelo escritor americano
O. Henry, pseudônimo de William Sydney Porter, que, no livro de contos curtos
Cabbages and Kings, (Repolhos e Reis) de 1904, usou pela primeira vez a
expressão, que passou a designar um país atrasado e dominado por governos
corruptos e ditatoriais, geralmente na América Central.
O principal produto desses países, a banana, era explorado pela famosa
United Fruit Company, que teve um histórico de intromissões naquela região,
especialmente em Honduras e Guatemala, para financiar governos que
beneficiassem seus interesses econômicos, sempre apoiada pelo governo dos
Estados Unidos.
Mesmo com toda a pressão do governo brasileiro e dos demais países
“bolivarianos”, que conseguiram até mesmo expulsar o país da Organização dos
Estados Americanos (OEA) — como ameaçam fazer agora com o Paraguai, no Mercosul
— Honduras promoveu nova eleição e o presidente Porfirio Lobo está no governo,
já tendo sido reconhecido por todos os demais países e retornado à OEA.
O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo parece estar agindo com mais
bom senso do que os governos da Unasul, aceitando a decisão do Congresso.”
EIS O RETRATO DO PAÍS DOS PETRALHAS: COLLOR DE MELLO FALA EM NOME DO PT NO CONGRESSO NACIONAL; LULA ANDA DE BRAÇOS DADOS COM MALUF; DILMA TOMOU UMA POSIÇÃO DURA CONTRA O PARAGUAI: FAZ TUDO QUE HUGO CHÁVEZ MANDA!!! DAÍ, CONCLUI-SE QUE, UMA DAS INÚMERAS VANTAGENS DE NÃO SER PETISTA É NUNCA SE DECEPCIONAR. INCLUSIVE, JAMAIS SE SURPREENDER...
ResponderExcluirNo Paraguai - regido por leis próprias - é factível o impedimento do presidente num tempo menor que o permitem as leis brasileiras. Qual o problema? quantas vezes o Paraguai se manifestou contra o impedimento do Collor à época? Seria bom que o Brasil esquecesse as vontades do Chavez, entendesse que o Paraguai é independente politicamente e não cabe aos brasileiros interferir naquele país. Falam mal dos EUA por interferir na politica interna dos outros países. Estamos fazendo o mesmo em relação aos nossos vizinhos. PeTralhas tomem vergonha, não se tornem imperialistas como aqueles que vocês tanto combateram.
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